Agricultores nativos ameaçados pela reserva do “Tatu Bola” criam associação para defesa suas terras em Lagoa Grande(PE)

A luta dos agricultores nativos afetados pela implantação da reserva do Tatu Bola continuam se organizando e  crescendo. Neste sábado (07), no povoado lagoagrandense de Jutaí, aconteceu uma reunião intermunicipal envolvendo os municípios de Lagoa Grande, Santa Maria da Boa Vista e Petrolina,A luta dos agricultores nativos afetados pela implantação da reserva do Tatu Bola continuam se organizando e crescendo. Neste sábado (07), no povoado lagoagrandense de Jutaí, aconteceu uma reunião intermunicipal envolvendo os municípios de Lagoa Grande, Santa Maria da Boa Vista e Petrolina, contando com centenas de afetados pela reserva, sindicalistas e autoridades das cidades. A reunião contou ainda com a participação do Deputado Estadual Luciano Duque, que abraçou a causa. O intuito da reunião foi a criação de uma associação envolvendo os três municípios. contando com centenas de afetados pela reserva, sindicalistas e autoridades das cidades. A reunião contou ainda com a participação do Deputado Estadual Luciano Duque, que abraçou a causa. O intuito da reunião foi a criação de uma associação envolvendo os três municípios.

Em 2022, foi retomada a discussão acerca da implantação da reserva do Tatu Bola. Graças a escolha do Fuleco como mascote da Copa de 2014, a espécie em extinção do Tatu Bola ganhou visibilidade mundial. A partir de então, foi debatida mundialmente a criação do Refúgio de Vida Silvestre Tatu-Bola, com uma área de mais de 110 mil hectares que foram distribuídos entre os municípios de Lagoa Grande, Petrolina e Santa Maria da Boa Vista. Pela rejeição de alguns envolvidos, o programa foi engavetado até o ano passado, retomado após o recente decreto estadual que já prevê o início da implantação.

O refúgio está definido para execução integral e, com isso, milhares de famílias não poderão mais produzir em suas terras, sendo forçadas à desapropriação. Segundo Vanelson Gomes, ex-vereador de Lagoa Grande, não se sabe ao certo quantas famílias serão afetadas pelo programa, mas estima-se que ultrapasse a marca de mais de três mil famílias.

A reserva do Tatu Bola é de 110 mil hectares, não temos o número exato dos agricultores, porque nós vamos ter que fazer um estudo, mas são bastante, né? Eu acredito que passe de 3, 4 mil famílias.

Vanelson Gomes, em entrevista.

Com o risco vigente, os camponeses ameaçados passaram a se mobilizar em busca de defender as suas terras. Alegando desconhecimento quanto à causa, se opuseram à implantação e conseguiram o apoio de algumas autoridades, como a vereadora de Lagoa Grande, Edneuza Lafaiete. Desde então, vem sendo realizadas reuniões pelos municípios, criadas redes sociais e buscado cada vez mais apoio e visibilidade para a causa.

O último e principal passo dado até agora, foi a criação da Associação Comunitária dos Campesinos Afetados pela Reserva de Vida Silvestre Tatu Bola (ASCCAMP/RVS). A associação foi criada na última reunião realizada em Jutaí, no dia 7 de janeiro, por centenas de camponeses dos 3 municípios afetados. A criação visa angariar recursos para a mobilização da causa, financiando os movimentos e viagens necessárias.

Na reunião, estiveram presentes advogados, ambientalistas e militantes da causa ambiental, sindicalistas e, também, autoridades de Lagoa Grande e Petrolina. Os vereadores presentes foram Edneuza Lafaiete (Lagoa Grande), Professor Vavá (Lagoa Grande), Lindaci Amorim (Lagoa Grande), Josafá (Lagoa Grande), Elismar (Petrolina) e o deputado estadual Luciano Duque, vindo diretamente de Serra Talhada (PE). Duque afirmou unir-se à causa e representá-la na Assembleia Legislativa.

“Na verdade, muita gente, eu creio, pela minha percepção, foi enganada. Eu acho que os agricultores de Lagoa Grande, os moradores desse território, foram ludibriados e tiveram suas terras expropriadas. Porque uma coisa é desapropriar: desaproprio, pago, você perdeu o direito da terra. E outra coisa é tomar a terra:

exproprio, não pago absolutamente nada e você vem tomar conhecimento depois”.

Luciano Duque, em discurso.

Aplaudido, Luciano também fala que tomou conhecimento da causa ainda antes das eleições, pela vereadora Lafaiete, mas, preferiu discutir apenas após o período eleitoral, para conseguir envolver a população efetivamente e para que sua contribuição não fosse atribuída à uma promoção política em cima do movimento:

“Nós poderíamos estar aqui discutindo isso antes da eleição, mas eu preferi que passasse a eleição e eu disse: ‘Edneuza, depois a gente vai tratar esse tema, porque no processo eleitoral fica difícil pra gente provocar a população, pra gente discutir esse negócio. Porque se eu chegar em Lagoa Grande, se eu chegar em Santa Maria, em Petrolina, falando disso, vão dizer que eu estou fazendo isso de

trampolim político, e esse não é meu interesse’. Eu não vim aqui pra pedir voto, até porque eu já estou eleito. Eu vim aqui pra dizer a vocês que o meu trabalho é se somar à luta de vocês”.

Luciano Duque, em discurso.

Você pode acompanhar conteúdos sobre as reuniões e informações sobre a causa, nas redes sociais. No Facebook, pela página Revoga Tatu Bola, no Instagram pelo @revogatatubola. Além disso, para os envolvidos na luta, há

também um grupo no WhatsApp, onde são organizadas e discutidas todas as mobilizações do movimento.

Créditos de imagem: Ábia Ramos

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *