Em Recife, João Campos tem saia-justa com aliados

Os planos do PT de indicar o vice na chapa de João Campos (PSB) para a reeleição em Recife têm colocado o prefeito numa saia-justa. O partido dá como certa a aliança e já se debruça sobre três nomes para a composição; por outro lado, aliados de Campos avaliam que a parceria não está definida, já que, com a intenção do prefeito de tentar o governo de Pernambuco em 2026, o PT herdaria o comando da capital, caso ele fosse eleito.

Além disso, o PDT, sigla da atual vice, Isabella de Roldão, sinaliza deixar a base, mas por conta de um briga interna entre os irmãos Ciro e Cid Gomes, que culminou com a saída do senador e de seu grupo da legenda. O desembarque deles está previsto para o mês que vem, justamente no PSB. Antes da rixa familiar, porém, PT e PDT haviam feito um acordo condicionando o apoio a João Campos em Recife à reeleição do cirista José Sarto (PDT) em Fortaleza. A ala de Cid, contudo, apoia a pré-candidatura de outro pedetista, Roberto Cláudio, na capital do Ceará.

O presidente do PDT em Pernambuco, Wolney Queiroz, avalia que a provável chegada de Cid ao PSB terá efeitos colaterais:

— Há total entrosamento nosso com o PSB, João Campos e o projeto de reeleição, mas, no âmbito nacional, surgiram problemas. O PSB está recebendo o senador Cid Gomes e seu grupo, e provavelmente (Cid) irá enfrentar nosso prefeito (em Fortaleza), o que acaba tendo efeitos colaterais. Se continuarmos com João, iremos brigar por espaço. Mas hoje não sei dizer se ficaremos na aliança — disse o dirigente pedetista.

Ao GLOBO, o presidente do diretório municipal do PSB em Recife, Gabriel Leite, negou que a aliança com o PT esteja selada, embora a petista Gleisi Hoffmann, presidente nacional da legenda, tenha anunciado o acordo em visita ao estado. Nos bastidores, os nomes do deputado federal Carlos Veras, da vereadora Liane Cirne e do ex-vereador Mozart Sales são apontados como os pré-candidatos a vice. Eles consideram a aliança como certa e afirmaram que o nome será uma escolha conjunta do PT. Leite, porém, garante que essa discussão será posta nos próximos meses.

— Esse debate ainda será feito, e junto a todos os partidos da base de João Campos. Hoje o PSB e o PT têm uma relação muito próxima: o PSB foi o primeiro partido a apoiar a reeleição de Lula e está na vice-presidência, e o PT faz parte da gestão municipal (o partido comanda as pastas de Meio Ambiente e Habitação), mas esse debate de formação de alianças ainda vai ocorrer — afirmou o dirigente municipal.

Parte dos filiados do PT reconhece que ainda faltam elementos para a aliança se concretizar. O deputado estadual João Paulo, que foi prefeito de Recife entre 2001 e 2009, diz que o apoio ocorrerá independentemente da composição:

— Apesar de o PT ter pleiteado a vice-prefeitura, ainda não tem definição. Uma banda do partido ainda defende a candidatura; outra quer compor, mas o PT decidiu ter duas secretarias e irá apoiar João Campos independentemente disso.

Ainda formam a base de João Campos as siglas Avante, PCdoB e MDB.

Enquanto João Campos define quem estará em sua chapa, a governadora do estado, Raquel Lyra (PSDB), ainda não anunciou quem apoiará na capital. Até o momento, há especulações em torno de dois nomes, o da vice-governadora Priscila Krause (Cidadania) e o do secretário de Turismo e Lazer, Daniel Coelho (PSDB).

O Globo

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