O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) passou por uma cirurgia, na manhã de domingo, para a retirada de uma lesão nas cordas vocais, mas manterá os compromissos com cautela. Ainda que a recomendação seja de descanso na voz e início das sessões de fonoaudiologia, ao menos duas vezes na semana, Lula deve viajar nesta terça-feira para Brasília, de acordo com o cirurgião especializado em cabeça e pescoço do Hospital Sírio Libanês, que participou da operação do presidente eleito, Luiz Paulo Kowalski.
O petista deverá participar somente de reuniões internas, em ambientes fechados para não forçar a voz, sem discursos ou falas longas, segundo o cirurgião.
O petista deverá participar somente de reuniões internas, em ambientes fechados para não forçar a voz, sem discursos ou falas longas, segundo o cirurgião.
O exame feito durante a operação (uma espécie de biópsia “em tempo real”) indicou não haver sinais de câncer no tecido retirado. O material foi enviado para análise mais detalhada, que confirmou o parecer inicial, ou seja, de que a lesão é benigna. No boletim médico divulgado na manhã de ontem, a equipe médica apontou “ausência de neoplasia” na lesão. Após a divulgação do texto, Lula se manifestou em suas redes sociais. “Já em casa, depois de um pequeno procedimento ontem. Tudo resolvido e bem”, escreveu o petista.
Lula deixou na manhã de ontem, segundo Boletim Médico com recomendação de repouso total para a segunda-feira. Ele foi diretamente para casa, em São Bernardo do Campo (SP), onde estava liberado para falar, mas sem se esforçar ou exaltar. Os sintomas tratados no pós-operatório são semelhantes a uma laringite. A expectativa é que, em duas semanas, a rouquidão que acompanhava Lula desde a campanha eleitoral passe e a voz retorne ao tom natural. “A voz dele é o instrumento de trabalho, é reconhecida de todas as formas, muito característica e marcante dele. Não terá alteração, irá melhorar a rouquidão e voltar ao tom habitual. A fono será uma figura importante no período de habilitação”, explicou o cirurgião.
A esposa de Lula, Rosangela da Silva, a Janja, e o médico, ex-ministro da Saúde da gestão de Lula de 2011 a 2014, eleito deputado federal neste ano, Alexandre Padilha (PT-SP), acompanharam o presidente eleito no hospital. Os filhos não compareceram, porque o hospital tem restringido os acompanhantes em função do novo surto de coronavírus.
Investigação
O alerta para iniciar um check up acendeu após o período de campanha e Lula seguiu com a voz rouca. “Na correria e falando muito, qualquer pessoa que já fez radioterapia e quimioterapia pode ter alteração vocal, não é estranho”, disse Kowalski. “Ele estava preocupado por causa da piora da voz na campanha, depois continuou rouco, mesmo que não tivesse no período de fazer os exames isso leva a necessidade para serem feitos e realmente apareceu a lesão”, complementou.
O exame que detectou o novo nódulo foi o de nasofibrolaringoscopia, realizado no último dia 12, antes da viagem de Lula para a 27ª Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Mudanças Climáticas, a COP27, no Egito. Na volta, Lula fez escala em Lisboa, onde se encontrou com o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-ministro, Antonio Costa em diferentes ocasiões.
Como Lula teve câncer em 2021, o tratamento feito na ocasião foi diretente, porque o tumor estava em um estágio intermediário, acima da corda vocal. Kowalski disse que o nódulo foi encontrado precocemente, por isso, as chances de retorno são mínimas.”O risco de retorno é muito pequeno, em torno de 5%. A transformação maligna deixou de existir porque foi retirada. Se não fosse tratado, aí essa possibilidade aumentaria para 10%”, disse. (Com Agência Estado)