Na sessão desta terça(30) da Casa Zeferino Nunes, o presidente do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável (CMDRS) de Lagoa Grande(PE) Francisco Gomes, usou a tribuna para trazer a tona a preocupação sobre o recebimento de quase 700 mil reais recebidos até o mês de Abril pela prefeitura municipal oriundos da Unidade de Conservação do Tatu Bola.
O presidente chamou atenção dos vereadores para um fato que causando preocupação dos agricultores do interior do município, o Decreto Estadual nº 41.546 de março de 2015 da Unidade de Conservação e Refúgio da Vida Silvestre do Tatu Bola e que foi debatido e paralisado até o ano 2015 com muitas manifestações contra ao governo do estado e a implantação do decreto nos municípios de Lagoa Grande, Santa Maria da Boa Vista e Petrolina.
A ideia de criar uma Unidade de Conservação na área nasceu em 2013 ganhou forma nas mãos do biólogo José Alves Siqueira Filho, que preside o Centro de Referência para Recuperação de Áreas Degradadas(CRAD), da Universidade do Vale do São Francisco (Univasf).
“Pra nossa surpresa esse ano ele voltou a tona, com muito mais gravidade, porque no passado houve discursão, mas não houve o que tá havendo agora, dinheiro em conta de prefeitura”, disse Francisco Gomes.
De acordo Francisco existe em grande volume de recursos nas contas das prefeituras envolvidas na unidade de conservação, sendo que além de Lagoa Grande está com a maior área, Petrolina e Santa Maria da Boa Vista também estão incluídas no projeto.
“Não tenho dúvida que deve ter havido um acordo por debaixo do pano na calada da madrugada para vender a terra do município, isso é uma venda”, disparou Francisco.
O presidente disse na qualidade de representante do CMDRS e do Movimento Sindical é favorável a preservação ambiental, sendo que se posiciona contrário ao modelo da unidade de conservação no estudo desenvolvimento pela Univasf.
“Nós fomos e seremos contrários até o fim com esse modelo,(…) é grave porque o dinheiro tá na conta da prefeitura, chama-se o come quieto, caladinho, e o diretor da Agencia de Meio Ambiente que era o vice prefeito se empolgou-se todinho pra ir, parece que já pensava em fazer oposição, agora tá lá caladinho”, afirma o presidente.
Ele criticou duramente a postura do diretor da ADMA – Agencia de Desenvolvimento e Meio Ambiente Roque Cagliari, dizendo que o mesmo não estava preocupado com o município.
Francisco Gomes ao pedir apoio aos vereadores, disse ter recebido esses dias vários telefonemas de lideranças do interior do município que serão afetadas, questionando quais são as providências que estão sendo tomadas pelo CMDRS.
“Nós temos recebido telefonemas esses dias de diversas lideranças do município, de diversas pessoas que são atingidas diretamente perguntando o que é que nós vamos fazer e quando é, só que estamos pedindo apoio aos senhores vereadores da oposição e situação para que aquelas pessoas não percam suas terras”, disse Francisco.
Diante do modelo imposto através do decreto do governo do estado, o presidente do CMDRS criticou o governo do estado e os prefeitos por estarem tirando o direito dos agricultores e proprietário de terras.
“Ele não tem mais autoridade para cercar sua terra, para desmatar, para trabalhar, para criar o bode, ele sai simplesmente da situação e cidadão para ser criminoso, é isso que o governo do estado e os prefeitos estão fazendo”, disparou Francisco Gomes.
Ao todo, os três municípios de Lagoa Grande, Santa Maria da Boa Vista e Petrolina totalizam uma área de 110 mil hectares para a reserva, sendo que a reserva terá sua maior área em Lagoa Grande com 55 mil hectares.
O presidente do CMDRS deu uma outra informação que preocupante em relação ao volume de recursos que ainda entrarão nos cofres das três prefeituras.
“A informação que a gente teve também da secretaria, de membros do Conselho de meio ambiente do estado, é que se tá entrando só esse valor é pouco, vai ser 600 mil/mês”, informou Francisco.
Com isso, Francisco Gomes deixou uma alerta:
“Prefeito não pode ver dinheiro. Agora chamo atenção porque nós dos movimentos sociais não podemos nos responsabilizar do que pode ocorrer de agora em diante, o que o povo pode fazer com os órgãos públicos não, nós não temos nenhuma responsabilidade sobre isso”, alertou Francisco.
Como dirigente sindical e presidente do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável, disse estar pronto para lutar contra ao projeto da reserva no modelo imposto e que irá lutar até o fim.
De acordo com o presidente Francisco Gomes, reuniões já estão acontecendo em Recife e que nos próximos dias algumas providências estarão sendo tomadas em conjunto com os Movimentos Sociais.
Entre as localidades que serão envolvidas diretamente com a reserva estão: Sitio Belém; Sitio Morro; assentamento Morro do Mel; assentamento Lagoa das Baraúna; assentamento Caraíbas; assentamento Pocinhos; assentamento Panelas; assentamento Baixa do Juazeiro; São Mateus; Caldeirãozinho; Queimada Grande Barreiro Branco; Barra Bonita; Ribeira; Tanque Novo e Sitio Tanque, entre outras.