O Dia do Agricultor, comemorado em 28 de julho, marca as homenagens ao profissional que produz alimentos, gera renda e empregos e contribui ativamente para a economia.
Mais de 80% dos pequenos produtores ouvidos em uma pesquisa da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo demonstraram uma perspectiva positiva para a próxima safra pós-pandemia da Covid-19.
De acordo com levantamento, no qual foram ouvidos 2.015 produtores ─ pelo menos um de cada município paulista, tendo, assim, a representatividade de todos os municípios ─, 55% têm a expectativa de manter o volume de produção no próximo plantio; 28% de aumentar e volume; enquanto apenas 10% pretendem diminuir.
59,45% dos produtores consultados disseram que mantiveram seu volume de produção durante a pandemia. 56,2% relataram ter colhido, abatido e coletado a produção normalmente; 21,2% tiveram a colheita, abate e coleta prejudicada pela falta de mão de obra ou comprador; e 7,34% não colheram, abateram ou coletaram por falta de comprador.
“O agro paulista não parou diante da pandemia e é um setor fundamental neste momento de retomada. Temos realizado esta pesquisa para nortear as políticas públicas implantadas durante a crise e programas sustentáveis após este período e no restabelecimento da economia do Estado”, afirma Gustavo Junqueira, secretário de Agricultura e Abastecimento.
A pesquisa revela, ainda, maior conhecimento e atenção do produtor às medidas de proteção contra a Covid-19, com a utilização de proteção facial e respiratória, higienização das mãos e distanciamento social, tanto em casa quanto na propriedade.
Realizado entre 22 e 28 de junho, com 90 horas de entrevistas, o levantamento teve como público agricultores que produzem em até quatro módulos fiscais, utilizam predominantemente mão de obra familiar e possuem renda majoritariamente vinda do campo. O diferencial desta terceira sondagem é que os entrevistados foram ouvidos por uma segunda vez, pois já haviam participado de um dos dois levantamentos anteriores, realizados em abril e maio deste ano. Nos dois primeiros as entrevistas eram feitas pelo sorteio de entrevistados que tivessem DAP ativa.
Em todas as sondagens, seis aspectos da vida da população do campo foram considerados: perfil do produtor e da propriedade, renda e crédito, comercialização da produção, saúde e medidas de prevenção, dificuldades e expectativas, além das perspectivas e adaptações frente a pandemia do novo coronavírus.
Confira os resultados a partir de cada aspecto avaliado:
Perfil do produtor e da propriedade
De acordo com o levantamento, 70% dos agricultores entrevistados residem na área rural e 83% deles possuem mais de 41 anos, sendo que destes, 31% estão na faixa etária acima dos 60 anos. Dos produtores acima dos 60 anos, 63% possuem ensino fundamental e 5% não possuem escolaridade. A pesquisa identificou o acesso à internet e ao sinal do celular. 59% dos entrevistados disseram ter qualidade boa ou razoável da internet; 23% possuem acesso a internet, mas com qualidade ruim; e 18% não têm acesso ao serviço. Os usos da internet mais apontados pelos produtores são: WhatsApp, leitura de notícias diversas, consulta a previsão do tempo e uso das redes sociais.
Saúde e medidas de prevenção
A saúde e as medidas de prevenção foi outro ponto analisado pelo levantamento da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo. As informações são relevantes, principalmente neste momento, em que a pandemia se interioriza no Estado.
Entre os entrevistados, 76% disseram possuir na família pessoas do grupo de risco da Covid-19. O levantamento mostra a ampliação do conhecimento sobre a doença e as medidas de prevenção, sendo as mais utilizadas nas propriedades: proteção facial e respiratória, higienização das mãos e distanciamento social.
Entre os destaques de cuidado com as famílias estão também a higienização do vestuário e a prática de tomar banho assim que chegar em casa. Entre os funcionários da propriedade, destaca-se o ato de evitar o compartilhamento de objetos usados na atividade e a higienização dos ambientes de trabalho.
O levantamento também mostra aumento expressivo do contágio da Covid-19 entre os familiares dos produtores rurais. Na sondagem realizada em abril, apenas 0,1% disseram ter algum integrante da família contaminado com a doença. Em maio, 0,4% relataram a ocorrência da doença em algum membro da família. Em junho, esse número saltou para 4,6%.
Em decorrência da doença, a dinâmica das visitas às propriedades rurais mudou. 47,7% dos produtores disseram que estão recebendo visitas extremamente necessárias; 36% não estão recebendo visitas; e 8% só recebem visitas previamente agendadas.
Renda e crédito
No quesito renda e crédito, 39% dos entrevistados disseram que mesmo durante a pandemia, a renda permaneceu a mesma; 38,7% tiveram renda reduzida em menos de 50%; e 19,7% tiveram queda de mais de 50%. O aumento da renda foi relatado por apenas 2% dos entrevistados.
Para a retomada das atividades, 38% dos entrevistados disseram ter recursos, mas precisam de complementação por meio de financiamento; 37,2% disseram ter recursos próprios suficientes; 13,75% relataram não ter recursos, mas possuir acesso facilitado a crédito; e 10,6% não têm recurso e nem acesso a crédito.
Entre os produtores que relataram precisar buscar crédito, 93% pensam em buscar financiamento em instituições financeiras oficias como os bancos e apenas 5% planejam procurar recursos em Cooperativas de Crédito.
Comercialização
No quesito comercialização, 48,2% dos entrevistados disseram não ter tido dificuldade na comercialização pelos canais de venda que já utilizavam e 48,7% disseram ainda ser cedo para afirmar se as vendas melhoraram após a retomada das atividades.
Perspectivas e adaptações
Apesar de todas as adversidades encontradas pelos produtores por conta da Covid-19, 41% deles se disseram otimista em relação à saúde; 46% em relação à renda; 58% em relação a produção; e 53% em relação ao mercado. Os temas ligados à área de educação causam mais pessimismo e indiferença aos agricultores.
Entre os entrevistados, de 36% a 42% têm maior facilidade em realizar pequenas alterações em suas propriedades em decorrência da pandemia; 12% a 15% precisam de orientação para realizar alterações; 23% a 25% não se prepararam para fazer alterações e de 20% a 23% se prepararam de forma suficiente para adaptar duas propriedades.
Dificuldades e expectativas
Entre os produtores consultados no levantamento, 59,45% disseram que mantiveram seu volume de produção durante a pandemia e 30% diminuíram sua produção. 56,2% relataram ter colhido, abatido e coletado a produção normalmente; 21,2% tiveram a colheita, abate e coleta prejudica pela falta de mão de obra ou comprador; e 7,34% não colheram, abateram ou coletaram por falta de comprador.
Para a próxima safra, 55% têm a expectativa de manter o volume de produção; 28% de aumentar e volume; e 10% de diminuir.
Ao responder se o poder público poderia auxiliar na transição para o “novo normal”, 65,6% dos entrevistados disseram que o poder público poderia apoiar na aquisição de insumos com crédito e subsídios; 57% disseram que poderia apoiar na gestão da propriedade; 54% na comercialização da produção; e 38% no incentivo ao consumo da produção.
Fonte: agroclima.climatempo.com.br