É muito provável que o representante do PSB na equipe do presidente Michel Temer, o ministro Fernando Filho (Minas e Energia), esteja com os dias contados no governo. O motivo se deve à decisão, por ampla maioria, da legenda socialista em não respaldar as reformas da Previdência e Trabalhista, propostas por Temer – o que leva inevitavelmente o PSB para a oposição. Com 35 deputados, sendo dois suplentes e dois licenciados, os dois líderes do partido na Câmara, Teresa Cristina (MS), e do Senado, Fernando Bezerra (PE), foram votos vencidos contra o fechamento de questão nas bancadas.
“O partido nunca esteve no governo. Esse governo não nos representa. Fica inviabilizada nossa permanência na base. Quem está lá sem a indicação do PSB, é quem tem que se resolver. É prudente que o Palácio do Planalto comece a contabilizar votos a menos”, disse o vice-presidente de relações governamentais do PSB, Beto Albuquerque.
O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, fez uma analogia das decisões do partido, na atualidade, com o rompimento ao governo Dilma Rousseff a um ano da sua reeleição, em 2013, quando foi lançada a candidatura de Eduardo Campos, morto durante a campanha de 2014.
“Temos procurado ajudar o Brasil a sair da crise, votando a favor das matérias que interessam ao país. Fizemos isso com o Governo Dilma, rompemos e devolvemos dois ministérios. Podemos nos orgulhar de ser o único partido a não trocar votos por cargos”, disse Siqueira, informando que vinham sofrendo muita pressão de sindicatos, da Igreja e entidades de esquerda sobre as reformas.
Sobre as punições aos parlamentares que não cumprirem a decisão e votarem a favor das reformas, Siqueira lembrou que o estatuto prevê de advertência até expulsão, mas fez um apelo para que cumpram a posição da Executiva Nacional.
“Esse partido não é um trem descarrilhado, em que entram sem saber para onde vão. O PSB não solicitou nenhum cargo no governo, não temos sequer um guarda de quarteirão, não consideramos (Fernando Coelho) um ministro do partido. O cargo é do presidente Temer, para ele fazer o que quiser com ele”, disse Siqueira.
Ele criticou as reformas do Governo Temer e disse que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sonhou em acabar com a Era Vargas e não conseguiu, e não seria Michel Temer, “que não teve sequer um voto, que conseguiria esse feito”.
“Punição popular”
“A maior punição aos parlamentares pelo não cumprimento do fechamento de questão virá dos próprios eleitores, se votarem a favor dessas reformas impopulares, que tem a rejeição da maioria da população”, disse Siqueira. Ele confirmou que o recurso que o líder Fernando Bezerra Coelho fará contra a decisão ao Congresso Nacional do partido será inócuo, já que a Executiva nacional deliberou, ao final da reunião, que a próxima reunião desse órgão será nos dias 12, 13 e 14 de outubro. (Com Agências/foto arquivo/Blog do Carlos Brito)