Lula passou dois dias intensos em Pernambuco articulando com tudo que é força política para a montagem do seu palanque de 2022 no estado. Para governador, o ex-presidente deve mesmo apoiar o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Geraldo Júlio, em troca do apoio do PSB ao seu projeto de voltar a governar o Brasil. Mas quando as articulações seguiram para a vaga do candidato a senador da Frente Popular, o negócio pegou fogo e cada um que defenda o seu.
Sábado à noite, antes mesmo de chegar ao Recife, Lula sondou a deputada federal Marília Arraes para uma eventual candidatura à Casa Alta, em uma composição com o PSB. Por meio do deputado federal José Guimarães (CE), que acompanhou o ex-presidente na comitiva, a neta de Arraes finalmente sinalizou que aceitaria a missão depois de ser perguntada textualmente. Com “ok” de Marília, Lula ficou de negociar com o PSB, onde ela tem resistência, sobretudo, na família do prefeito João Campos, do Recife, seu primo. Lula, por sua vez, não teria gostado e ainda está disposto a insistir na parlamentar para a vaga.
Em outra frente, o ex-presidente conversou mais de 40 minutos, segunda passada, com o deputado federal Silvio Costa Filho, outro que está se colocando para a dia da corrida, e seu pai, o ex-deputado Silvio Costa. Lula deu uma demonstração de prestígio para com a dupla, a quem atendeu com toda pompa e circunstância, na presença apenas da de Lula e da presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR). Silvio Filho, ao contrário de Marília, é visto com bons olhos no PSB, a quem voltou a aliar-se o ano passado.
Os socialistas estão divididos. Uma parte torce por Silvio Filho. Outra acredita que uma composição com o senador Fernando Bezerra Coelho, que disputaria a reeleição pelo MDB, liquidaria a fatura estadual. Além de ter dois nomes competitivos na RMR e no Sertão – Geraldo e o próprio FBC -, uma aliança com os Coelho tiraria do caminho o prefeito Miguel, de Petrolina, pré-candidato ao Palácio do Campo das Princesas, e impediria que o clã reforçasse a chapa da oposição.
Segundo a Coluna Fala PE apurou, o nome de FBC, que já anda fazendo o movimento de descolar do presidente Jair Bolsonaro, sofre muita resistência tanto na base do PSB, quanto, sobretudo, na do PT. O que dificultaria a sua indicação. Marília, por sua vez, além de a maior parte parte PSB contra, também terá de vencer a queda de braço com o já senador Humberto Costa, que não quer vê-la crescer dentro e fora do partido, ameaçando a sua condição de principal interlocutor de Lula em Pernambuco.
Correm por fora com menos chances, os deputados federais André de Paula e Dudu da Fonte, respectivamente, presidentes estaduais do PSD e do PP, partidos, inclusive, que estão na base de Bolsonaro – o PP tem o poderoso Ministério da Casa Civil. Também na segunda, tanto André quanto Dudu e sua entourage estiveram no Hotel Atlante Plaza, no Recife, para beijar a mão de Lula. Mesmo sem postar fotos para evitar cobranças de fidelidade, os dois estiveram lá. Assim como teve o deputado federal Raul Henry, que preside o MDB local.
Ainda lembrado, mas sem a força de outrora, o deputado estadual João Paulo, que, de volta ao PT, está na briga pela indicação. No entanto, ninguém do entorno de Lula dá sinal de que o ex-prefeito do Recife seja o indicado. Olhando o panorama, são esses os nomes a concorrem na disputa. Resta saber quem vai comemorar.
Fala PE