Missão composta por 44 delegações de países africanos, entre ministros da agricultura, embaixadores e cientistas participaram, nesta quarta-feira (21), de visita ao Semiárido brasileiro, na região de Petrolina (PE). Integraram a delegação a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, acompanhada da primeira dama Janja Lula da Silva, cinco ministros brasileiros, diretores e chefes de Unidades da Embrapa e instituições parceiras. A programação teve início na Embrapa Semiárido, onde a comitiva conheceu tecnologias para segurança hídrica no Semiárido. A visita também aconteceu em uma unidade de produção de frutas e área de piscicultura da Codevasf.
A ida aos campos experimentais da Embrapa e Codevasf faz parte do II Diálogo Brasil África sobre Segurança Alimentar, Combate à Fome e Desenvolvimento Rural, que acontece de 19 a 23 de maio, sob a coordenação do Ministério das Relações Exteriores (MRE) e Agência Brasileira de Cooperação (ABC). O evento reflete a prioridade da política externa brasileira em fortalecer as relações com os países africanos, pautada em valores compartilhados e cooperação baseada na solidariedade e respeito mútuo.
A visita à Petrolina é resultado de uma ação em parceria entre Embrapa, Ministério da Agricultura, MRE e ABC.
Na segunda-feira (19) a presidente da Embrapa recebeu delegações e participou da sessão de abertura do II Diálogo Brasil África com o presidente Lula. Na terça-feira, ela acompanhou a delegação a uma visita ao estande da Embrapa na Feira AgroBrasília.
“Aqui mostra que a gente foi muito além do que desenvolver tecnologias para o Semiárido, a gente tem inclusão produtiva, a valorização dos saberes locais, das comunidades tradicionais, e isso que trouxe o desenvolvimento aqui para o Semiárido brasileiro. Então é essa ideia que a gente quer transmitir também aos ministros africanos aqui presentes”, declarou a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá.
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Em Petrolina, entre os ministros que participam da visita junto com a presidente da Embrapa e a primeira dama, estão Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária), Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome), Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar) e André de Paula (Pesca e Aquicultura). Da Embrapa, também participaram a diretora de Inovação, Negócios e Transferência de Tecnologia Ana Euler e a chefe-geral interina da Embrapa Semiárido, Lúcia Helena Kiill, além de pesquisadores e técnicos do centro de pesquisa.
No Campo Experimental da Embrapa, a comitiva conheceu soluções tecnológicas para captação e armazenamento de água de chuva, como a barragem subterrânea, que mantém a água no subsolo, o barreiro trincheira, que maximiza o armazenamento de água superficial, e as cisternas, que captam água a partir do telhado das casas para consumo das famílias e para produção de alimentos.
“É um resultado excepcional para as famílias do Semiárido nordestino e outras regiões que podem desenvolver suas potencialidades. O presidente Lula acredita muito no Programa das Cisternas, com orçamento elevado, para levar o sistema para as famílias das regiões mais desfavorecidas do Brasil, principalmente onde há período intenso de seca. Água é vida”, disse a primeira dama Janja Lula da Silva.
As delegações também visitaram a área de experimento com o Sisteminha Embrapa, iniciativa da estatal com a Universidade Federal de Uberlândia e Fapemig (foto abaixo).
Na área de fruticultura, a comitiva conheceu a fazenda de produção de uvas Nunes & Cia, no Perímetro Irrigado de Bebedouro, onde também conheceu as contribuições da pesquisa para a produção irrigada na região, entre elas as cultivares desenvolvidas pela Embrapa (foto abaixo).
“A mensagem que nós temos aqui hoje a trazer pros nossos irmãos africanos é que não existe lugar inóspito que não possa ser transformado. Eles são resilientes, e eles encontram no Brasil, no governo do presidente Lula, um ambiente pra que a gente seja parceiros, que a gente trabalhe junto e levemos as tecnologias, o fomento, o jeito de fazer, a experiência adquirida, adaptação para ser feita lá”, ressaltou o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro. Ele reforçou que a Embrapa também está à disposição para isso, “para também fazer então daquele continente um lugar próspero e cheio de oportunidades como aqui se tornou”.
“Quando olho para esse ambiente, esse Semiárido, lembro-me exatamente do meu país, as mesmas características”, observou Roberto Albino Mito, ministro de Agricultura, Ambiente e Pescas de Moçambique. Ele afirma que, após a visita, sai com a experiência de que realmente não há zonas inóspitas condenadas à pobreza, o que existe é mais ou menos investimento.
“É necessário investir em irrigação, sobretudo, é necessário investir na pesquisa das variedades adaptadas para as zonas semiáridas como estas, no conhecimento humano e nas pessoas, fazer elas acreditarem que podem, elas próprias, com muito trabalho e com conhecimento, transformar essas zonas que são praticamente, entre aspas, condenadas à pobreza, em zonas de riqueza. Essa é a grande mensagem que eu levo para o meu país e penso que todos os meus colegas africanos levam para os seus países”, finalizou.
O grupo também conheceu o Programa “Pescando Inovação”, iniciativa da Codevasf com foco importante na promoção da pesca artesanal e sustentável, bem como no desenvolvimento de atividades de aquicultura.
Ciência e Tecnologia para alimentar uma nação
Mabouba Diagne, ministro da Agricultura e Soberania Alimentar do Senegal, integrante da delegação e participante da visita em Petrolina, agradeceu ao presidente Lula por proporcionar a vinda de 44 nações africanas ao Brasil.
“É a primeira vez que vou a um summit deste nível global e que o presidente vem diretamente falar conosco não por meio de um discurso, mas com o coração. Há 50 anos o Brasil importava comida, hoje com ciência e tecnologia é exportador de alimentos e autosuficiente. Agora o governo brasileiro convidou 44 países africanos para mostrar como isso foi feito. Não é só um pacto diplomático, mas uma parceria com os países africanos”, afirmou.
“Estamos vendo nesta missão que não são tratores e máquinas que alimentam uma nação, mas com ciência e tecnologia”, afirmou, enfatizando que grãos e vegetais podem alcançar altas produtividades em regiões de Savana, com tecnologia e inovação.
O II Diálogo Brasil África prossegue até sexta-feira no Palácio do Itamaraty, em Brasíia.
Fotos: Fernanda Birolo
Fernanda Birolo
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