A governadora Raquel Lyra (PSDB) retaliou parlamentares do PL e exonerou nomes ligados à sigla de cargos no Governo do Estado em meio a tensão quanto ao projeto que extingue as faixas salariais da polícia militar e do corpo de bombeiros. A decisão foi publicada no Diário Oficial desta terça-feira (30).
Doze funcionários do Prorural indicados pelo deputado federal Coronel Meira (PL) perderam seus cargos, incluindo o diretor-geral Mychel Gomes de Sá Ferraz e o gerente-geral Hercílio de Souza Lira Filho. Ainda, a irmã do deputado estadual Joel da Harpa, Jael Maurino do Carmo, foi exonerada de sua função de coordenadora de unidade do Detran de Jaboatão dos Guararapes.
Presente na votação da emenda que antecipa a extinção das faixas salariais na Comissão de Finanças nesta terça, Meira se mostrou tranquilo frente aos questionamentos referentes às exonerações. Segundo o parlamentar, ele indicou apenas três nomes ao Prorural, e pediu que fossem mantidos outros nove que já estavam lá.
O deputado aproveitou a oportunidade para provocar Raquel, dizendo que ela “não gostou” da foto que ele tirou com a colega Gleide ngelo (PSB), que apresentou o substitutivo que estava dando dor de cabeça à tucana desde a última semana.
Também no plenarinho da Alepe, Joel da Harpa afirmou que já havia pedido para sua irmã deixar o cargo no Detran, e não demonstrou preocupação com a retaliação. Na Comissão, o correligionário Alberto Feitosa disse não ter “nem uma faxineira no Governo”, e reforçou sua oposição à proposta do governo sem temer um revés do executivo.
O texto original das faixas salariais, de autoria da tucana, tem sofrido forte oposição dos bolsonaristas, aliados aos militantes de ambas as categorias, que reivindicam melhor reajuste salarial e unificação antecipada das faixas. O posicionamento sobre a pauta aproximou o PL, até então aliado de Lyra, ao PSB de João Campos.
O único deputado do Partido Liberal (PL) ainda fortemente ligado a Raquel na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) é Renato Antunes, que acabou sendo trocado pela sigla por Alberto Feitosa (PL) na Comissão de Constituição, Legislação e Justiça (CCLJ) na última segunda-feira (29), rendendo uma vitória à oposição.
O episódio foi mais um que desagradou a governadora após meses de aliança inconsistente e unidimensional, colecionando derrotas na Alepe sem os votos que os bolsonaristas poderiam entregar. Agora, Raquel deve se aproximar de alas mais alinhadas com o presidente Lula na Casa.
Folha de PE