Caixa reabre linha de R$ 300 milhões para microcrédito a empresas

Cerca de 160 mil empreendedores poderão ter acesso, ainda no segundo semestre, a crédito barato com orientação técnica. A Caixa Econômica Federal reabriu a linha Microcrédito Caixa Repasse, que destinará R$ 300 milhões até dezembro ao programa.

Com valor mínimo de R$ 100 mil, os empréstimos terão juros a partir de 0,69% ao mês, com o valor final da taxa dependendo da viabilidade do projeto. O pagamento será feito em 48 parcelas com a primeira somente 6 meses após a contratação. Como a ação faz parte do Microcrédito Produtivo Orientado (MPO), coordenado pelo Ministério do Trabalho e Emprego, os juros estão limitados a 4% ao mês.

O dinheiro será emprestado às entidades de crédito que integram a Associação Brasileira de Entidades Operadoras de Microcrédito e Microfinanças (Abcred). Caberá a essas entidades emprestar os recursos aos empreendedores. Os interessados devem entrar em contato com uma das instituições listadas no site da Abcred.

A linha de crédito reaberta terá condições diferentes do SIM Digital, programa de microcrédito criado em março de 2022 que emprestava de R$ 300 a R$ 1 mil com juros baixos, inclusive para quem tinha até R$ 3 mil em dívidas. O SIM Digital foi encerrado em junho deste ano, após a revelação que, dos R$ 3 bilhões emprestados, R$ 2,6 bilhões não foram pagos, com índice de inadimplência em 87%.

Diferentemente do SIM Digital, o MPO concede empréstimos mediante análise da viabilidade do projeto. Voltado à ampliação da capacidade produtiva, esse tipo de crédito pode financiar a melhora do fluxo de caixa (capital de giro). O MPO também pode ser usado para a compra de equipamentos, móveis, ferramentas e demais itens necessários ao funcionamento da atividade econômica. Todo o processo de contratação de empréstimos tem supervisão técnica.

Durante o anúncio da reabertura da linha, a presidente da Caixa, Rita Serrano, disse que a medida é importante para regionalizar o crédito. Ela também ressaltou a importância do acompanhamento técnico dos empréstimos.

“O microcrédito tem de ser uma política pública. Não pode ser meramente uma operação financeira. Senão não dá resultado. Tem que ter um acompanhamento para gerar resultados”, defendeu Rita Serrano. “Atuando junto às instituições de microcrédito, o atendimento é regionalizado, com atendimento personalizado e orientação aos tomadores”, acrescentou.

Presente ao relançamento da linha de crédito, o vice-presidente Geraldo Alckmin disse que a iniciativa estimulará o pequeno empreendedor a crescer e a gerar renda, e que a Caixa será um “importantíssimo” instrumento de desenvolvimento.

A presidente da Abcred, Isabel Baggio, destacou o baixo índice de inadimplência do MPO. “O crédito assistido, focado e acompanhado tem esse perfil. O nível de endividamento é baixo, pois cuidamos sobre o que as pessoas têm e o que gastam”, explicou.

Agência Brasil

Supremo aprova consignado a beneficiários de programas sociais

O Supremo Tribunal Federal (STF) aprovou, por unanimidade, a liberação de empréstimos consignados para beneficiários de programas sociais, como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC). O crédito consignado é aquele concedido pelas instituições financeiras com desconto automático das parcelas em folha de pagamento do salário ou benefício.

A votação no STF foi concluída na noite desta segunda-feira (11), no plenário virtual. A ação para barrar a liberação de consignado a beneficiários dos programas de transferência de renda foi aberta em agosto do ano passado pelo PDT.

O partido questionou, entre outros pontos, a possível ampliação do superendividamento dos beneficiários que aderirem a essa modalidade de crédito. Para o partido, o empréstimo consignado torna vulnerável quem contraiu o crédito, uma vez que parte da renda fica comprometida antes mesmo do recebimento.

