BRASÍLIA — Sob protestos da oposição, a comissão da Câmara dos Deputados que discute a reforma política aprovou a implementação do sistema distrital misto para a eleição de deputados e vereadores a partir de 2022. A votação foi feita de maneira simbólica, sem o registro dos votos de cada deputado, o que gerou reações na oposição. Depois de muito debate, a sessão acabou suspensa para se tentar buscar um acordo.
ENTENDA: Como funcionam os sistemas eleitorais
A adoção do sistema a partir de 2022 faz parte de um acordo para que o PSDB apoie o chamado “distritão” em 2018, modelo que facilita a reeleição dos atuais parlamentares. Mas como revelou o GLOBO, há mobilização na Câmara para que o “distritão” seja transformado em modelo definitivo, o que poderia ser feito na votação em plenário ou na próxima legislatura.
Após a proclamação do resultado da votação do destaque, deputados de PT, PSOL e PHS protestaram em plenário cobrando que o presidente da comissão, Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), realizasse a votação nominal. Aos gritos e com dedo em riste vários deles criticaram a postura do peemedebista.
— É um atropelo para colocar o voto distrital a fórceps na Constituição. Não vamos aceitar — reclamou Henrique Fontana (PT-RS).
— Aprovar dessa forma é golpe, é ilegítimo e imoral — afirmou Ivan Valente (PSOL-SP).
O presidente da comissão tentou contornar a polêmica.
— Não adianta gritaria no meu pé de ouvido — afirmou Lúcio Vieira Lima.
Além de ter ocorrido um acordo de que o presidente da comissão poderia determinar quando entendesse necessário a votação nominal, o PT tinha tentado derrubar a sessão meia hora antes com um pedido de verificação de quorum e, portanto, não tinha mais o direito regimental de exigir esse tipo de votação.