O exemplo de Petrolina

É claro que são estruturas completamente diferentes em dimensão, operação, custo e receita, mas talvez o Sistema de Transporte Público de Passageiros da Região Metropolitana do Recife (STPP/RMR) tenha muito no que se espelhar com o novo modelo de transporte por ônibus de Petrolina, uma das cidades mais importantes de Pernambuco, localizada no Sertão do São Francisco, na divisa com o Estado da Bahia.

Ontem, entrou em operação o novo sistema de ônibus da cidade com duas grandes mudanças significativas para o passageiro: redução do preço da passagem de R$ 3,70 para R$ 3,56 (14 centavos a menos) e uma frota de ônibus totalmente renovada. De tarifa mais cara do Estado – e uma das maiores do País – Petrolina deixa para trás 18 anos de transporte deficiente prometendo evoluções básicas no setor, como tarifas um pouco mais acessíveis, veículos mais confortáveis, linhas e percursos melhor distribuídos, integração temporal e controle público da operação. Pelo menos essa é a promessa do prefeito Miguel Coelho (MDB) e de sua equipe, envolvida por dois anos e meio com o processo.

A redução da tarifa pode ser pequena na visão de muita gente, mas o simbolismo da decisão de reduzi-la é inquestionável. Principalmente numa conjuntura nacional em que as passagens do transporte público só aumentam. Ou, no máximo, deixam de ser majoradas, mas nunca reduzidas. Ou quase nunca. O sistema de transporte público petrolinense é uma formiguinha perto do STPP do Grande Recife. Isso é fato. Mas a decisão da prefeitura de refazer o processo de licitação, reduzir a margem de lucro do setor empresarial – minimizando a importância das lamentações dos empresários do setor, conhecidos por sempre reclamarem dos lucros – exigir tarifas menores e um serviço melhor para os seus 1,4 milhão de passageiros mensais é merecedora de aplausos. Aliás, é de causar inveja a qualquer cidadão. Pelo menos aqueles que usam o transporte público.

Algumas das mudanças que mais se destacam no novo modelo de concessão – prevista para 15 anos ao valor de R$ 516 milhões – são as exigências da menor tarifa para escolher o vencedor – venceu a empresa de Salvador (BA) Atlântico Transporte, com a proposta de R$ 3,56 – de renovação completa da frota de ônibus, de redução da Taxa de Retorno de Investimento (TRI) para 9,37%, e de implantação de um Centro de Controle Operacional (CCO) sem qualquer custo para o município. Além disso, foi realizada uma reestruturação das linhas e dos percursos para que a área urbana da cidade fosse melhor atendida. Afinal, a linha mais extensa de Petrolina tem 27 quilômetros (ida e volta) e, em 40 minutos, é possível percorrer toda a área urbana.

Jornal do Commercio

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