O Governo de Pernambuco lançou, nesta segunda-feira (29), o Edital Caatinga, processo público direcionado a organizações da sociedade civil com experiência em preservação ambiental e reflorestamento.
A ação aconteceu em alusão ao Dia da Caatinga, celebrado no dia 28 de abril, e tem como objetivo recuperar áreas degradadas no semiárido do Estado.
O investimento total da ação é de R$ 16 milhões. Ao todo, devem ser plantadas 500 mil mudas do bioma caatinga em áreas de reflorestamento no Estado.
“A caatinga é um bioma com muita diversidade que, por muito tempo, foi sinônimo de desigualdade, solo rachado e pobreza. A ciência já indica que não é bem assim e que essa pobreza atrelada a ela seja muito mais por uma questão política do que geográfica”, começou a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB).
“A gente quer Pernambuco como referência no Nordeste em recuperação ambiental. A gente vai servir como um bom exemplo como a primeira iniciativa de plantio de floresta na caatinga. A gente imaginava que, por aparentemente ser tão pobre, a caatinga não precisava ficar de pé. Tudo que a gente tem com pesquisas e estudos para poder mostrar os impactos econômicos, ambientais e sociais durante esse projeto, que não tem fim”, afirmou a governadora.
Ainda segundo o governo, a ação também tem o objetivo de impactar o setor de agricultura familiar.
“Para garantir que a produção seja mais eficiente e garantir mais emprego e renda para a nossa gente. Colocamos recursos para quem vive no Sertão e no Agreste pernambucano, para que eles possam recompor a nossa caatinga. É um trabalho em favor da luta contra o aquecimento global, mas também para que as pessoas possam viver no seu chão recebendo por isso”, destacou a governadora.
Ainda não há previsão oficial para início do plantio das mudas, já que a gestão passa agora para a etapa de contratação de empresas por meio de Termos de Fomento.
Essas organizações vão fazer propostas para mostrar como devem fazer esse trabalho mediante aprovação do Estado. Ainda assim, há a possibilidade do reflorestamento acontecer ainda neste ano, a partir de novembro, quando o bioma está receptível para receber novas árvores.
“A gente pode usar, se tudo correr bem, o período de novembro a março do próximo ano para começar esse plantio. A gente quer organizações que trabalhem em rede, levando em consideração os agricultores daquela área, que já trabalham e utilizam aquele solo. Mas, até lá, temos muito trabalho pela frente”, explicou a secretária de Meio Ambiente, Sustentabilidade e Fernando de Noronha, Ana Luiza Ferreira.
Caatinga resiliente
A caatinga é o bioma de maior predominância em Pernambuco, com 80% de cobertura do território. Isso reflete diretamente na agricultura familiar no Estado, principalmente no Sertão.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a área possui 316.862 habitantes, com uma população rural de 163.187 pessoas, pouco mais de 51%.
Acima de tudo, no entanto, o bioma é resiliente, e pode se transformar seguindo o ciclo anual das chuvas. Em períodos de estiagem, a vegetação perde as folhas como uma estratégia para reduzir a perda de água, que fica mais escassa. Ainda assim, na época das precipitações, as folhas verdes e árvores floridas voltam à tona.
A política de reflorestamento tenta combater a estiagem, que, ano após ano, afeta diversas cidades do Sertão pernambucano, para ampliar a capacidade de produção agrícola.
“É um bioma com muita resiliênicia e biodiversidade, capaz de se adaptar às necessidades durante o ano. É apenas o primeiro passo para promover o reflorestamento da nossa mata para que possamos, também, lutar contra o aquecimento global e nos adaptarmos à crise climática”, completou a secretária Ana Luiza Ferreira.
Folha de PE