Ao negar a legenda para o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, disputar o Governo do Estado em 22, o presidente estadual do MDB, Raul Henry, respaldado pelo senador Jarbas Vasconcelos, pode sofrer, mais na frente, em Brasília, uma derrota inesperada. Presidente nacional, o deputado Baleia Rossi (SP) está muito mais preocupado, na atual conjuntura, em contabilizar o número de deputados federais que o partido pode eleger do que mesmo no pleito majoritário.
As eleições que se aproximam, sem coligações partidárias, como se deu em 2020, estão tirando o sono dos dirigentes partidários. Legendas tradicionais, históricas e com bancadas expressivas na Câmara dos Deputados, como o próprio MDB, vislumbram um cenário nebuloso até para manter seus atuais representantes. Aumentar, objeto de todos os partidos, se apresenta hoje como algo quase impossível.
Diante disso, Baleia deve agir com muito pragmatismo quando bater o martelo em relação ao controle do grupo que dará as cartas do MDB em Pernambuco. Com o núcleo jarbista no comando, como se dá no momento, quantos deputados federais o partido elege? Nenhum, nem mesmo Raul Henry, porque faltarão candidatos para a formação da cauda eleitoral, mecanismo que permite, na soma, emplacar o mandato dos primeiros mais votados com base no coeciente eleitoral.
Já com o grupo do senador Fernando Bezerra Coelho no seu comando, o MDB tem chances de eleger até três deputados federais, caso o próprio FBC saia candidato à Câmara dos Deputados e não à reeleição. Neste cenário, seriam eleitos Fernando e o filho Fernando Bezerra Filho, podendo emplacar o terceiro, que seria Henry. Com base nesse raciocínio, Baleia entregará o partido em Pernambuco a quem?
Se for pragmático, Baleia transfere o partido para o grupo de FBC. Com Jarbas e Henry, Pernambuco tende a não ter representantes do MDB na Câmara dos Deputados. Traduzindo: para o partido, melhor ter três deputados do que nenhum. Sabendo que tem uma carta nas mangas, Fernando vai resistir até o fim. Foi por isso que, no comunicado distribuído ontem com a Imprensa, contrariado com a decisão de Henry, Miguel não jogou a toalha, nem muito menos disse que sairia do partido.
Rei do blefe – Henry blefa ao afirmar que a maioria dos emedebistas, prefeitos e lideranças do Interior deseja se manter debaixo do guarda-chuva do PSB nas eleições do próximo ano. Prefeito de Paulista, município importante e estratégico na Região Metropolitana, Yves Ribeiro não quer nem ouvir em falar na possibilidade de subir no palanque do candidato socialista a governador, assim como o prefeito Edilson Tavares, de Toritama, a capital do jeans. Ambos reclamam que são tratados e pão e água pelo Governo.
Rabo de cavalo – Sem entusiasmo com o mandato, o senador Jarbas Vasconcelos delegou poderes a Raul Henry para agir da maneira que mais atenda a seus interesses na gestão do diretório estadual do MDB. Com o afilhado político no comando, o partido em Pernambuco cresce feito rabo de cavalo, para baixo. Isso a direção nacional está careca de saber. Michel Temer nunca moveu uma palha para mudar esse curso, mas com Baleia Rossi a história pode ser diferente.
O desabafo de Miguel – Trecho do manifesto do prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, contra a decisão do MDB: “Manteremos com todas as nossas forças e de forma respeitosa o debate pela construção de um novo Pernambuco. Mesmo que a direção estadual de nosso partido tenha decidido manter o MDB onde está, num projeto que nada mais tem a oferecer, apenas a desesperança. Lamento profundamente tal decisão. Ao mesmo tempo, respeito a escolha da direção estadual do MDB. Sigo ao lado da esperança de mudança em Pernambuco. Expresso isso com a tranquilidade de saber que o desejo de mudar para melhor não ser apenas meu, e sim de milhões de pernambucanas e pernambucanos ansiosos por um novo tempo”.
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