Na tarde desta quinta-feira (16), em conversa com o presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, foi informado que seria desligado do cargo. A informação da demissão foi confirmada pelo próprio ministro em seu Instagram.
Acabo de ouvir do presidente Jair Bolsonaro o aviso da minha demissão do Ministério da Saúde.
Quero agradecer a oportunidade que me foi dada, de ser gerente do nosso SUS, de pôr de pé o projeto de melhoria da saúde dos brasileiros e— Henrique Mandetta (@lhmandetta) April 16, 2020
Mandetta já havia afirmado durante entrevista, na noite dessa quarta-feira (15), que não ficaria no cargo. “São 60 dias de batalha. Isso cansa!”, disse. “Você vai, conversa, parece que está tudo acertado e, em seguida, o camarada muda o discurso de novo. Já chega, né? Já ajudamos bastante”, completou o ministro.
Mesmo com toda a polêmica envolvendo Mandetta e Bolsonaro, o ministro disse que só deixaria o cargo assim que seu sucessor fosse escolhido e disse não ter se arrependido de ter assumido o cargo na gestão Bolsonaro. Ele informou, em entrevistas anteriores, que toda a equipe dará o apoio necessário para o próximo responsável pela pasta.
Desde o início da crise do coronavírus, ministro e presidente vinham se desentendendo sobre a melhor estratégia de combate à doença. Enquanto Bolsonaro defende flexibilizar medidas como fechamento de escolas e do comércio para mitigar os efeitos na economia do País, permitindo que jovens voltem ao trabalho, o agora ex-ministro manteve a orientação da pasta para as pessoas ficarem em casa. A recomendação do titular da Saúde segue o que dizem especialistas e a Organização Mundial de Saúde (OMS), que consideram o isolamento social a forma mais eficaz de se evitar a propagação do vírus.
Os dois também divergiram sobre o uso da cloroquina em pacientes da covid-19. Bolsonaro é um entusiasta do medicamento indicado para tratar a malária, mas que tem apresentado resultados promissores contra o coronavírus. Mandetta, por sua vez, sempre pediu cautela na prescrição do remédio, uma vez que ainda não há pesquisas conclusivas que comprovem sua eficácia contra o vírus
Oncologista vai assumir pasta
O presidente Jair Bolsonaro começa a receber, nesta quinta-feira, 16, no Palácio do Planalto cotados para substituir o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. O primeiro da lista é o oncologista Nelson Teich, que atuou na campanha eleitoral do presidente e tem apoio da classe médica. A decisão sobre o novo titular da Saúde, no entanto, ainda não está tomada, afirmam interlocutores do governo.
Em reunião nesta quinta-feira (16), o médico foi recebido por Bolsonaro e os ministros da Casa Civil, Walter Braga Netto; da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos; e da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira, além do secretário de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten, que é um dos defensores do nome de Teich.
O oncologista chegou a ser cogitado para o cargo de ministro a Saúde em 2018, ainda no período do governo de transição, quando Bolsonaro escolhia seu ministério. O então presidente-eleito, optou, no entanto, pelo ex-deputado Mandetta, que foi indicação da Frente Parlamentar da Saúde.
Gabbardo quer manter equipe
Cotado para assumir o cargo de ministro da Saúde de forma temporária, o atual secretário-executivo da pasta, João Gabbardo, busca, nos bastidores, segurar a equipe montada por Luiz Henrique Mandetta (DEM), cuja saída é dada como certa. O secretário tem dialogado com a ala militar do governo, preocupada com possível apagão na pasta por uma saída em massa de técnicos da Saúde em plena pandemia de coronavírus.
Gabbardo chegou a afirmar nesta quarta-feira, 15, que aceitaria um convite do presidente Jair Bolsonaro para seguir no ministério, inclusive no comando da pasta.
População rejeita saída de Mandetta
População rejeita saída de Mandetta
A maioria dos brasileiros é contrária à demissão do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, de acordo com pesquisa Atlas realizada entre domingo, dia 12, e terça-feira (14) com uma amostra de 2 mil pessoas. O levantamento indicou que 76,2% discordam da remoção do ministro, que é tida como iminente no Planalto. Apenas 13,7% concordam com a saída dele e 10,1% não sabem.
A pesquisa conta com uma margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos, considerando um índice de confiança de 95%.
Com informações de Agências