Embrapa Semiárido chega aos 50 anos impulsionando ciência e inovação no Sertão

A Embrapa Semiárido está completando meio século de história consolidando-se como uma das principais instituições de pesquisa e inovação voltadas para o desenvolvimento sustentável da região mais árida do Brasil. Fundada em 10 de março de 1975, em Petrolina (PE), a Unidade atua em um vasto território que corresponde a cerca de 12% do país, abrangendo todos os estados do Nordeste e partes de Minas Gerais e Espírito Santo.

O cinquentenário da Embrapa Semiárido marca o papel da instituição no apoio à inovação e ao desenvolvimento científico e tecnológico da região. Chegar a essa marca sendo uma instituição referência para o Semiárido é uma oportunidade de reflexão e reconhecimento da jornada percorrida, das conquistas alcançadas, dos desafios superados, e também de olhar para o futuro”, destaca a chefe-geral interina da Embrapa Semiárido, Lúcia Helena Piedade Kiill.

A instituição viabilizou soluções tecnológicas fundamentais para a agropecuária regional, contribuindo para o aumento da produtividade e a melhoria da qualidade de vida dos agricultores do Semiárido, tornando a região um dos mais importantes polos produtores e exportadores do país. Essa trajetória de sucesso, no entanto, não foi construída sem desafios.

Nos anos 1970, o interior do Nordeste sofria com escassez de água, abastecimento precário e uma agropecuária de baixa produtividade, impactada pela irregularidade das chuvas. Foi nesse contexto que o então Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Semiárido (CPATSA), hoje Embrapa Semiárido, iniciou um processo de transformação tecnológica, investindo em pesquisas para viabilizar a produção mesmo sob condições climáticas adversas.

Ao longo desses 50 anos, a instituição foi decisiva para consolidar uma nova abordagem para o Semiárido: em vez de combater a seca, passou a promover estratégias de convivência e adaptação à realidade climática local. O avanço tecnológico impulsionou a produção com o desenvolvimento de cultivares adaptadas ao calor do sertão, técnicas de manejo para fortalecer a fruticultura e a pecuária, sistemas de captação e armazenamento de água, além de iniciativas para conservação dos recursos naturais e inclusão socioprodutiva das comunidades rurais.

Eixos

Atualmente, as pesquisas da Unidade estão estruturadas em três grandes eixos: Recursos Naturais, Agricultura Irrigada e Agropecuária Dependente de Chuva. Esse modelo tem impulsionado avanços significativos na adaptação de culturas agrícolas, no uso eficiente da água e na valorização do Bioma Caatinga.

De acordo com o chefe adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento, Carlos Gava, a Embrapa Semiárido tem um histórico consistente de entrega de resultados de pesquisa com soluções para as limitações impostas pelas condições do Semiárido à produção agrícola. “Hoje, a Unidade debruça-se sobre o desenvolvimento de pesquisa que permitam aumentar a competitividade agrícola da região, se preocupando com a sua sustentabilidade ambiental, econômica e social, em um cenário desafiante do ponto de vista de clima e solo”, ressalta.

Nesse cenário, segundo Gava, as ações de pesquisa se dedicam, por um lado, a promover a inclusão socioprodutiva no Semiárido e, por outro, aumentar a competitividade de todo o setor agropecuário regional, com iniciativas que vão desde os estudos para exploração sustentável da Caatinga até aquelas envolvendo as técnicas mais modernas utilizadas no país, como a edição gênica de bioinsumos – aumentando sua eficiência quando aplicados na agricultura – e o uso da técnica de RNA interferente para o controle de insetos praga.

Legado

Além da produção animal e vegetal, a Embrapa Semiárido desempenha um papel estratégico na gestão da água em pequenas propriedades, desenvolvendo e aprimorando tecnologias como cisternas, barreiros, barragens subterrâneas e sistemas integrados de produção com reuso de águas cinza. As pesquisas da instituição têm servido de base para políticas públicas e programas como o P1+2, que viabiliza o armazenamento de água em cisternas para abastecimento familiar, e o Programa Água Doce, que implementa dessalinizadores e promove o reaproveitamento sustentável dos rejeitos na produção agropecuária.

Bioma Caatinga

A Caatinga, único bioma exclusivamente brasileiro, é outro objeto de pesquisa da Embrapa Semiárido. A instituição atua na conservação e no manejo sustentável dos recursos naturais, promovendo o uso racional da biodiversidade local. Espécies nativas são estudadas para diversas finalidades, desde a alimentação animal até aplicações medicinais, enquanto programas de recuperação de áreas degradadas buscam mitigar os impactos da exploração agropecuária.

Futuro

Ao longo dessas cinco décadas, a Embrapa Semiárido não apenas desenvolveu tecnologias, mas transformou a realidade de muitos agricultores do sertão. Com um olhar voltado para o futuro, a Unidade segue inovando, atenta às mudanças climáticas e fortalecendo parcerias estratégicas para garantir maior segurança alimentar e impulsionar ainda mais a agropecuária regional.

 

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