“Eles falavam o tempo todo que iam me matar”, diz vice-prefeito de Olinda após sequestro

Vice-prefeito de Olinda, Márcio Botelho, disse que foi ameaçado de morte durante sequestro

Durante o sequestro que sofreu na noite dessa terça-feira (18), o vice-prefeito de Olinda, Márcio Botelho, disse que sofreu violência física e psicológica, com constantes ameaças. “[Eles] falavam o tempo todo que iam me matar”, contou em entrevista coletiva na tarde desta quarta (19). O maior momento de terror, segundo Botelho, foi quando o deixaram em uma área de mata, no Cabo de Santo Agostinho, com a cabeça coberta por um capuz. “Pensei que eles iam atirar em mim. Pensava só em Deus e na minha mãe”, emocionou-se ao lembrar.

O vice-prefeito narrou os detalhes da ação à imprensa na Secretaria de Segurança Urbana de Olinda, no bairro do Varadouro. De acordo com a vítima, o sequestro começou por volta das 22h, depois que saiu de um evento em Bairro Novo. Botelho deu carona ao prefeito da cidade, Professor Lupércio, à secretária-executiva de Governo, a um assessor e a um motorista da prefeitura. Ele conta que, ao deixar a última pessoa em casa, na comunidade da Ilha de Santana, foi abordado por três homens armados.

“Eu percebi que entrou atrás um Gol branco e dei passagem. Quando ele passou na minha frente, me trancou. Desceram três indivíduos, cada um com um revólver [de calibre] 38. Um me deu um soco no rosto, me colocou no banco de trás e perguntou o todo tempo se eu estava armado, eu dizia que não. Ele me ajoelhou, me botou com as mãos para trás e ficou me batendo com o revólver e um [outro] revólver na minha cabeça”, relata. No momento da abordagem, Botelho falava no celular com a namorada, que ouviu a movimentação e acionou os familiares e a polícia, seguindo o trajeto pelo GPS do carro.

Da Ilha de Santana, os bandidos seguiram em direção à BR-101, no sentido Litoral Sul. Durante o percurso, os sequestradores perguntavam pela profissão de Márcio, indicando que não sabiam ser o vice-prefeito de Olinda. “Eu disse que era advogado. Aí eles perguntavam: ‘De qual área?’. Eu disse: ‘Criminal’. E começaram a me bater nas minhas costas”, recorda. “O motorista falou no telefone com alguém, dizendo: ‘Olhe, peguei o dono e estou indo para aí’. Eu me desesperei”.

Ao chegarem à área de mata no Cabo de Santo Agostinho, eles pararam em uma estrada de barro, onde encapuzaram a vítima e mandaram ficar de joelhos. “Achei que eles iam me matar ali na hora com o capuz na minha cabeça”, lembra. “Teve um que me levantou, pediu as senhas de banco, foi andando comigo e disse: ‘Fique tranquilo, que, se você não reagir, não vão fazer nada com você’”. Botelho entregou a carteira, um cordão de ouro, um relógio e dois celulares. “Me empurraram e mandaram eu correr”.

Vice-prefeito de Olinda, Márcio Botelho se emocionou ao falar sobre sequestro

 Deixado sozinho na área de matagal, Botelho disse que caminhou por mais dez minutos pela estrada de barro até chegar à BR-101, em frente a uma fábrica de bebidas, no bairro de Ponte dos Carvalhos. Atravessou a pista e acenou para os carros até que um motorista de aplicativo decidiu parar. Pegando emprestado o celular do condutor, Botelho pôde contactar os irmãos, que circulavam por Prazeres, em Jaboatão, e seguiam o caminho indicado pelo GPS. Lá, Márcio encontrou os familiares e foi levado à sede do Grupo de Operações Especiais (GOE), no Recife, onde prestou depoimento.

Na madrugada de ontem, um dos suspeitos foi preso pela Polícia Militar na PE-60, no município de Ipojuca, e encontraram o veículo utilizado pelo vice-prefeito, que era alugado pela prefeitura. Ainda se recuperando do susto, Márcio Botelho disse que já reconheceu o suspeito detido. “Eles não estavam encapuzados. Claro que, no momento, é tudo rápido, você só quer que acabe logo. Procurei olhar pouco para evitar deixá-los mais nervosos ainda”, diz.

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