Nesta quinta-feira (6), o programa Nossa Voz recebeu a Rosa Amorim, deputada do Partido dos Trabalhadores (PT), que cumpre agenda no Sertão nas cidades de Petrolina, Lagoa Grande, Santa Maria da Boa Vista, Ouricuri e Cabrobó. A parlamentar abordou sobre a pauta principal do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST): a reforma agrária. Durante a entrevista, Amorim discutiu a ocupação de uma área de 400 hectares da Embrapa em Petrolina, realizada pelo MST em abril deste ano. Segundo a deputada, a ocupação foi legítima devido à área não estar sendo utilizada adequadamente pela Embrapa.
“A Embrapa está sob coordenação do estado brasileiro. A Embrapa está há mais de 20 anos sem cumprir aquilo que ela é destinada a cumprir: a plantação de sementes para pesquisa. São mais de 20 anos de uma terra produtiva que não está cumprindo a sua função social. Na verdade, a gente tem pesquisas também de que é uma área que inclusive realiza um evento que é o “Seminário Show”, que na verdade até hoje em 20 anos é só o que a Embrapa realiza”, afirmou Rosa Amorim.
Ela argumentou que a iniciativa do MST é tornar a terra produtiva, algo que seria importante não apenas para a reforma agrária, mas também para a preservação da Caatinga. “O movimento sem terra e quem ocupa estabelece um processo inclusive de convivência com semiárido, de convivência com a caatinga, de preservação do solo. Então para nós tornar aquela terra produtiva seria inclusive importante para a própria preservação da Caatinga”, destacou a deputada.
No entanto, as ações do MST em abril receberam críticas de alguns parlamentares, resultando na criação de uma CPI do MST na Câmara para investigar as lideranças e financiadores do movimento. Amorim considera a CPI uma forma de perseguição política e argumenta que a reforma agrária é constitucional, portanto, o estado não deveria precisar investigar por conta própria a improdutividade da terra.
“A garantia da reforma agrária, ela é constitucional, portanto a gente não viu em nenhum momento da história um estado fazer uma averiguação, fazer uma verificação de uma terra improdutiva por conta própria. Então é o Movimento Sem Terra e outros movimentos que lutam pela terra que de alguma forma precisam pressionar o estado. Na nossa avaliação é uma CPI que visa criminalizar a nossa organização, nós já passamos por diversas CPIs. Essa não é a primeira. Essa é quase a 6ª CPI, que a gente passa a nível nacional. Nada se tira, né? Nada, se conclui é mais do que tudo se mostra o quanto cada vez mais a nossa luta é uma luta justa”, afirma.
Durante o lançamento do Plano Safra da Agricultura Familiar, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou que o ministro do Desenvolvimento Agrário impulsione o Incra, órgão responsável pela reforma agrária, para que o governo não precise esperar as pessoas invadirem terras para depois comprá-las. Amorim concorda com essa avaliação e ressalta a necessidade de recursos e orçamento para o Incra, citando o caso da superintendência de Petrolina, que está em condições precárias.
“Nesse momento é só olhar por exemplo ao que está o Incra de Petrolina caindo as paredes. Olha aí, mas é importante dizer que é um órgão importante, mas um órgão que precisa de recursos. precisa de orçamento. Inclusive a gente tem uma luta agora. A gente tem o superintendente do Petrolina, Edilson Barbosa que veio de Caruaru e assumiu Incra daqui e que faz uma denúncia assim. Nós precisamos tornar o Incra daqui novamente uma série Regional que não seja dependente de Recife e que aqui as pessoas não possam se ter que se deslocar do Sertão para ir resolver questões em relação a crédito em Recife. Então é muito importante que a Superintendência daqui ela se torne Regional.”, finaliza a deputada.
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