Tucanos avaliam que governo Temer acabou e miram julgamento no TSE

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Diante da resistência do presidente Michel Temer em renunciar ao mandato após a crise que se instalou em seu governo com a divulgação de delação da JBS, o PSDB passou a mirar o processo de cassação da chapa presidencial no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) como saída mais viável para uma transição rápida e que deixe menos sequelas no país. O julgamento da chapa está previsto para o dia 06 de junho e, para evitar eventuais pedidos de vista que atrasem o processo, a cúpula tucana já se articula junto a ministros da Corte para evitar esse prolongamento.

Há, no PSDB, um sentimento generalizado de que o governo Temer chegou ao fim. A análise entre as principais lideranças do partido é de que o melhor seria que o presidente renunciasse para que seja promovida uma transição rápida e com algum grau de tranquilidade. A cúpula tucana não descarta conversar com o presidente nos próximos dias para informá-lo de que sua situação se tornou insustentável e que é preciso articular sua saída.

– A coisa está traçada. Não é descartado dizermos ao presidente que não é possível mais, precisamos encontrar uma saída para não parar o Brasil e refletir com ele sobre a conjuntura para ele ajudar no processo de transição. Ele perdeu as condições e precisamos de um novo governo. Se ele achar que tem condição de continuar, ele não contará conosco no governo dele – afirma um senador do PSDB.

As lideranças tucanas avaliam, no entanto, que Temer deu demonstrações, nas horas que seguiram as revelações, de que não pretende abrir mão do cargo e que irá se “entrincheirar” no Palácio do Planalto, junto a auxiliares que têm interesses pessoais em permanecer no poder para manterem o foro privilegiado, como os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria Geral), ambos envolvidos na Lava-Jato. Daí a ideia de sensibilizar os ministros do TSE para que promovam um julgamento rápido que proporcione um desfecho menos “doloroso” para a crise.

– O governo acabou. O que estamos fazendo é tentar encontrar saída negociada para abreviar o sofrimento. Fazer agora uma debandada é acabar literalmente com governo e ameaçar de morte as reformas, porque o PSDB é a principal base de sustentação. Como próximos passos vemos ou a renúncia ou o julgamento no TSE. Alguns no partido entendem que o julgamento é menos traumático, seria a saída honrosa por se tratar de uma decisão judicial. O partido está vendo quem poderia articular junto aos ministros a possibilidade de não ter pedido de vista – explicou um tucano.

SITUAÇÃO ‘INSUSTENTÁVEL’

Para outro parlamentar tucano, que participa das articulações do partido neste momento, o ideal seria Temer renunciar até a semana que vem. Isto evitaria o aumento da pressão popular e da instabilidade política. Caso isto não aconteça, destaca este tucano, o presidente tem o encontro marcado com o TSE daqui a duas semanas:

– O ideal seria até semana que vem ele sair. Mas não sei se isso será viabilizado, ele talvez se agarre ao osso como alternativa derradeira. O entorno dele, com Padilha e Moreira, vai orientá-lo a resistir. Preocupa porque teremos um presidente fragilizado com movimento de rua crescente, o Congresso em frangalhos e vai para o campo das ameaças institucionais. O pior cenário que pode acontecer é o entrincheiramento do Temer no Palácio. Mas Temer vai ter um encontro dia 06 no TSE. Se ele resiste à renúncia, pode ser afastado dia 06 de junho – pontuou esta liderança do partido.

Caso o TSE determine o afastamento do presidente, a Constituição diz, em seu artigo 81, que, “ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei”.

Na quinta-feira, após movimentação de ministros tucanos para deixarem seus cargos, pressionados pela base, o presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), divulgou nota afirmando que pediu aos ministros que permanecessem no governo até a análise do conteúdo das gravações envolvendo o presidente Michel Temer e o dono da JBS, Joesley Batista. Mas, já existe um consenso na cúpula tucana de a situação do governo se tornou “insustentável” e que é preciso promover a transição para uma nova gestão.

O Globo

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