Com debate, nesta quinta-feira (12), sobre fatores políticos, econômicos, ambientais, tecnológicos e de consumo, os participantes da IX Semana da Caprinocultura e da Ovinocultura Brasileiras (SECOB) traçaram tendências de futuro para estas atividades produtivas nos próximos dez anos. As discussões que envolveram produtores rurais, empreendedores, pesquisadores, técnicos e agentes públicos das regiões Centro-Oeste, Nordeste, Sudeste e Sul do país serão tomadas como referência para a agenda de pesquisa e inovação da Embrapa e para contribuição a políticas públicas.
Divididos em grupos para detalhamento dos cenários e tendências da produção de carne e leite, os participantes puderam traçar diagnósticos e propor ações para as atividades produtivas nos próximos dez anos. Foram identificadas questões como a necessidade de ajustes de legislação à realidade produtiva; a ampliação da escala de produção e a perspectiva de ocupação de nichos de mercado; as oportunidades de Marketing associadas ao turismo, sustentabilidade e identidade territorial; a adequação da atividade a sistemas integrados de produção com uso racional de recursos naturais; a inserção em um universo de agricultura tecnificada, com uso das tecnologias de informação e comunicação.
Dos 83 participantes da Semana, 29 foram do setor produtivo (produtores rurais e suas associações). É o caso de Joaquim Dantas, da Fazenda Carnaúba, situada em Taperoá, no Cariri Paraibano, uma das principais regiões produtoras de leite de cabra no país – o estado tem, segundo dados do IBGE (2017), o quinto maior rebanho de caprinos do Brasil, com aproximadamente 613 mil animais. Para ele, a discussão na SECOB traz uma boa expectativa de perceber cadeias produtivas em organização.
“Estamos junto um pessoal competente e focado, que, com organização, possa ampliar tanto a produção de leite e seus derivados, como a produção de carne, contribuindo para aumento de faturamento nas propriedades, o que é essencial para que se mantenha o homem no campo com dignidade”, afirmou ele.
Também do Cariri paraibano veio Rubens Remígio, da Cooperativa dos Produtores Rurais de Monteiro (Capribom). Vindo de uma região de tradicional produção de leite, ele disse que a SECOB trouxe a oportunidade de diálogo com produtores que têm como principal negócio as carnes ovina e caprina. “Aprendemos muito com o pessoal da Bahia, um estado que trabalha com a carne de forma mais forte. Não devemos ficar isolados, sem dialogar ou trocar ideias”, destacou ele.
Um destes empreendedores do segmento de carne da Bahia – estado que lidera os efetivos de caprinos e de ovinos no Brasil, com respectivamente 2,9 milhões e 3,7 milhões de animais, segundo o IBGE (2017) – é Roberis Silva, diretor da Corderito Alimentos, em Itabuna (BA), que acredita que o aspecto principal dos debates da SECOB foi a abertura de espaço para as contribuições de agentes diversos do setor produtivo. “Espero que este grupo se mantenha atento e atualizado, contribuindo com as pesquisas e o aperfeiçoamento das políticas públicas e privadas, para termos mais competitividade”, destacou ele.
Os encaminhamentos das discussões serão sistematizados pela equipe da Embrapa Caprinos e Ovinos que disponibilizará, em breve, um relatório e outras informações referentes às discussões da SECOB em sua página no portal da Embrapa (www.embrapa.br/caprinos-e-ovinos). Para o chefe-geral da Unidade, o pesquisador Marco Bomfim, além de diretrizes para o futuro das atividades, o evento também trouxe casos de empreendedores que podem servir de referência para a produção.
“O futuro dessa atividade é baseado nessas experiências reais, concretas. Essas pessoas são pioneiras que estão abrindo os caminhos e dando direcionamento a quem vem depois. Queremos contar com esta inteligência e fortalecer essa rede nos próximos anos”, disse Bomfim.
Adilson Nóbrega (MTB/CE 01269 JP)
Embrapa Caprinos e Ovinos