Em silêncio eu estava, pois todo início de governo, seja de qualquer esfera, tem um período que todos aguardam ansiosamente: os 100 primeiros dias. Prazo este que se aguarda para saber a que se propõe a nova gestão.
Nesse período, aguarda-se a impressão digital, a implementação de políticas públicas transversais, interdisciplinares, inovadores e os resultados destas medidas, oportunizando a sociedade saber qual a nova marca da gestão. Aguardei este prazo, torcendo, intimamente, para que eu pensava ser certo fosse um julgamento apressado, mas o criado, cópia em escala menor de seu ‘formatador’, não imprimiu avanços, mas, ao que parece, não tem e não terá esta preocupação…
Esqueceu seu plano de governo apresentado por força de lei eleitoral; tudo não passou de mera propaganda politiqueira e digo pelo que vejo, ouço e observo: rasgaram-se suas vãs promessas ludibriando o eleitor – a menor parcela frise-se. Hoje, seu plano de ação, estampado aos quatros cantos, é utilizar o que puder da sofrida máquina municipal para eleger seu criador para o Congresso Nacional. Assim, se houvesse perícia nesta gestão, a impressão datiloscópica coletada seria do ex que continua a ser.
Tal fato foi mais que fielmente demonstrado nas fotos, nas reuniões, tudo fartamente noticiados nas mídias, onde em todos os atos oficiais e até não oficiais do atual gestor de direito, sempre presente estava o criador. Marca-se a gestão daquela do prefeito que nunca deixou de ser, em exercício em seu terceiro mandato. Pasmem juazeirenses, remediando a sombra ofuscante e não oficial na cadeira do paço.
Objetivando ofertar ares de legalidade, criou-se um cargo de assessor com status de secretário, inclusive com poderes para representar o próprio perante outros prefeitos da região, como se próprio fosse, tudo arcado com os poucos recursos dos cofres municipais.
Pare! Tá feio.
O gestor de direito deve definitivamente sentar na cadeira, é dele a responsabilidade e a conta a ser cobrada.
Mas tudo pode piorar, infelizmente. Nestes esforços para fazer caixa, inclusive para contratar diversos assessores de nada para nada, tudo sempre nas costas dos munícipes, veio um duro ataque à população, já sob investigação do Ministério Público: primeiro uma conta de água de péssima qualidade que foi aumentada no calar das luzes pela Câmara Municipal, seguido do também aumento da taxa de esgoto e a cobrança do lixo desta conta, antes cobrada no carnê do IPTU. Mas o SAAE, como autarquia municipal, tem CNPJ e contas bancárias diferentes da do Município, assim, além de continuar a gerenciar a água e esgoto, o que já conta com muitas reclamações, agora o SAAE, também, torna-se uma agência de cobrança da taxa municipal de coleta de lixo, impondo um maior controle na gestão do recurso milionário.
Espero que utilizem com mais transparência, diferente com o que fazem com o que é arrecadado dos usuários do Mercado do Produtor. Tais fatos trazem e impõe uma nova reflexão para que não se torne o SAAE o modelo não republicano que foi a Petrobras e seu exorbitante prejuízo para a Nação, nos últimos anos.
No mais, exceto esta meta “governamental” bem evidenciada e acima narrada como projeto de poder pessoal acordados entre os atuais prefeitos, tudo permanece como dantes no Castelo de Abrantes: cidade abandonada, interior desprezado, continua-se sem espaços públicos para as famílias, exceto para as que podem pagar caro por isso, já na falta de segurança – as taxas de homicídios refletem a desenfreada atividade da narcotraficância alcançando a tudo e a todos, sangrando de morte a sociedade.
Quanto à saúde, continua doente! A gestão não oferece boas condições para o serviço, mesmo com o empenho dos seus servidores. A saúde básica até os casos de maiores complexidades, tudo esquecido, tudo na promessa. Cadê a UPA 2? Respondo: está esquecida com o esqueleto insepulto depositado em terreno baldio onde jaz a fundação.
A Educação está necessitando da efetivação prometida da universalidade do acesso, minimamente, para que haja escola em tempo integral para todas as crianças. E no Desenvolvimento, só tem a utilização de dados maquiados do CAGED, escondendo a realidade e alardeando que é o município que mais cria emprego, afrontando todos aqueles pais e mães de famílias desempregados que aguardam uma chance.
Mas algo funciona e bem: a indústria da publicidade. Essa é excelente. Repete-se mil vezes e torna-se uma verdade para inglês ver, mas que o Juazeiro não ver. A realidade bate à porta com obras fracionadas, inauguração de pedaços de ruas e pinturas… Se for bom, talvez, apenas, para quem vende os fogos de artifício da armada pirotecnia dos factoides do governo.
O sábio sertanejo Patativa do Assaré escreveu um poema chamado Prefeitura sem Prefeito, que assim dizia:
“Nessa vida atroz e dura
Tudo pode acontecer
Muito breve há de se ver
Prefeito sem prefeitura;
Vejo que alguém me censura
E não fica satisfeito
Porém, eu ando sem jeito,
Sem esperança e sem fé,
Por ver no meu Assaré
Prefeitura sem prefeito.”
Nestas bandas, se aqui tudo por acontecer, é por que tem mais prefeito que prefeitura.
Parem! Está feio.
Charles Leão
Delegado de Polícia
Mestrando em Gestão Política e Planejamento Estratégico