O ator Flávio Migliaccio faleceu nesta segunda-feira, 04/05, e deixou uma carta de despedida para seus familiares antes de partir. O colunista Ancelmo Gois, do Jornal O Globo, mostrou uma foto da mensagem que foi encontrada ao lado do corpo do ator em seu sítio no interior do Rio de Janeiro.
Na mensagem, o ator escreveu: “Me desculpem, mas não deu mais. A velhice neste país é o caos, como tudo aqui. A humanidade não deu certo. Eu tive a impressão que foram 85 anos jogados fora nem país como este. E com esse tipo de gente que acabei encontrando. Cuidem das crianças de hoje”, escreveu.
Flávio foi encontrado morto pelo caseiro, que avisou a família. Ele deixou a esposa, um filho e uma neta.
A TV Globo enviou um comunicado sobre a trajetória do ator na televisão:
“Com mais de 60 anos de carreira, Flávio Migliaccio deu vida a personagens inesquecíveis que divertiram o público em seriados de humor, como o lendário Seu Chalita de ‘Tapas & Beijos’ (2011) e o Xerife de ‘Shazan, Xerife e Cia’ (1972), um de seus primeiros sucessos na TV. Encantou e conquistou os telespectadores com tipos diferentes e marcantes nas novelas. Seu último trabalho em folhetim foi como Mamede, em ‘Órfãos da Terra’, trabalho que lhe trouxe o troféu APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), como Melhor Ator de Televisão. Atualmente pode ser visto no ar como o veterinário Josias em ‘Êta Mundo Bom!’, no ‘Vale a Pena Ver de Novo’. Neste ano, o ator participou da série ‘Hebe’, como Fego, o pai da apresentadora na fase adulta. “Eu tenho o costume de me apaixonar pelo personagem e querer representá-lo para o resto da vida. Pode ser tanto o herói, quanto o ermitão ou o aposentado”, declarou sobre a sua relação com a arte.
O ator nasceu em 26 de agosto de 1934, no bairro do Brás, São Paulo. Em 1954, fez o curso de teatro do italiano Ruggero Jacobbi. Ao final, foi encaminhado para o grupo amador Teatro Paulista do Estudante. Sua profissionalização se deu com o Teatro de Arena, onde participou de uma série de peças, como ‘A Revolução na América do Sul’, de Augusto Boal; ‘Eles não Usam Black-Tie’, de Gianfrancesco Guarnieri, e ‘Chapetuba Futebol Clube’, de Oduvaldo Vianna Filho. Fez algumas participações na TV Tupi e atuou em dois longas-metragens de Roberto Santos – ‘O Grande Momento’ (1958) e ‘A Hora e a Vez de Augusto Matraga’ (1965). Em 1962, participou de ‘Cinco Vezes Favela’, atuando e escrevendo. No ano seguinte, estreou como roteirista e diretor em ‘Os Mendigos’.
A carreira de Flávio Migliaccio na Globo começou em 1972, em ‘O Primeiro Amor’, novela de Walther Negrão, onde viveu Xerife. O sucesso foi tamanho que a emissora criou o seriado ‘Shazan, Xerife & Cia’, que ficou no ar de 1972 a 1974, em que atuou com Paulo José. Foi uma das primeiras vezes na televisão brasileira em que personagens de uma novela ganhavam um programa próprio. A dupla foi reeditada em 1998, em uma participação especial na novela ‘Era uma Vez…’, também de Walther Negrão, que assim homenageou os 25 anos dos personagens.
Baseado em Xerife, Flávio criou o personagem Tio Maneco, que lhe rendeu alguns longas-metragens produzidos, dirigidos e estrelados por ele. Um dos filmes, ‘As Aventuras de Tio Maneco’, chegou a ser vendido para 31 países e resultou num prêmio em um festival de cinema infantil na Espanha
Entre os sucessos do ator na TV, destacam-se ainda as participações em ‘Rainha da Sucata’ (1990), de Silvio de Abreu; ‘A Próxima Vítima’ (1995), do mesmo autor; ‘ Caminho das Índias’ (2009), de Glória Perez; e ‘Passione’ (2010), também de Silvio de Abreu. O ator também participou dos principais humorísticos de sucesso da Globo, como ‘Viva O Gordo’ (1981), ‘Chico Anysio Show’ (1982) e Sai de Baixo (1987).”
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