Andrei Meireles – Blog Os Divergentes
Por expressa determinação constitucional, aos militares são proibidas a sindicalização e a greve. Seriam direitos excessivos para quem já detém o monopólio como força armada. Em público, as diversas associações militares e até movimentos protagonizados por suas mulheres lutam por suas reivindicações salariais e outros benefícios. Nos bastidores, são os comandantes militares que defendem esses pleitos, nem sempre de forma satisfatória para suas tropas.
Daí o nicho eleitoral para candidatos com a bandeira de melhoria de vida para os militares. O mais bem sucedido é Jair Bolsonaro, um barulhento sindicalista em toda a sua carreira política. Um papel difícil de desencarnar. Nessas primeiras semanas como presidente da República, quando a prioridade é a reforma da Previdência, ele continua puxando a brasa para a sardinha militar.
Bolsonaro nem precisa falar. A cada passagem de bastão nas Forças Armadas, os novos comandantes batem na mesma tecla: por causas de suas especifidades, os militares devem ser excluídos da reforma da Previdência. Não parecem se importar com o fato de ser justamente aí a maior elevação do deficit previdenciário, com a impressionante subida entre 2017 e 2018 de 12,85% — um rombo que em um ano cresceu de R$ 35,9 bilhões para R$40,5 bilhões.