RIO – Depois de fazer duras críticas a Fernando Haddad (PT) em sabatina organizada ontem pelo GLOBO, Valor Econômico e Revista Época, o candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, afirmou nesta quinta-feira que votaria no petista caso ele consiga chegar ao segundo turno das eleições presidenciais.
– Se ele (Haddad) for para o segundo turno, voto nele, simples assim. Como votei nos últimos 16 anos, engolindo tudo o que eu não precisava engolir – disse Ciro.
De acordo com pesquisa Ibope divulgada nesta semana, Ciro e Haddad estão tecnicamente empatados, com 11% e 8% das intenções de voto, respectivamente, junto com Marina Silva (Rede) e Geraldo Alckmin, ambos com 9%. Jair Bolsonaro aparece em primeiro lugar, com 26%, e já está praticamente consolidado como um dos dois candidatos que estarão no segundo turno.
Apesar de declarar voto em Haddad em um eventual segundo turno, Ciro questionou o fato de o adversário do PT subir no palanque com o senador e candidato à reeleição Eunício Oliveira (MDB-CE).
– Eu que sou de lá, não aceito apoio do Eunício Oliveira. Denuncio o Eunício, porque é golpista. Ele (Haddad) vai, desce no Ceará, e abraça o Eunício Oliveira – afirmou.
As declarações foram feitas durante um debate na Academia Brasileira de Ciências, na região central da capital, onde o candidato do PDT apresentou suas propostas de governo para o setor.
Pouco antes do evento, em coletiva à imprensa, Ciro fez alguns elogios pessoais a Haddad, mas voltou a dizer que o candidato do PT não tem experiência para ser presidente e desconhece o Brasil, como havia afirmado na sabatina.
– A burocracia do PT estava cansada de saber que o Lula não ia ser candidato. Agora querem excitar a população para votar em uma pessoa que não tem conhecimento do Brasil. O Haddad é um querido amigo, uma excelente pessoa, tenho por ele grande afeto. Mas não tem experiência – afirmou.
Na sabatina de ontem, Ciro Gomes já havia criticado o PT e Haddad, ao dizer que se acha “um pouco mais largo” do que o petista, por ter uma proposta que fala à centro-esquerda. Na ocasião, Ciro também disse que não aceitou ser candidato a vice na chapa de Lula porque o Brasil não aguentaria ter outro presidente indicado, ‘por procuração’, como Dilma Roussef. Perguntado se esse também seria o caso de Haddad, o candidato do PDT disse ‘não ter a menor dúvida’.