“A ficha vai cair”, afirma senador Fernando Bezerra, em resposta a PMDB de Pernambuco

Plenário do Senado durante sessão não deliberativa. Em discurso, senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE). Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado
Plenário do Senado durante sessão não deliberativa.
Em discurso, senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE).
Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

“O alarido (falatório) provocado pelas vozes dos que hoje me criticam vai passar muito rapidamente. Este estilo de fazer política já foi derrotado muitas vezes pelos pernambucanos. Sei que alguns têm direito e legitimidade para expressar suas opiniões; mas, também sei que outros fazem o jogo dos detentores do poder, alimentados por cargos e posições, por promessas que sistematicamente vêm sendo quebradas e não honradas. A ficha vai cair!”, ressaltou Fernando Bezerra Coelho (PMDB-PE), nesta tarde (13), na Tribuna do Senado. O pronunciamento foi uma resposta do senador a recentes declarações feitas pelo deputado Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) e por outros integrantes da sigla, em Pernambuco. Tal posicionamento ocorre uma semana depois de Fernando Bezerra filiar-se ao PMDB a convite de dirigentes do partido – entre eles, os senadores Romero Jucá (PMDB-RR), presidente nacional da sigla, e Eunício Oliveira (PMDB-CE), presidente do Senado – e com o apoio expressivo da bancada do PMDB no Congresso Nacional, além do presidente Michel Temer e de lideranças de diferentes partidos, como o senador Armando Monteiro (PTB-PE) e o ministro Bruno Araújo (PSDB-PE).

Durante 11 minutos, Fernando Bezerra Coelho relembrou os 35 anos de sua respeitada trajetória pública, dando destaque aos 11 anos de militância dele no PMDB (de 1986 a 1997) e repelindo as agressões sofridas nos últimos dias por políticos pernambucanos. “Agressões dos que, não tendo argumentos, buscam macular nossas atitudes com o objetivo de distorcer e criar uma narrativa que justifique seus próprios erros e equívocos políticos”, rechaçou o vice-líder do governo no Senado. Ao destacar que desde 1982 serve a Pernambuco e ao país – como deputado estadual, deputado federal por duas vezes, prefeito de Petrolina por três vezes e senador – Bezerra Coelho ressaltou: “Nunca traí os meus compromissos com a minha terra, nunca fiz política agredindo ou denegrindo quem quer que seja. Diferentemente dos que me atacam, famosos pela verborragia”.  E completou: “A verdade é que nunca hesitei em fazer escolhas e por elas sempre fui julgado por quem e para quem devo prestar contas: o povo da minha terra e do meu estado”.

Com veemência, o senador negou as recentes declarações de Jarbas Vasconcelos e afirmou que a construção da saída dele do PSB para o PMDB foi devidamente comunicada e acompanhada pelo deputado federal. “Não fiz nada às escondidas. Não me convidei, fui convidado. Apresentei uma proposta e um plano de ação política. Busquei o diálogo, avisei sobre as minhas decisões, não surpreendi ninguém”, disse.

Fernando Bezerra reforçou que Jarbas Vasconcelos foi informado pela Direção Nacional do PMDB sobre as propostas dele. “E eu fui comunicado da concordância de Jarbas. Falei, nos últimos dias, duas vezes com o deputado. Uma, pessoalmente, solicitando uma reunião para encaminharmos um entendimento. A reunião foi marcada e posteriormente, por telefone, ele desmarcou. Na sequência, avisei ao deputado sobre a minha decisão de filiar-me ao PMDB em Brasília, o mesmo me cumprimentou e remarcou o nosso encontro. Nenhuma palavra em sentido contrário ou qualquer ponderação”, relatou o senador. “O tempo se encarregará de revelar as razões para atitudes tão contraditórias em um espaço de tempo tão curto”, pontuou o vice-líder do governo.

PROJETO NACIONAL – Fernando Bezerra Coelho também destacou a fidelidade dele ao projeto nacional liderado pelo presidente Michel Temer, desde o momento em que posicionou-se e votou favorável ao impeachment de Dilma Rousseff. “Não tenho duas caras ou posição dúbia”, disse. E questionou políticos que, embora no PMDB (partido do presidente), colocam-se contrários aos projetos coordenados por Temer, que, na avaliação do senador, está conseguindo retirar o país da recessão, avançar nas reformas e criar condições para a volta do emprego e do crescimento.

“Fácil falar de barganhas políticas a nível federal com o objetivo de atingir as pessoas. Mas, não reconhecer as mesmas barganhas a nível estadual é uma tremenda incoerência ou cinismo. Será que são as secretarias e órgãos estaduais que explicam a flexibilidade do deputado Jarbas Vasconcelos em aceitar alianças políticas que até as eleições passadas condenava?”, questionou Fernando Bezerra. “Não quero julgar, o deputado tem direito de rever suas posições, mas a boa educação política exige que se respeite o posicionamento dos outros”, acrescentou.

