O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) usou um boné com a sigla “CPX” ontem em caminhada de campanha no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro.
O item foi atacado por apoiadores do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) nas redes sociais, que disseram que o acrônimo é de uma gíria de grupos criminosos, o que não é verdade.
“CPX” é abreviação para “complexo”, como são chamados os conjuntos de favelas cariocas. A simplificação é usada pelos moradores dos locais, pela Polícia e pelo governo— a sigla também aparece na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) para 2023 do estado do Rio.
Para Rene Silva, fundador do Voz das Comunidades, jornal comunitário das favelas do Rio, o ataque é “criminoso”.
“Criar uma Faks News (sic) sobre o boné CPX que é abreviação de complexo pra dizer que é associado ao tráfico, é criminoso demais”, escreveu, acrescentando imagens de roupas estampadas com a abreviação.
O uso comum da sigla não impediu que o ex-ministro e deputado eleito Mario Frias (PL) publicasse a associação nas redes sociais.
Outros perfis, como os da deputada Carla Zambelli (PL-SP) e do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), também compartilharam imagens com o mesmo teor.
O ator e comediante carioca Marcelo Adnet também criticou o uso da sigla pelos bolsonaristas.
“Conseguiram enxergar a palavra ‘cupincha’, que sequer é usada no Rio, na sigla CPX, que é largamente usada e sabemos ser de ‘complexo'”, escreveu.
Por volta das 11h (horário de Brasília), o termo “Complexo” era o terceiro mais comentado do Twitter.
Uol