Na segunda-feira (18), o Programa Nacional de Imunizações (PNI) completa 50 anos de existência com um histórico de vitórias e desafios para continuar enfrentando as doenças transmissíveis. Atualmente, o programa oferece 32 vacinas na rede pública, mas Brasil só produz metade das vacinas que usa.
A criação do PNI, em 1973, foi um marco na saúde pública brasileira, como explica o diretor da Organização Pan-americana da Saúde, Jarbas Barbosa.
A pandemia de Covid-19 mostrou que a preparação para o enfrentamento de novas doenças exige modernas fábricas de vacina e habilidade para tirar o melhor proveito de parcerias nacionais e internacionais.
Por sua longa história e por ser um dos maiores fornecedores de vacinas para o PNI, o Instituto Butantan batalha para avançar e superar dificuldades. Com doações, construiu uma nova fábrica e trabalha em novas vacinas, como a da dengue e Chikungunya. Por lá também foi desenvolvida uma fórmula para uma vacina contra a gripe aviária, apontada como uma das ameaças de pandemia no futuro.
De olho no futuro
Outro importante fornecedor de vacinas brasileiras é a Fiocruz e, por lá, os olhos também estão voltados para o futuro da imunização.
“Nós estamos num momento de inflexão, onde estamos apostando muito mais em acordos de desenvolvimento próprio, nacional, com parceiros nacionais com desenvolvimento também com as multinacionais que lideram o mercado de vacinas e também com a transferência de tecnologia. Mas lado a lado, não somente transferência de tecnologia, como no desenvolvimento de tecnologias idealmente aqui no Brasil”, explica o presidente da Fiocruz, Mario Moreira.
Uma das grandes conquistas da ciência brasileira foi a rapidez na produção e eficácia das vacinas de RNA mensageiro criadas no laboratório Bio-Manguinhos, da Fiocruz, no Rio de Janeiro.
O RNA carrega as instruções para que nosso sistema imunológico produza proteína do vírus, bactéria ou causador da doença que se quer atacar. Ao conseguir sintetizar e embalar o RNA em partículas de gordura, os cientistas conseguiram uma forma de levar para as células a receita que desencadeia a produção de anticorpos.
Os pesquisadores de Bio-Manguinhos usam o mesmo princípio das vacinas internacionais, mas com mudanças na fórmula que garantem uma patente nacional.
“A gente ainda desfruta disso que a gente construiu ao longo dos anos e esse aniversário do Programa Nacional de Imunizações é uma forma da gente resgatar essa conversa com a população brasileira”, completa Kallás.G1