O senador também destacou a reforma política em discussão no Congresso Nacional. “A reforma que pregamos é para oferecer mais transparência, mais legitimidade e, sobretudo, coerência na prática política dos partidos. O que defendo em Pernambuco é o que defendo em Brasília. Partido nenhum pode se prestar a ser instrumento de interesses familiares; mas, também é verdade que ninguém, por mais meritórias que sejam as trajetórias, podem se considerar donos de partidos. Neste particular, é importante frisar que não basta ter sobrenome para vencer na política. É preciso vocação, preparo, proposta e muito trabalho. Mas é fundamental ter votos. Alguns líderes fracassam ao tentar eleger seus filhos”, observou Bezerra Coelho.

CONJUNTURA ESTADUAL – Em relação à saída do Partido Socialista Brasileiro – no qual militou durante 12 anos, desligando-se no último dia 5 – o senador destacou que carrega a honra de ter sido convidado por Miguel Arraes a regressar ao PSB e ajudar na construção da frente política que elegeu Eduardo Campos, em 2006. “Esta trajetória merece respeito”, disse. E lembrou: “Eduardo Campos, quando indagado sobre a candidatura dele à Presidência da República, por um campo político diferente do qual tinha participado, afirmou: “porque você apoiou, você não está condenado a apoiar quando você já não acredita, quando você já não se vê, não se representa naquele governo”.

Sobre a atual gestão do estado, Fernando Bezerra Coelho reforçou: “Tenho a consciência tranquila que busquei participar do projeto que apresentamos aos pernambucanos, em 2014. Não me foi dado o direito de colaborar e ajudar”. E emendou: “Erros administrativos e, sobretudo, políticos, vêm se acumulando em Pernambuco. Não tenho receio dos embates que haveremos de enfrentar”.

Ao finalizar o pronunciamento na Tribuna, o senador ratificou a confiança dele na construção e no sucesso de uma “grande frente política” liderada pelo PMDB em nível nacional e também em Pernambuco. “Acredito nos pernambucanos e estou certo que haveremos de construir um novo tempo”, concluiu.

Confira a íntegra do pronunciamento feito por Fernando Bezerra Coelho, nesta tarde, na Tribuna do Senado:

 “Senhor presidente, senhoras e senhores Senadores,

Venho a esta tribuna para, em respeito aos pernambucanos que me honraram com a confiança de representar o nosso estado no Senado Federal, responder e rechaçar as agressões do deputado Jarbas Vasconcelos, as quais buscam confundir com meias verdades, numa tentativa vã, de denegrir a minha trajetória política e a minha decisão em aceitar o convite da Direção Nacional para retornar aos quadros do PMDB, partido que militei por mais de 11 anos e pelo qual tive o privilégio de participar da Assembleia Nacional Constituinte, presidida pelo doutor Ulisses Guimarães, que muito me honrou com o seu apoio e presença no início da campanha de minha primeira eleição para prefeito de Petrolina.

Tenho orgulho das minhas origens, da minha trajetória, das minhas lutas, das derrotas e das muitas vitórias que pude celebrar com o apoio do povo de Pernambuco. De 1982 até aqui, servi ao meu estado como Deputado Estadual, Federal por duas vezes, três vezes prefeito de Petrolina, e hoje, Senador.

Nunca traí os meus compromissos com a minha terra, nunca fiz política agredindo ou denegrindo quem quer que seja. Diferentemente dos que me atacam, famosos pela verborragia. A verdade é que nunca hesitei em fazer escolhas e por elas sempre fui julgado por quem e para quem devo prestar contas: o povo da minha terra e do meu estado.

De 1986 a 2014, participei de todas as eleições majoritárias em meu estado, sempre pela Frente Popular de Pernambuco, com exceção das eleições de 2002. Estivemos presentes nas chapas majoritárias em três ocasiões. Com meu pai, Paulo Coelho, em 1990 como vice-governador; eu próprio fui companheiro de chapa de Miguel Arraes em 1998; e na última eleição, como candidato ao Senado. Difícil contestar tamanha coerência na cena política pernambucana.

No período em que fui filiado ao PPS, entre 1999 e 2005, disputei e venci duas eleições para prefeito de Petrolina, enfrentando nas duas ocasiões, candidatos apoiados pelo então Governador Jarbas Vasconcelos e pelo Ex-Governador Miguel Arraes. Mas aqui registro, Arraes nunca subiu em palanque para pedir votos contra a minha pessoa. Não só pela amizade e respeito que construímos, mas também pela amizade com a minha família que vem do meu avô Fernando Bezerra, que o ajudou a se eleger Deputado Estadual pela primeira vez, assim como pela amizade com meu pai que lhe apoiou para Governador em 1962.