As alterações questionadas estão previstas na Lei 14.431/2022, sancionada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que permitiu que os descontos em folha poderiam chegar a até 45% dos benefícios.

Julgamento

O julgamento no STF foi iniciado em junho deste ano, quando o relator do caso, ministro Nunes Marques, alegou que a suposta posição de vulnerabilidade do público-alvo não retira sua capacidade de iniciativa e de planejamento próprio. Segundo ele, os novos limites da margem consignável “não se mostram incompatíveis com os preceitos constitucionais”.

Em 30 de junho, a Corte já havia formado maioria para manter o consignado a beneficiários de programas sociais, mas o julgamento foi paralisado com o pedido de vista do ministro Alexandre de Moraes. A análise foi retomada em 1º de setembro e Moraes seguiu o voto do relator, assim como os demais ministros.

Esse tipo de crédito foi interrompido em março deste ano quando o governo publicou a medida provisória que recriou o Bolsa Família. Na tramitação do texto no Congresso Nacional, os parlamentares mantiveram o consignado. O projeto aprovado, entretanto, autoriza no máximo 35% de desconto, enquanto a legislação anterior permitia até 45%.

BPC

O BPC, pago pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), é destinado a idosos com mais de 65 anos de idade e pessoas com deficiência que comprovem baixa renda. Para isso, a renda per capita (por pessoa da família) deve ser de até um quarto do salário mínimo, o que hoje dá R$ 330.

Em comunicado, o INSS informou que, em razão da decisão do STF, a instrução normativa regulamentando o consignado no âmbito do instituto será publicada nesta terça-feira (12). Assim como previsto em lei, o beneficiário poderá comprometer até 35% da renda básica, que é de um salário mínimo, hoje R$ 1.320.

Segundo dados de agosto, 5.467.595 pessoas recebem o BPC. Desse total de beneficiários, 1.699.057 tem ao menos um contrato ativo de empréstimo consignado. O valor médio de desconto é de R$ 434,97. O valor máximo da parcela, no entanto, pode chegar a R$ 462.

Já a regulamentação do consignado para beneficiários do Bolsa Família passa pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome.

Agência Brasil

Microempreendedores de Pernambuco têm R$ 450 milhões disponíveis para contratação no BNB

O Banco do Nordeste (BNB) disponibilizou cerca de R$ 450 milhões, por meio do programa Crediamigo, para microempreendedores de Pernambuco. Os recursos podem ser captados até dezembro e usados na compra de insumos, ferramentas ou mesmo para reforçar o caixa dos negócios dos clientes. Cada operação pode captar até R$ 21 mil e o dinheiro é liberado de uma só vez, em até sete dias.
Segundo o superintendente do BNB em Pernambuco, Pedro Ermírio de Almeida Freitas Filho, a recente redução da taxa de juros do Crediamigo deve impulsionar novas operações no estado. “Entre julho e setembro, o Banco do Nordeste reduziu a taxa mensal de 3,2% para 2,16%. Representa uma queda de mais de 30%. O impacto para o cliente é superpositivo porque a parcela do empréstimo cai de forma significativa”, explicou.
O Crediamigo já contratou, este ano, cerca de R$ 470 milhões em Pernambuco, atendendo 160 mil microempreendedores. Os recursos foram utilizados para impulsionar negócios de autônomos, Microempreendedores Individuais (MEI) e pessoas jurídicas com faturamento inferior a R$ 350 mil por ano.
“O programa Crediamigo é muito procurado porque possui juros baixos e um processo muito simples. Basta o empreendedor ser maior de idade e ter ou querer iniciar uma atividade comercial. Ele nem precisa comprovar experiência na atividade, desde que participe de um grupo cujos demais participantes já tenham experiência. Nossos agentes de crédito avaliam a proposta e dão orientação de como pode tornar viável esse negócio dele”, afirmou Pedro Ermírio. O processo é totalmente digital. Os contatos podem ser feitos pelo Whatsapp 85 9973 0700.
As operações são realizadas de forma individual ou em grupos solidários, que são amigos reunidos e que confiam uns nos outros. “Esta união possibilita o aval solidário, que é a garantia conjunta para o pagamento das prestações”, informou a gerente do Crediamigo em Recife, Elza Marques. Segundo ela, além de conseguir crédito para o negócio, o microempreendedor também ganha outras vantagens, como abertura de conta corrente gratuita, liberação do crédito de uma só vez e acesso à orientação empresarial.
Entre os negócios informais que podem contratar crédito pelo Crediamigo estão ambulantes, vendedores em geral, marcenarias, sapatarias, carpintarias, artesanatos, padarias, produções de alimentos, lanchonetes, feirantes, pequenos lojistas, vendedores de cosméticos, salões de beleza, oficinas mecânicas, borracharias e muitos outros.

