Incêndio na catedral de Notre-Dame consome 859 anos de história em Paris

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Foi em meio à comoção mundial provocada por um incêndio devastador, que destruiu parcialmente a catedral medieval que é um dos símbolos de Paris, além de um tesouro para a história da arte, que o presidente da França, Emmanuel Macron, prometeu: “Vamos reconstruir a Notre-Dame”. Ainda enquanto os bombeiros lutavam contra as chamas, empenhados em salvar o inestimável patrimônio cultural presente no edifício, Macron admitiu que estavam pela frente “horas muito difíceis”, mas celebrou as notícias do fim da noite: a estrutura principal, parte dela datada do século 13, estava salva, assim a fachada imponente e duas das torres, embora a principal delas tenha ruído. “O pior foi evitado, mesmo se a batalha ainda não foi completamente vencida”, disse o presidente, visivelmente abalado, depois de cumprimentar os bombeiros e anunciar que “os maiores talentos” da França serão convocados para a restauração.

O fogo irrompeu por volta das 18h50 locais (15h50 em Brasília), e se espalhou rapidamente pela estrutura superior da igreja de quase mil anos de idade. O comandante da brigada de incêndio de Paris, Jean-Claude Gallet, temia pele campanário norte. “Se ele desmoronar, você pode imaginar o tamanho dos danos”, afirmou. Dos pontos mais elevados e das margens do Rio Sena, moradores e turistas assistiram às chamas devorando o teto e lançando uma espessa camada de fumaça amarelada da Île de la Cité, berço da capital francesa, por toda a região central. “Paris está desfigurada. A cidade nunca voltará a ser como antes”, lamentava Philippe, francês de 30 anos.
“É uma loucura! Não posso acreditar, vou chorar”, disse à agência de notícias France-Presse Nathalie, 50. “É inacreditável! Parte de nossa história está desaparecendo”,  desconsolava-se Benoît, 42. Uma parte da Île de la Cité foi interditada pela polícia, que pediu ao público que evitasse a região e deixasse a passagem livre para as viaturas dos bombeiros e das equipes de resgate. A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, reforçou pelo Twitter o apelo das autoridades e lamentou o “terrível incêndio”. A Unesco, agência cultural da ONU, que tem sede na capital francesa, se uniu a líderes internacionais nas manifestações de pesar e solidariedade (leia abaixo).

Turistas

A Catedral de Notre Dame, que recebe cerca de 13 milhões de visitantes por ano, é o monumento histórico mais frequentado da Europa. Pouco antes das 23h (18h em Brasília), centenas de pessoas se reuniram para rezar na ponte Pont aux Changes, em frente ao monumento ainda fumegante. “Estou muito triste”, confessou Stéphane Seigneurie, consultor de 52 anos. “Desde que moro em Paris, esse é um ponto de referência. Venho com frequência. É um lugar extraordinário, que se mistura com a história da França.”
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Sam Ogden, 50, tinha chegado de Londres na segunda-feira com a mãe, o marido e os filhos adolescentes. A família britânica viajou a Paris especificamente para ver Notre-Dame, como parte de uma sequência de visitas a locais históricos. “Isso é realmente triste, a coisa mais triste que presenciei na minha vida”, contou Sam. Sua mãe, Mary Huxtable, 73, chorava pela oportunidade perdida: “A catedral estava na lista dos monumentos que eu queria ver”.
O sentimento era quase o mesmo com outra família londrina, que tinha planejado visitar Notre-Dame ontem, mas decidiu de última hora mudar a programação e ir à Torre Eiffel. “É devastador”, resumiu Nathalie Cadwallader, 42, que tinha chegado a Paris dois dias antes, com o marido e os dois filhos, para passar uma semana. “É horrível que isso esteja acontecendo.”
Às margens do Sena, a multidão aglomerada assistia às cinzas caindo e fotografava as cenas com telefones celulares. Um pai mostrava a igreja medieval em chamas para a filha de cerca de 10 anos de idade. “Tem mil anos”, explicava.

“Notre-Dame de Paris, presa das chamas, dor de toda uma nação”

Emmanuel Macron, presiente da França

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