Carrego comigo a honra de ter sido convidado por Arraes a regressar ao PSB e ajudar na construção da frente política que elegeu Eduardo Campos em 2006.

Essa trajetória merece respeito. Repilo as agressões dos que não tendo argumentos, buscam macular nossas atitudes com o objetivo de distorcer e criar uma narrativa que justifique seus próprios erros e equívocos políticos.

Eduardo Campos, quando indagado sobre sua candidatura à Presidência da República, por um campo político diferente do qual tinha participado, afirmou: “porque você apoiou, você não está condenado a apoiar quando você já não acredita, quando você já não se vê, não se representa naquele governo”.

Tenho a consciência tranquila que busquei participar do projeto que apresentamos aos pernambucanos em 2014. Não me foi dado o direito de colaborar e ajudar. Erros administrativos e, sobretudo, políticos, vêm se acumulando em Pernambuco. Não tenho receio dos embates que haveremos de enfrentar. Fiz a opção de dar consequência ao voto a favor do impeachment, apoiando verdadeiramente o Governo de transição do Presidente Michel Temer. Não tenho duas caras ou posição dúbia. Como justificar o apoio a um governo estadual cujo maior mote é denunciar o palanque da frente das oposições que se articula como sendo um palanque do Presidente Temer? Como conciliar o discurso em Brasília com as falas ácidas e críticas ao governo federal que são feitas em Pernambuco? Apesar das enormes dificuldades, o governo do presidente Michel Temer está conseguindo retirar o país da recessão, avançando nas reformas e criando condições para a volta do emprego e do crescimento.

Fácil falar de barganhas políticas a nível federal com o objetivo de atingir as pessoas. Mas não reconhecer as mesmas barganhas a nível estadual é uma tremenda incoerência ou cinismo. Será que são as secretarias e órgãos estaduais que explicam a flexibilidade do Deputado Jarbas Vasconcelos em aceitar alianças políticas que até as eleições passadas condenava? Não quero julgar, o deputado tem direito de rever suas posições, mas a boa educação política exige que se respeite o posicionamento dos outros.              

A reforma política que pregamos é para oferecer mais transparência, mais legitimidade e, sobretudo, coerência na prática política dos partidos. O que defendo em Pernambuco é o que defendo em Brasília. Partido nenhum pode se prestar a ser instrumento de interesses familiares, mas também é verdade que ninguém, por mais meritórias que sejam as trajetórias, podem se considerar donos de partidos. Neste particular, é importante frisar que não basta ter sobrenome para vencer na política. É preciso vocação, preparo, proposta e muito trabalho. Mas é fundamental ter votos. Alguns líderes fracassam ao tentar eleger seus filhos.

O deputado Jarbas Vasconcelos foi informado pela Direção Nacional do PMDB das minhas propostas. Fui comunicado da sua concordância. Falei nos últimos dias duas vezes com o deputado. Uma pessoalmente, solicitando uma reunião para encaminharmos um entendimento. A reunião foi marcada. Por telefone ele desmarcou. Na sequência, avisei ao Deputado da minha decisão de filiar-me ao PMDB em Brasília, o mesmo me cumprimentou e remarcou o nosso encontro. Nenhuma palavra em sentido contrário ou de qualquer ponderação. O tempo se encarregará de revelar as razões para atitudes tão contraditórias em um espaço de tempo tão curto.

O alarido provocado pelas vozes dos que hoje me criticam vai passar muito rapidamente! Este estilo de fazer política já foi derrotado muitas vezes pelos pernambucanos! Sei que alguns têm direito e legitimidade para expressar suas opiniões, mas também sei que outros fazem o jogo dos detentores do poder, alimentados por cargos e posições, por promessas que sistematicamente vem sendo quebradas e não honradas! A ficha vai cair! Teremos a oportunidade de trabalhar com muitos que hoje fazem o PMDB em todas as regiões do estado. Agradeço as manifestações que venho recebendo de diversos companheiros.

Não fiz nada às escondidas. Não me convidei, fui convidado. Apresentei uma proposta e um plano de ação política. Busquei o diálogo, avisei das minhas decisões, não surpreendi ninguém.

Estou pronto para uma nova caminhada. Não será fácil. Não me faltará animo e disposição. Acredito que seremos capazes de construir uma grande frente política. Acredito que o PMDB estará pronto para liderar esse novo projeto. Acredito nos pernambucanos e estou certo que haveremos de construir um novo tempo.

Muito obrigado.”

 

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