O levantamento divulgado, nesta sexta-feira (07/01), foi realizado entre os dias 3 e 7 de janeiro, e registrou que 54% dos internautas de 145 cidades brasileiras consideram a gestão de Bolsonaro ruim ou péssima. Na pesquisa anterior, esse percentual era de 53,8%, acima dos 53,5% de uma semana antes, mostrando uma curva ascendente da rejeição do presidente. Enquanto isso, a fatia dos que acham a atual administração boa ou ótima caiu de 24,5%, há duas semanas, para 24,1%, nesta semana. O percentual de pessoas que avalia o governo Bolsonaro como regular ficou estável em 21,9%.
A repercussão negativa do presidente farreando nas geladas praias catarinenses e provocando aglomerações sem máscara enquanto os casos de covid-19 devido à nova variante ômicron voltaram a crescer em todo o país, não foi revertida mesmo após a internação de Bolsonaro com crise intestinal no primeiro dia útil do ano.
“A internação do presidente no primeiro dia útil do ano expôs Bolsonaro a uma forte onda de críticas e também revelou dificuldades da militância digital governista em combater o discurso desfavorável. Se, em 2017, bolsonaristas dominavam a narrativa das redes, o cenário, hoje, é completamente diferente. Bolsonaro influencia apenas a sua bolha de apoiadores e revela uma enorme dificuldade de conquistar internautas fora da sua área de influência”, destacou o levantamento.
De acordo com a pesquisa, a internação de Bolsonaro reforçou a ideia de que ele saiu de férias enquanto a Bahia enfrentava problemas graves de cheias. Opositores também conseguiram impor a ideia de que o presidente estaria tentando se aproveitar da internação para gerar comoção, o que foi muito rechaçado. “Além disso, surgiram muitos memes dizendo que Bolsonaro teria obtido uma punição divina e ironizando que ele teria conseguido um atestado para não trabalhar no primeiro dia útil do ano”, acrescentou o documento.
As menções positivas a Bolsonaro tiveram um pico positivo no dia 1 de janeiro, fruto das mensagens desejando feliz ano novo, A internação do presidente na segunda-feira (03), causou uma queda abrupta nas menções positivas, que ainda não foi totalmente revertida, conforme dados da pesquisa.
A pesquisa indicou que houve muitas acusações de que o chefe do Executivo “cometeu excessos nas festas de fim de ano, resultando em problemas
de saúde. “A crise foi reforçada com a notícia de que ele encontrou dificuldades para digerir um camarão engolido inteiro. A reação aos ataques de opositores foi ainda comprometida por uma guerra interna que acontece dentro da esfera do bolsonarismo”, destacou.
Ciro melhora performance
O pré-candidato do PDT Ciro Gomes, de acordo com a Pesquia Modalmais/AP Exata tem surpreendido nas redes sociais e é o candidato que apresenta a melhor média de aprovação no Twitter. Nesta sexta-feira, foi o único candidato com mais aprovação do que rejeição, atingindo 53% de menções positivas.
Conforme os dados do estudo, Ciro está conseguindo impor uma agenda econômica na esfera dos que falam de sua eventual candidatura, ao citar um
Plano Nacional de Desenvolvimento. A ideia foi bem vista entre os que citam o presidenciável. Além disso, a possibilidade de uma chapa entre Ciro Gomes e Marina Silva (Rede), já apelidada nas redes de chapa “Cirina”, tem causado entusiasmo entre potenciais eleitores das duas lideranças, que consideram que a união entre eles é também a associação do desenvolvimentismo com a sustentabilidade.
Ciro ainda tem uma visibilidade pequena em relação a Bolsonaro e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas eventualmente se aproxima de Sérgio Moro (Podemos). “O ex-juiz tem sido mais falado por conta de ataques do que de suas propostas, o que deixa Ciro em vantagem com relação ao seu adversário mais próximo nas pesquisas”, informou o estudo.
Enquanto Bolsonaro lidera as citações dos presidenciáveis nas redes sociais nos últimos cinco dias, com 57,9%. Lula, teve 25,8%, enquanto Moro ficou com 10,3% e Ciro, com 4,2%. “Com o cenário favorável que vem se desenhando em torno de Ciro, é provável que o pedetista consiga mais espaço entre os eleitores que buscam uma terceira via”, destacou o relatório. Contudo, o documento reconheceu que a polarização entre Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) segue bastante forte e os dois pré-candidatos alcançaram, nos últimos cinco dias, uma média de 83,6% de todas as menções entre os presidenciáveis. João Dória (PSDB), Rodrigo Pacheco (PSD), Felipe D’Ávila (Novo) e Simone Tebet (MDB) continuam sem conseguir se impor como lideranças de alcance nacional, ao menos nas redes.
No escuro
Outro fator negativo para o governo foram as críticas de especialistas em relação à falta de ação mais incisiva no combate à pandemia do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. “Especialistas têm manifestado preocupação quanto à falta de dados sobre a variante ômicron no Brasil e a aparente displicência da população na manutenção de cuidados básicos de higiene. O apagão dos dados do Ministério da Saúde ainda mantém os pesquisadores ‘no escuro’ sobre a evolução da pandemia”, informou a pesquisa.
A falta de testagem em massa também impede, segundo os especialistas, a identificação e combate cirúrgico a focos de contágio e controle de novas infecções. Internautas observam que a maioria da população não está obedecendo a protocolos sanitários, e culpam a falta de orientação do Ministério da Saúde.
ROSANA HESSEL
CB