A comissão do Congresso que analisa a medida provisória da reforma administrativa tomou a decisão, nesta quinta (9), de tirar o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) da pasta da Justiça, transferindo-a para o Ministério da Economia, imprimindo uma derrota do governo Bolsonaro. Em entrevista à Rádio Folha (FM 96,7), nesta sexta (10), o líder do PT no Senado, Humberto Costa avaliou a decisão como uma mensagem do Congresso ao governo.
“Acho que é um recado muito forte não só para sergio moro, mas para o governo de jair Bolsonaro”, avaliou o parlamentar. Segundo ele, a postura do chamado ‘centrão’ nessa derrota indica a tentativa de negociar posições dentro do governo. “O centrão vende a dificuldade para depois oferecer a facilidade. O que pode acontecer agora é que tendo criado a dificuldade possa ter participação maior no governo”, previu.
O senador não poupou críticas duras ao ex-juiz e ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro. Para Humberto, os congressistas impuseram uma derrota ao ministro em sinal de aviso. “O recado é que ele não vai poder agir de forma arbitrária e ilegal como ele agiu noi periodo em que foi juiz. Na verdade ele quer se tornar o personagem principal de um governo policial”, disse.
De acordo com o petista, a decisão de colocar o Coaf na pasta da Economia foi acertada. “O objetivo de órgãos como esse não é estar fazendo investigação, mas estar fazendo o que é o papel da Receita Federal. Identificar transações financeiras suspeitas e tratar do ponto de vista tributário e fiscal”, afirmou. “A avaliação em relação a Sérgio Moro é de que ele queria isso para ficar ilegalmente bisbilhotando empresas e personalidades”, sugeriu.
“Moro dá uma demonstração de que desconhece o Congresso. Ele imagina que ainda é juiz lá em Curitiba e pode fazer tudo de acordo com a cabeça dele”, questionou. Humberto ainda criticou a atuação de Moro em relação ao processode Lula. “Um juiz que decreta que alguém pode ser condenado por corrupção por ‘atos indeterminados’ já dá uma demonstração clara do seu modo de atuar”.
Projeto anticrime – “Permite que o agente público, sentindo-se ameaçado ou sob violenta emoção, possa matar alguém e não haver sequer um processo para verificar o que ocorreu e ele ser inocentado. O pacote aumenta o encarceramento”, destaca Humberto.
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