Visita de Lula a Pernambuco sela volta do casamento nacional entre PT e PSB

Iniciar em Pernambuco a tour que Lula fará pelo Nordeste, com vistas à montagem dos palanques para 2022, demonstra a importância que o PSB tem no projeto do PT de voltar a governar o país. A retomada do casamento entre os dois partidos, que ainda sofrem resistência por parte de núcleos dos dois lados, foi sacramentada, ontem, em um jantar no Palácio do Campo das Princesas, entre Lula e o grupo que comanda não apenas o PSB local, mas também o nacional, formado pelos herdeiros do ex-governador Eduardo Campos.

À mesa com Lula, o senador Humberto Costa e a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, os anfitriões, Paulo Câmara, atual governador de Pernambuco, Geraldo Júlio, futuro candidato a governador da Frente Popular, e João Campos, prefeito do Recife. Ficou acertado que o PSB, a despeito da resistência dos diretórios de São Paulo e Rio Grande do Sul, tradicionais na hierarquia socialista, vai caminhar com Lula o ano que vem já no primeiro turno. Com o PCdoB e o PSOL também no seu palanque, a candidatura petista vai agregar as principais forças de esquerda do país, isolando o PDT de Ciro Gomes, que, sem muita opção, deve desidratar.

Em troca, o PT vai apoiar o PSB em praças importantes para o partido. A principal delas, logicamente, é Pernambuco. Isso significa dizer que teremos um petista compondo a chapa de Geraldo Júlio nas próximas eleições, seja na vice, seja como candidato ao Senado. O aperto de mãos entre Lula e os líderes do PSB encerrou qualquer possibilidade de o PT lançar a deputada federal Marília Arraes (ou qualquer outro nome) ao Palácio do Campo das Princesas. A parlamentar, que resiste a se unir ao PSB, depois de ter sido execrada pelos socialistas, ano passado, na corrida pela Prefeitura do Recife, terá de sair da legenda se quiser concorrer ao governo.

Nos bastidores, a informação é de que Marília não topa ser candidata ao Senado pela Frente Popular, tendo que dividir o palanque com o primo João e pedir votos para Geraldo Júlio. Se não deixar o PT para candidatar-se a governadora por outra legenda, Marília deve fazer campanha avulsa à reeleição, ainda dentro do PT, mas sem apoiar Geraldo para governador. A avaliação no entorno da deputada é que ela se reelege sem nem precisar sair de casa, praticamente, dado seu alto potencial de votos. Outro fator que reforça a tese do caminho para a reeleição é que Marília só toparia sair governadora caso a oposição se unisse toda em torno do seu, o que não deve ocorrer.

Sem Marília, o PT deve compor a chapa de Geraldo, indicando a vice. E esse nome sairá do grupo do senador Humberto Costa, principal interlocutor com o PSB local. A tendência é que Humberto indique seu fiel escudeiro, Dilson Peixoto, ex-secretário estadual de Desenvolvimento Agrário. Mas, essa semana, surgiu à bolsa de apostas o nome do ex-prefeito de Serra Talhada, Luciano Duque, que rompeu com o grupo de Marília para tentar se viabilizar junto a Humberto como o possível vice da Frente Popular. Corre por fora o deputado estadual João Paulo, outrora estrela petista, que retornou à sigla depois de um período no PCdoB – o ex-prefeito do Recife também tem seu nome ligado à disputa pela Casa Alta.

Essa semana, a coluna FalaPE trouxe, com exclusividade, a possibilidade de o governador Paulo Câmara, um dos principais artífices do retorno do casamento PT-PSB, ser ministro em um eventual terceiro Governo Lula. Para isso, o atual chefe do Executivo pernambucano cumpriria seu mandato até o final, abrindo espaço para Pedro Campos, irmão de João, ser o candidato preferencial dos socialistas para deputado federal. Esse assunto, logicamente, também esteve no cardápio do jantar palaciano de ontem.

Paulo Câmara, inclusive, também é cotado para a vice de Lula; o que é difícil de ocorrer porque o companheiro de chapa do ex-presidente deve sair do Sudeste, e/ou do mercado financeiro. Lula quer repetir a fórmula que o elegeu em 2002, quando teve o empresário José Alencar, então senador por Minas Gerais, seu candidato a vice. Com a volta do casamento resolvida, o dever de casa, agora, tanto de petistas quanto de socialistas, é acalmar os focos de resistência dentro dos respectivos partidos. Ainda que haja barulho e insatisfação, a decisão está tomada.

FalaPE

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