Alta no preço do botijão por Temer, faz pobre trocarem gás por lenha

Maria Lúcia da Silva e Weverton dos Santos vivem com os dois filhos em favela em Maceió; ao lado, a grelha improvisada

247 – A  população mais pobre sente os efeitos das sucessivas altas no preço do gás de cozinha. Para cozinhar, muitos abdicaram do botijão de gás e voltaram a usar lenha. É o caso do casal Maria Lúcia da Silva, 50, e Weverton dos Santos, 30, da favela Sururu de Capote, em Maceió (AL). Há mais de um mês, eles não compram um botijão de gás, que custa R$ 70. “E já mandaram avisar que vai subir para R$ 80. Eu não tenho opção: ou compro o gás, ou a comida”, conta Santos, que é catador de latinhas e não tem renda mensal fixa, segundo reportagem do UOL.

Com o aumento de 4,5% no botijão de 13 kg ocorrido no último dia 4, o reajuste acumulado desde junho, quando a Petrobras mudou a política de preços do gás, é de 54%  A favela Sururu de Capote reúne pescadores às margens da lagoa Mundaú e é marcada pela miséria: sem esgoto, com energia elétrica improvisada e barracos normalmente feitos de papelão, madeira ou lona. Poucas moradias são de tijolos, pois a área é invadida.

Por conta da alta nos preços, dezenas de famílias hoje catam madeira para usar como lenha. “É difícil demais, um sofrimento grande. Um fogão faz falta”, diz Maria Lúcia. Até o meio do ano, a família conseguia comprar um botijão a cada três meses pelo menos. O fogo a lenha era usado, mas apenas quando o botijão acabava e o dinheiro estava curto.

Para muitas pessoas dessa comunidade, um botijão representa metade da renda – cerca de R$ 150 per capita. “Eu uso o fogão só para esquentar uma coisa, cozinhar algo rápido. Para fazer feijão, coisa que demora mais, já estou usado lenha. E não vou conseguir comprar mais botijão daqui para a frente”, conta a beneficiária do Bolsa Família, que recebe R$ 164 por mês e mora na favela com as duas netas.

O Sindigás (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo) disse que não iria dar entrevistas sobre reajuste de preço nem sobre uso de lenha causado pela alta dos preços. Segundo a entidade, existem hoje 99 milhões de botijões em circulação em todo o país. Por dia 1,5 milhão de botijões são adquiridos pelos consumidores.

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