A eleição no Distrito Federal foi definida em 2 outubro, com a vitória do atual governador, Ibaneis Rocha (MDB). Mesmo assim, os moradores da capital do país vão às urnas na próxima semana para escolher o próximo presidente da República. A disputa acontece entre os candidatos Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Aqui no DF, no primeiro turno, dos mais de 1,8 milhão de votos computados para o cargo, Bolsonaro terminou com 910.397 (51,65%), enquanto seu adversário foi escolhido por 649.534 (36,85%).
A disputa agora é também para conseguir conquistar os votos dos candidatos que não foram para o segundo turno, além de tentar atrair quem votou nulo ou branco. Segundo Leonardo Barreto, doutor em ciência política pela Universidade de Brasília (UnB) e especialista em comportamento eleitoral, uma campanha tão polarizada tem poucos votos livres ou não consolidados em disputa. “Para mudar esse cenário, no caso da reeleição (Bolsonaro), é preciso reforçar os resultados que você teve. Para quem desafia (Lula), é necessário caprichar nas promessas de corrigir o que não foi feito ou de apresentar novidades”, frisa.
Outra estratégia, segundo Barreto, é utilizar a rejeição do adversário. “Falando especificamente desta eleição, existem quatro forças políticas: o lulismo, o bolsonarismo, o antipetismo e o antibolsonarismo. São forças que fazem com que pessoas que não tem simpatia com o Lula acabem votando nele porque rejeitam o bolsonarismo e vice-versa”, ressalta. “Tudo isso serve para buscar quem ainda não decidiu voto, assim como funciona para manter o eleitorado mobilizado. Então, o principal trabalho das campanhas é deixar o eleitor mobilizado e convencido a votar, para que se tenha uma maior presença nas urnas”, destaca.
De acordo com a cientista política e pesquisadora de participação e carreiras políticas Julia Cássia, convencer o eleitor a mudar o voto — de Bolsonaro para Lula e vice-versa — é um cenário menos provável. Mas, segundo a especialista, induzir quem votou branco/nulo ou não compareceu às urnas, é uma missão exequível dos presidenciáveis. “A maior dificuldade está nos altos níveis de rejeição dos candidatos, o que corrobora para que muitas pessoas optem por ‘nenhum nem outro’, mas ainda sim, com um diálogo menos agressivo e extremista, é possível convencer essas pessoas”, aponta.
Em relação à campanha de Lula, Julia Cássia acredita que ela deve ressaltar a capacidade que o candidato tem de dialogar com todos os segmentos. “Além disso, pode trazer bons pontos sobre o funcionalismo público e começar a mostrar suas propostas para o setor econômico”, aconselha. “O governador Ibaneis, embora esteja do lado de Bolsonaro, já mostrou que estará aberto a qualquer um que se eleger, então, o Lula pode explorar esse ponto (aqui no DF), dando segurança na governabilidade, caso seja eleito”, observa. Ainda falando do ponto de vista estratégico, Leonardo Barreto comenta que, quando se tem rejeições muito fortes, distinções eleitorais muito consolidadas, para essa campanha, especialmente a do petista — que está na frente após o primeiro turno — o mais correto é não errar (a estratégia).”
Para a campanha de Bolsonaro, Julia acredita que ela deve reforçar sua parceria com os trabalhadores da segurança pública e militares. “Ela também pode colocar ainda mais a imagem do presidente junto a do Ibaneis e Damares (Alves), explicitando o bom andamento de políticas públicas, caso eleito. Pode, ainda, usar a imagem da senadora eleita para se aproximar do eleitorado feminino”, considera.
Enquanto isso, o especialista em comportamento eleitoral acha que o foco do candidato do PL deve ser outro. “Ele pode visar os indecisos e, principalmente, mobilizar os seus eleitores para irem votar, falando de quem tem o voto facultativo que é, especialmente, o caso de idosos”, pontua.
CB