BRASÍLIA — Um dos principais conselheiros do presidente Michel Temer, o secretário-executivo do Programa de Parcerias de Investimentos, Moreira Franco, tem pronta uma carta de demissão, como revelou o colunista Ricardo Noblat. Responsável pelo programa de concessões do governo federal, o ex-governador do Rio passou os últimos dias mais focado na preparação de sua defesa das acusações emergidas dos primeiros documentos da delação da Odebrecht.
Segundo pessoas próximas, Moreira tem se mostrado triste e abatido e decidiu escrever a carta para deixar o presidente à vontade e evitar maiores desgastes ao Planalto. Na proposta de acordo de delação premiada, o ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht, Cláudio Melo Filho, o acusou de ter recebido propina para beneficiar a empreiteira quando era ministro da Aviação Civil do governo da presidente Dilma Rousseff.
A proposta de delação de Cláudio Mello revela denúncias de pagamento de recursos de caixa dois para campanhas eleitorais de diversos políticos do PMDB e integrantes do primeiro escalão do governo federal, como o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, além do presidente do Senado, Renan Calheiros. O próprio presidente Michel Temer é citado. O ex-executivo da empreiteira disse que Temer procurou Marcelo Odebrecht com pedido de R$ 10 milhões. O dinheiro teria sido entregue em espécie no escritório do advogado José Yunes, amigo e assessor especial do presidente Temer, durante a campanha eleitoral de 2014.
Políticos de diferentes partidos, como PT e DEM, como o ex-governador da Bahia e ex-ministro de Lula e Dilma, Jaques Wagner, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, também são citados. A delação ainda depende de homologação do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em nota, Moreira Franco disse estar comprometido com os compromissos do governo:
“Estou dedicado a colaborar no lançamento das medidas microeconômicas e no fortalecimento do programa de concessões. Não abandono lutas quando acredito nelas”, afirmou.
O Globo