Petrobras anuncia novo reajuste em 20 dias, diz Bolsonaro

Em entrevista coletiva nesta segunda-feira (1), em Roma, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que a Petrobras vai anunciar um novo reajuste no preço dos combustíveis em 20 dias.

“A Petrobras anuncia, isso eu sei extraoficialmente, novo reajuste em 20 dias”, disse Bolsonaro. “Isso não pode acontecer. A gente não aguenta, porque o preço do combustível está atrelado à inflação”, lamentou.

Em seu discurso, Bolsonaro também reclamou de governos anteriores, como o de Michel Temer, quando teve início a política de atrelar o preço do combustível ao dólar.

O presidente se queixou, ainda, que os governos petistas começaram e não concluíram a construção de três refinarias no país. Segundo o presidente, se apenas uma delas tivesse sido concluída, o preço do combustível seria mais baixo no país.

Os projetos das refinarias Premium I e II nunca chegaram a sair no papel e foram enterrados em 2015, ainda no governo de Dilma Rousseff. Já a refinaria Comperj, no Rio de Janeiro, que já tinha algumas estruturas iniciadas, foi abandonada no próprio governo Bolsonaro, em dezembro de 2019.

A Petrobras concluiu que não haveria viabilidade econômica para a refinaria depois que a petroleira chinesa CNPC, que iria investir no negócio, desistiu.

Atualmente, a Petrobras tem 13 refinarias, e pretende vender 8 delas. No momento, apenas duas já foram leiloadas, mas os contratos ainda não foram assinados.

Além disso, Bolsonaro voltou a dizer ainda que o ICMS é o vilão do preço dos combustíveis, e defendeu novamente a privatização da Petrobras – algo que, segundo ele, não é para o curto prazo.

Dividendos

O presidente também disse que estuda usar dividendos da Petrobras para reduzir preço do diesel.

“Então, o que eu quero da Petrobras: no tocante aos rendimentos que a Petrobras dá ao governo federal, não me interessa esses recursos. Tenho conversado com Paulo Guedes. Nós queremos que isso seja revertido diretamente em diminuição do preço do diesel na ponta da linha.”

“A prioridade é o preço do combustível. Eu vi muito rapidamente, não quero falar agora, o lucro da Petrobras. A Petrobras é uma em parte estatal e monopolista. A política não deve ser essa”, disse. “Essa semana vai ser um jogo pesado com a Petrobras. Eu indico o presidente, passa pelo conselho, e tudo de ruim que acontece lá cai no meu colo. O que é de bom, nada cai no meu colo.”

Procurada, a Petrobras não respondeu a um pedido de comentário sobre as declarações de Bolsonaro.

Mais tarde, a companhia emitiu um comunicado ao mercado informando que “não antecipa decisões de reajuste” e “que não há nenhuma decisão tomada por seu Grupo Executivo de Mercado e Preços (GEMP) que ainda não tenha sido anunciada ao mercado”.

Procurada, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) informou à CNN, em nota, que “acompanha e analisa informações e movimentações no âmbito do mercado de capitais brasileiro, tomando medidas cabíveis, sempre que necessário”. “A Autarquia não comenta casos específicos”, acrescentou.

Defasagem dos preços

O último reajuste anunciado pela estatal foi na semana passada, menos de vinte dias depois da alta anterior. Na ocasião, o preço médio de venda da gasolina A para as distribuidoras teve reajuste de 7% e o diesel, de 9,15%.

Mesmo com os últimos aumentos, vale dizer que ainda existe uma defasagem dos preços no Brasil em relação ao mercado externo.

Até o início do mês, essa defasagem chegava a 21% no caso da gasolina e de 19% no caso do diesel, segundo o Centro Brasileiro de Infraestrutura.

Isso sinaliza que, além desses reajustes, o mercado ainda pode ter novas altas. Além disso, existe a perspectiva de que o Petróleo continue se valorizando, já que os maiores produtores da commoditie têm dado sinalizações de que não vão aumentar a oferta no mercado global.

(Publicado por Kaluan Bernardo / com Reuters)

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