Após uma queda de braço partidária, o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, pediu nesta quarta-feira (25) a desfiliação do Partido Socialista Brasileiro (PSB). Aliado do presidente Michel Temer, Coelho Filho faz parte do grupo de dissidentes do PSB que se recusava a fazer oposição ao governo federal, contrariando orientação da cúpula da legenda.
Fernando Coelho Filho foi indicado para o comando do Ministério de Minas e Energia na cota reservada ao PSB no momento em que Temer montou seu governo após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
No entanto, desde que veio à tona o conteúdo das delações de executivos do grupo J&F, o PSB adotou postura de oposição ao governo federal e recomendou que os parlamentares da legenda seguissem essa orientação.
Apesar de o PSB ter decidido desembarcar da base aliada de Temer no Congresso Nacional, o ministro de Minas e Energia se insurgiu contra a direção do PSB e decidiu permanecer à frente da pasta.
A disputa entre a direção do PSB e a ala governista se estendeu por meses. Na semana passada, a crise interna se intensificou com a destituição da líder do partido na Câmara, deputada Tereza Cristina (MS), que é alinhada ao Palácio do Planalto e vinha manobrando para garantir votos do PSB a Temer na análise da denúncia de organização criminosa e obstrução de Justiça.
Opositor de Temer, o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) conseguiu obter assinaturas suficientes dentro da bancada socialista para retirar Tereza Cristina da liderança do partido e assumir o posto. Tão logo assumiu o comando da sigla, Delgado trocou na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dois deputados do PSB que iriam votar no colegiado a favor de Temer.
No mês passado, o senador Fernando Bezerra Coelho (PE) – pai do ministro de Minas e Energia – já havia pedido sua desfiliação do PSB, transferindo-se para o PMDB de Temer.
Os parlamentares do PSB insatisfeitos com a posição oficial do partido, que passou a fazer oposição a Temer, foram disputados nos últimos meses pelo PMDB e pelo DEM. O assédio dos dois partidos aos dissidentes do PSB chegou a geral um mal-estar entre Temer e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
O deputado fluminense acusava aliados próximos do presidente da República de estarem sendo desleais e tentando atrair os insatisfeitos do PSB para o PMDB atropelando as negociações que estavam sendo articuladas para convencê-los a migrar para o DEM.
Debandada do PSB
Derrotados pela corrente oposicionista na batalha partidária, quatro deputados aliados do presidente da República deixaram o PSB nesta terça (24):
- Adilton Sachetti (MT)
- Danilo Forte (CE)
- Fábio Garcia (MT)
- Tereza Cristina (MS)
A saída do ministro e dos deputados foi fruto de um acordo para evitar um desgaste maior, já que eles respondiam a um processo disciplinar na sigla por terem votado a favor da reforma trabalhista e corriam risco de expulsão.
Com a desfiliação dos quatro deputados e do ministro de Minas e Energia, a reunião do diretório nacional que decidiria sobre a expulsão do grupo de governistas, que seria feita ainda nesta semana, foi cancelada.
De acordo com a assessoria de imprensa do PSB, o partido não vai reivindicar o mandato dos deputados e apresentou uma carta para atestar que o desligamento é fruto de incompatibilidade política, ideológica e programática.
Pela legislação eleitoral, um político com cargo eletivo pode ser enquadrado na lei de infidelidade partidária e perder o mandato se mudar de legenda fora da chamada “janela partidária”, aberta somente a seis de meses de uma eleição, com duração de um mês.
A lei, no entanto, permite a mudança de partido em algumas situações, como divergir ideologicamente da legenda.
(G1)