O 1º de Maio marcou o início de uma jornada de centrais sindicais e movimentos sociais contra a reforma da Previdência, que pode ser votada ainda em julho na Câmara dos Deputados. As celebrações do Dia do Trabalhador em todo o País colocaram em xeque a pauta que, atualmente, está sob avaliação de uma comissão especial da Casa Legislativa Federal. No Recife, a mobilização dos trabalhadores se concentrou na praça do Derby. O ato unificado, realizado pela primeira vez em várias capitais do Brasil, reuniu por aqui sete centrais sindicais. A promessa desta articulação é promover outras paralisações de classes ao longo do mês. No dia 15 já está marcada um dia de greve do segmento educação, onde escolas públicas, particulares e universidades prometem parar.
“O que propiciou nosso ato foi esta pauta desastrosa (da reforma da Previdência). Uma pauta que busca acabar com movimento sindical e que, se passar, vai causar profunda pobreza no Brasil”, destacou o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) em Pernambuco, Paulo Rocha. O sindicalista reforçou que o cenário que se desenha no Brasil é temerário e pode fazer com que o País viva crises semelhantes as que se passam em outros países latinos. “No Chile, por exemplo, nos últimos anos quase mil pessoas idosas cometeram suicídio porque não conseguiram sobreviver com a Previdência posta para os aposentados. No México, 45% da população está na pobreza extrema”, exemplificou. Paulo Rocha afirmou que na próxima semana está sendo definida a agenda completa das mobilizações em Pernambuco, alinhadas com um cronograma nacional.
No ato unificado do Derby, movimentos sociais e políticos usaram a praça pública para repudiar as propostas de mudança à Previdência. “Estamos encarando com muito temor, muito medo, porque essa reforma não veio para ajudar. Ela não está para acabar com regalias, mas para acabar com a aposentadoria. E nós, professores, estamos sendo atacados em cheio. O Governo Federal coloca como se a gente tivesse privilégios, mas não temos privilégios”, reclamou o professor José Ronaldo Cândido, do movimento Lute como uma Professora, sobre os receios da categoria que pode ter o tempo de contribuição ampliado para aposentadoria, assim como estabelecimento de idade mínima. Quem trouxe um recorte importante de gênero foi a representante do Movimento Marcha Mundial das Mulheres, Sheila Samico. “A reforma trabalhista já impactou muito nas vidas das mulheres e a da Previdência vai ser ainda mais. Por isso, estamos nas ruas resistindo para que ela não passe”, disse.
O deputado federal Carlos Veras (PT), que integra a comissão especial da reforma, compareceu ao ato. Ele alfinetou a tentativa de celeridade da matéria na Câmara, com uma série de audiências concentradas em maio. “Eles não têm 308 deputados para votar a favor dessa reforma criminosa. O povo sabe disso e está reagindo. Esse 1º de Maio é uma prova, com a unidade das centrais sindicais. Na comissão especial vamos desmascarar e desmontar essa farsa que está sendo montada”, disparou.
Folha de PE