Problemas no abastecimento d’água e saneamento não são uma exclusividade dos petrolinenses. Em Lagoa Grande (PE), Sertão do São Francisco, os transtornos nesse setor enfrentados diariamente pela população parecem não ter mais fim. Um dos críticos da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) na cidade, o vereador oposicionista Carlinhos Ramos avalia a situação como “um grande descaso e desrespeito”.
Ele conta que, como se não bastasse a cidade ser submetida a um sistema ineficaz de rodízio, as comunidades da zona rural ainda sofrem muito mais na pele. É o caso do Distrito de Vermelhos, localizado praticamente às margens do Rio São Francisco.
Segundo Carlinhos, a bomba que capta água até as residências dos moradores quebrou, deixando a comunidade no sufoco há mais de uma semana. “Além da Compesa não ter uma bomba-reserva, a bomba que é utilizada foi levada para Petrolina e, até ontem no final da tarde, o distrito estava sem água. O pior é que a maioria da população de Vermelhos trabalha na agricultura irrigada, em empresas e fazendas. As pessoas acordam para trabalhar e não têm água para tomar banho. Quando retornam, no final da tarde, também não”, lamentou.
Por conta do problema, o vereador afirmou que vários moradores de Vermelhos, pela proximidade do distrito para o rio, estão indo se banhar estão indo se banhar às margens do São Francisco. “Já está acontecendo nesses últimos dias até congestionamento de carros, bicicletas e pessoas para pegar água no rio”, contou.
Mas não parou por aí. O vereador informou que após a Compesa realizar a manutenção na bomba, o equipamento parou novamente de funcionar por volta das 10h de hoje (14) – menos de 24 horas depois. “Um mau serviço de assistência técnica de uma empresa do porte da Compesa, o que mostra um descaso do governo do Estado com a população de Vermelhos. Mas as contas não param de chegar. O serviço pode ser ineficiente, mas a cobrança é de uma eficiência sem igual”, desabafa.
Audiência
Carlinhos sugeriu ao prefeito Vilmar Cappellaro adquirir uma nova bomba para Vermelhos e depois fazer um encontro de contas com a Compesa, já que a empresa não consegue resolver esse problema. Segundo ele, o desconto se daria na cobrança das próprias contas dos prédios públicos do município. “O que não pode é a população ficar penando nessa situação, que realmente é lamentável”, disse. Outro item criticado é o rodízio no abastecimento. Segundo o vereador, é injustificável Lagoa Grande, que fica a 5 km do rio, passar por esse sistema, que garante quatro dias de água na cidade, para dois dias sem. Mas o vereador afirma que há comunidades que chegam a ficar uma semana sem o líquido nas torneiras.
Em relação ao esgotamento sanitário, apenas dois bairros (Morada Nova e Chafariz) são de responsabilidade da Compesa. Mesmo assim, o cenário não é menos caótico. “Quando a rede precisa de manutenção, é preciso uma equipe vir de Petrolina, porque os funcionários que trabalham lá, só trabalham com abastecimento d’água”, explicou. Tantos problemas fizeram até as bancadas de situação e oposição se unirem para buscar soluções.
O vereador Fernando Angelim, que representa a comunidade de Vermelhos, entrou com requerimento na casa legislativa solicitando uma audiência pública sobre o tema, cuja data ainda será marcada. Carlinhos já adiantou que a iniciativa terá respaldo da oposição. Mas ele espera que dessa vez a população compareça para reforçar as reivindicações, já que em 2016 a Câmara Municipal tinha feito uma audiência semelhante sobre a Compesa, mas a participação popular não foi a esperada. Sobre a demanda de Vermelhos, a reportagem entrará em contato com a assessoria da empresa.(Blog do Carlos Britto)