Marília Arraes dobra PSB, fica no PT e será candidata ao Senado

Na próxima segunda-feira, Marília Arraes terá um encontro pessoal com Lula, em São Paulo, para discutir a sucessão no Estado. Ela ameaçava deixar o partido e causar sérios danos à Frente Popular e ao PT, com a derrocada da chapa de proporcionais. Além disto, poderia se bandear para a oposição, marchando com Raquel Lyra e Priscila Krause.

Em pesquisas recentes no Estado, Marília Arraes lidera com folga as intenções de voto para o Senado. Em um levantamento do mês passado, ela também aparece em primeiro lugar para governadora. Dai ter se animado com a chance de tentar derrotar os socialistas no poder.

Na quinta-feira da semana passada, a deputada havia tomado a decisão de abandonar o partido, insatisfeita com a condução do processo. Mesmo liderando as pesquisas, ela estava sendo vetada por setores do PT e PSB, que não a queriam na chapa, pelo histórico de desavenças. A disposição era ir para o Solidariedade, ou mesmo o MDB.

A manobra do PSB deve acabar esvaziando a reunião do PT, de hoje, para discutir a indicação. Além de Marília Arraes, estavam no páreo Teresa Leitão e Carlos Veras.

“A ameaça de “pinote” de Marília deu resultado. Espero que ela fique na chapa com os dois pés e que o PSB abrace a candidatura dela com as duas mãos. Doutor Arraes me dizia que para perder uma eleição, basta a base estar dividida”, diz uma raposa felpuda do PSB.

“Ela é boa. Enquanto os outros fazem a disputa interna, ela faz a pressão de fora para dentro”, analisa um petista.

Disposição era até mesmo sair para o governo do Estado

Depois de estar fora do PT, de ameaçar ir inicialmente para o Solidariedade, a disposição de Marília Arraes era disputar o Palácio do Campo das Princesas contra o candidato do PSB, Danilo Cabral, cujos aliados socialistas governam o Estado há quase 16 anos. A outra opção da deputada federal é sair candidata ao Senado, se as negociações mais amplas não derem resultado esperado.

Para o pleito desse ano, a intenção inicial de Marília Arraes era criar um novo palanque para Lula, mesmo fora do PT, unindo a oposição não-bolsonarista ao PSB no Estado. Como aconteceu com a eleição de Eduardo Campos, em 2006, quando a oposição teve o nome dele e de Humberto Costa, pelo PT, com dois palanques para o ex-presidente Lula.

A deputada federal planejava anunciar a futura legenda até terça-feira. Ela deve se encontrar com Lula em São Paulo, na segunda, seja para comunicar a decisão de sair do PT e virar senadora, seja para tentar o aval para o segundo palanque.

Até a manobra de João Campos, a jovem deputada federal estava dividida entre o Solidariedade de Paulinho da Força, o mais provável, e o MDB, de Renan Calheiros.

O Solidariedade era menor e está sem lideranças no Estado, o que daria a Marília Arraes carta branca para comandar as articulações.

O MDB tem mais recursos do fundo partidário e tempo de TV, mas está aliado da Frente Popular e precisaria dar um salto solto triplo carpado para a oposição.

Jornal do Comércio

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