O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), criticou nesta segunda-feira (13) a declaração dada no domingo pelo presidente Jair Bolsonaro, quando ele disse que vai indicar o ministro da Justiça, Sergio Moro, para a primeira vaga que surgir na Corte. O presidente afirmou que fará isso porque tem um compromisso com Moro. Para Marco Aurélio, isso “soa muito mal” para o ministro da Justiça, por sugerir que houve uma “troca” e que ele virou “as costas” ao cargo que ocupa atualmente.
“Isso soa muito mal para o ministro da Justiça, como se ele tivesse feito uma troca. Agora só vai haver vaga em novembro de 2020, a não ser que tenha acidente de percurso ou antecipação de aposentadoria. Temos de esperar um pouco. Agora é péssimo. No contexto é muito ruim”, disse Marco Aurélio.
Questionado sobre o anúncio feito por Bolsonaro, faltando um ano e meio para o ministro Celso de Mello completar 75 anos e se aposentar, abrindo uma vaga no STF, Marco Aurélio voltou a criticar a declaração do presidente.
“Não sei. Isso caberá aos senadores. Agora que ressoa muito mal, ressoa, pelo fato de ele ter virado as costas a um cargo efetivo sem aposentadoria e com outros compromissos. Mas, paciência. São as pessoas em si. Vamos esperar”, afirmou Marco Aurélio.
No domingo, em entrevista à rádio Bandeirantes, Bolsonaro disse: “Fiz um compromisso com ele [Moro], porque ele abriu mão de 22 anos de magistratura. Eu falei: a primeira vaga que tiver lá está à sua disposição. Obviamente, ele teria de passar por uma sabatina no Senado. Eu sei que não lhe falta competência para ser aprovado lá. Mas uma sabatina técnico-política. Eu vou honrar esse compromisso com ele. Caso ele queira ir para lá, será um grande aliado, não do governo, mas dos interesses do nosso Brasil dentro do Supremo. A primeira vaga que tiver, eu tenho esse compromisso com Moro, e, se Deus quiser, cumpriremos esse compromisso. Acho que a nação toda do Brasil vai aplaudir um homem desse perfil no Supremo.
“Nesta segunda-feira, Moro disse que não impôs a indicação ao STF como condição para assumir o Ministério da Justiça. Em Curitiba, onde participou de uma palestra sobre Direito Empresarial, ele declarou que ficou “honrado” com a promessa feita no fim de semana por Bolsonaro.
“Quando fui convidado, em novembro, o que aconteceu? Cheguei ao presidente e falei: “Olha, presidente, minha ideia é juntar os dois ministérios, Justiça e Segurança Pública, e ser firme em relação à corrupção, crime organizado e crime violento”. E aquela ideia de preservar o legado da Lava Jato. Havia e há muitos inimigos desses avanços anticorrupção”, afirmou Moro nesta segunda-feira.
No mês passado, Moro comparou uma indicação ao STF a ganhar na loteria, durante entrevista ao jornal português Expresso . “Seria como ganhar na loteria. Não é simples. O meu objetivo é apenas fazer o meu trabalho”, disse Moro na entrevista em Lisboa.
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