Ato marca quatro anos da morte da menina Beatriz, assassinada dentro de escola em Petrolina

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Nesta terça-feira (10), dia em que completam-se quatro anos do assassinato de Beatriz Mota, aos 7 anos, dentro de uma escola em Petrolina, no Sertão do Estado, a família da menina participa de um protesto na cidade. O ato está marcado para as 17h, na Praça Dom Malan, em frente ao colégio onde ocorreu o crime.

“Não podemos nos calar, até que a justiça seja feita! Junte-se a nós nesta luta! Somos todos Beatriz e o que nós queremos é justiça. Nada e nem ninguém irá calar nossa voz, até que se faça Justiça por Beatriz. O assassinato de nossa princesa, de apenas 7 anos, ainda segue impune e sem solução. Já fizemos as denúncias. Já cobramos de todas as autoridades”, diz texto da família convidando para o protesto.

No ato, haverá uma mostra de fotos de Beatriz e da trajetória do grupo Somos Todos Beatriz.

Morte da menina Beatriz

A mãe de Beatriz, Lucinha Mota, foi a última a ver a criança com vida, durante a festa de formatura da irmã mais velha na Escola Nossa Senhora Auxiliadora, em Petrolina, em 10 de dezembro de 2015. A menina pediu para beber água e desapareceu em seguida. O corpo foi encontrado cerca de 40 minutos depois, com 42 perfurações de faca.

O que aconteceu nesse espaço de tempo permanece um mistério, mesmo quatro delegados no comando das investigações. Em dezembro de 2016, quando o caso estava prestes a completar um ano, a família divulgou uma série de cards com questionamentos à polícia. Entre as muitas lacunas, os familiares queriam saber por que a escola realizou uma reforma sem motivos aparentes em uma sala de balé, próxima ao local onde Beatriz foi encontrada morta. A resposta nunca chegou. Na mesma época, a delegada Gleide Ângelo, famosa por desvendar casos de repercussão no Estado, foi designada para as investigações, que antes já haviam sido conduzidas pelos delegados Sara Machado e Marceone Ferreira.

Em março de 2017, o caso teve o seu maior avanço, com a divulgação das imagens do suposto assassino de Beatriz. Elas teriam sido recuperadas, após serem apagadas por um prestador de serviço da escola. A primeira negativa de acesso ao inquérito, que corre sob sigilo, ocorreu em novembro daquele ano. Após um protesto no Palácio do Campo das Princesas, sede do governo estadual, a Polícia Civil designou a delegada Polyana Neri para atuar com exclusividade no caso.

Até dezembro de 2018, 50 pessoas que não haviam sido inquiridas foram ouvidas. Além delas, 30 testemunhas depuseram novamente, segundo nota enviada pela polícia.  A investigação ocorre sob segredo de justiça.

Em 16 de outubro deste ano, Lucinha Mota veio ao Recife protocolar junto à Corregedoria da Secretaria de Defesa Social (SDS) novas evidências obtidas pela família, através de investigação paralela às da Polícia Civil. As provas, segundo ela, mostram desvio de função de um funcionário público, que teria ainda atrapalhado o inquérito policial.

“Temos provas de que um perito que trabalhou no Caso Beatriz elaborou um plano de segurança para o Colégio Nossa Senhora Auxiliadora (onde o assassinato aconteceu) após o crime. Enquanto agente público, ele não pode estar recebendo dinheiro para realizar esse tipo de serviço. Essa mesma pessoa produziu laudos com conteúdos duvidosos, que talvez tenham direcionado as investigações para outro lugar”, denuncia Lucinha. A mãe não forneceu maiores detalhes para não atrapalhar as investigações da Corregedoria.

Um dos pleitos antigos da família, o acesso ao inquérito policial foi concedido em maio, de acordo com a mãe da criança. “A impressão que passa é de autossabotagem. Acredito que existe uma linha forte de investigação, que vinha da primeira delegada e que foi bagunçada com a chegada do segundo e da terceira delegada. A quarta voltou para a mesma linha de investigação da primeira. Espero que a Corregedoria leve à frente, investigue os fatos e puna exemplarmente”, afirmou.

Em nota, na época, a Corregedoria Geral da SDS informou que seria instaurada uma Investigação Preliminar (IP) para apurar os fatos relatados. “Serão ouvidas as partes envolvidas e testemunhas, além da análise de documentos e outros materiais que colaborem com esclarecimentos. Se houver elementos suficientes, poderá ser instaurado um Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD)”, diz um trecho do comunicado.

O colégio Nossa Senhora Auxiliadora também divulgou nota, ressaltando que teve conhecimento das informações através da imprensa. “Até o momento a instituição não teve acesso, oficialmente, ao teor da manifestação, portanto, não pode, neste momento, emitir qualquer declaração sobre o assunto”, diz a nota. “A unidade de ensino reforça que está acompanhando atentamente os desdobramentos da denúncia e no momento oportuno manifestará sua defesa, caso se faça necessário.”

JC

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