Após o PDT anunciar que apoiaria o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno das eleições presidenciais, Ciro Gomes divulgou um pronunciamento nesta terça-feira (4) para afirmar que seguirá a decisão do partido. No entanto, ele não citou o nome de Lula em nenhum momento.
Gravo esse vídeo para dizer que acompanho a decisão do meu partido, o PDT. Frente às circunstâncias, é a última saída. Lamento que a trilha democrática tenha se afunilado tanto que reste para os brasileiros duas opções, ao meu ver, insatisfatórias.”
Ciro Gomes (PDT)
Mais cedo, o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, anunciou oficialmente o apoio do partido —a decisão foi tomada após uma reunião por videoconferência com diversas lideranças do partido, incluindo o próprio Ciro.
Sem cargos. O pedetista anunciou que sua decisão não foi vinculada à possibilidade de ingressar num eventual governo Lula, caso o petista saia vitorioso no próximo dia 30.
“Não pleiteio e nem aceitarei qualquer cargo num futuro governo”, disse Ciro.
O pedetista alegou ter sido “vítima de campanha violenta” e não deixou de criticar a polarização nacional. Também afirmou não acreditar que a democracia brasileira esteja em risco.
“Não acredito que a democracia esteja em risco nesse embate eleitoral. Mas sim no absoluto fracasso da nossa democracia em construir um ambiente de oportunidades, que em frente à mais massiva crise social e econômica, humilha a esmagadora maioria do nosso povo”, disse, na gravação.
Ciro x Lula. Segundo o colunista do UOL Kennedy Alencar, antes de anunciar apoio, o presidente do PDT perguntou à colega do PT, Gleisi Hoffman, se o apoio de Ciro Gomes a Lula seria bem aceito. Isso porque o candidato pedetista e Lula trocaram farpas nas últimas semanas de campanha do primeiro turno. Gleisi respondeu que o suporte direto de Ciro seria bem visto.
“O processo às vezes descamba, no calor da emoção”, disse Lupi, na coletiva. “Eu falo pelo partido e ele [Ciro] participou da reunião e disse que endossa integralmente a decisão do partido.”
Primeiro apoio partidário. O PDT foi o primeiro partido a oficializar o apoio a Lula —que passou o dia ontem e a manhã de hoje fechado, em reunião com a coligação.
Na segunda-feira (3), o presidente do Cidadania, Roberto Freire, já declarou apoio a Lula —mas falta a oficialização partidária. No primeiro turno, a sigla, que compõe federação com o PSDB, estava com Simone Tebet (MDB).
Tebet é, inclusive, outro nome cobiçado pelos petistas. Nesta semana, o MDB liberou os diretórios para declararem apoio a quem preferissem —Lula já tem apoio de 12 deles desde o primeiro turno, mas o PT quer a ex-presidenciável.
Em seu discurso após a eleição, ela indicou que tomaria posição —os petistas entendem que seja em prol de Lula. “Tomem logo a decisão, porque a minha já está tomada. Eu tenho lado, e vou me pronunciar no momento certo“, disse Tebet.
Lula teve 48,43% dos votos, contra 43,20% para Jair Bolsonaro (PL). Tebet ficou em terceiro lugar, com 4,16%, seguida por Ciro, com 3,04%.
Sudeste é o foco. Lula e Bolsonaro começaram a semana recalculando a rota e buscando novas alianças para a próxima votação. Os adversários focam na região Sudeste e em ampliar a vantagem nos lugares que venceram no primeiro turno.
O atual chefe do Executivo já conseguiu apoio do governador reeleito de Minas Gerais Romeu Zema (Novo) e de Claudio Castro (PL), governador reeleito do Rio de Janeiro. O governador de São Paulo Rodrigo Garcia (PSDB) deve ter reunião com Bolsonaro ainda hoje.
Uol