O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconheceu, em conversa com interlocutores, que o governo errou ao manter militares bolsonaristas no Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e na Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Esses cargos permaneceram inalterados mesmo após alertas, feitos por assessores, de que a situação poderia gerar problemas para a administração atual.
Nas reuniões no Palácio do Planalto que decidiram a saída do general Gonçalves Dias do comando do GSI, nesta quarta-feira (19), Lula e equipe avaliaram que a presença desses militares ligados a Bolsonaro foi um “grande equívoco” na largada do governo.
Esses militares, segundo as investigações, teriam se comportado durante a invasão do dia 8 de janeiro muito mais para proteger os invasores do que para tentar contê-los.
As imagens divulgadas ontem mostram exatamente isso: auxiliares do ex-ministro Gonçalves Dias dando água para os invasores e indicando uma saída de emergência para eles.
A Polícia Federal vai, agora, checar se os invasores que foram orientados por militares do GSI foram, ou não, detidos no Palácio do Planalto.
O general Gonçalves Dias diz que sua equipe estava direcionando os bolsonaristas que invadiram o Planalto para o segundo andar, onde seriam presos.
Se não foram, investigadores avaliam que eles foram protegidos para deixar o local e escapar exatamente da prisão.
Incômodo desde janeiro
No início do ano, apesar de criticado por manter militares bolsonaristas, o general Gonçalves Dias apresentou dois motivos:
- alguns seriam amigos dele e de sua confiança;
- outros não poderiam ser afastados porque a saída o trabalho de segurança do Palácio do Planalto.
Aconteceu exatamente o contrário no dia da invasão da sede do Executivo Federal.
Lula segue confiando no seu ex-ministro, não acredita que ele tenha ajudado os invasores, mas ficou irritado com o general por avaliar que ele errou em confiar em bolsonaristas na sua equipe.
Além disso, ou ele foi enganado ao dizer a Lula que não sabia da existência das imagens ou escondeu o fato do presidente porque poderia trazer problemas para ele.G1