Câmara aprova urgência para projeto de lei que renegocia dívidas e limita juros do cartão

A Câmara dos Deputados aprovou nesta segunda-feira (4) a urgência do projeto de lei do programa Desenrola Brasil, de renegociação de dívidas. Foram 360 votos a favor e 18 contra. O presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), convocou os deputados para sessões presenciais durante a semana, mesmo com o feriado de 7 de setembro, para agilizar a tramitação da matéria. A expectativa é que o mérito do projeto seja votado nesta terça (5). Com a aprovação da urgência, o texto vai a votação diretamente no plenário, sem precisar passar pelas comissões.

O Desenrola foi elaborado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para diminuir a inadimplência no país. O programa foi instaurado por meio de uma medida provisória do governo federal, que precisaria da aprovação do Congresso para continuar a valer.

No entanto, após um acordo entre o Executivo e o Congresso, deixou-se a medida caducar, para que fosse aprovada via projeto de lei. Segundo os últimos dados do governo, a iniciativa possibilitou a renegociação de R$ 5,4 bilhões em dívidas com os bancos.

Na semana passada, o relator do texto, o deputado Alencar Santana (PT-SP), apresentou o relatório, que, entre outras coisas, limita os juros rotativos do cartão de crédito — um tipo de empréstimo oferecido aos clientes que não conseguem pagar o valor total da fatura até o vencimento.

Pela proposta, os juros serão congelados quando chegarem a 100% do valor total da dívida. Atualmente, o percentual ultrapassa os 400% ao ano em vários bancos.

No plenário, Santana afirmou que a votação em regime de urgência é importante para o avanço da política de combate ao endividamento e de redução dos juros do rotativo do cartão.

“Hoje os juros são abusivos e precisam, de fato, de uma limitação. Não dá para continuar dessa maneira. O Brasil é o país que mais cobra juros no cartão de crédito, fazendo com que as famílias se endividem”, comentou.

A proposta surgiu porque o governo decidiu incorporar à medida provisória que criou o Desenrola um projeto de lei que já tramitava na Câmara, de autoria do deputado Elmar Nascimento (União Brasil-BA). O texto original sugere que o Conselho Monetário Nacional (CMN) estabeleça um limite para os juros do rotativo.

Santana explicou, entretanto, que essa regra só entraria em vigor caso as instituições financeiras, os bancos, o Conselho Monetário Nacional (CMN) e o Banco Central não apresentassem uma resposta aos juros do cartão de crédito. As entidades, segundo o relator, teriam 90 dias, a partir da sanção da lei, para construir uma solução. Caso contrário, entraria em vigor a regra do projeto de lei.

O Banco Central, o governo federal e instituições financeiras com atuação no país integram um grupo de trabalho para discutir a taxa de juros do rotativo do cartão de crédito.

R7

Lula sobre Campos Neto: “Esse cidadão não conversa comigo”

Lula critica o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto – (crédito: Reprodução/Youtube Lula)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta sexta-feira (1º/9), que Roberto Campos Neto, líder do Banco Central (BC), não conversa com ele. “Esse cidadão, se ele conversa com alguém, não é comigo. Ele deve conversar com quem o indicou [Jair Bolsonaro], e nós sabemos que quem o indicou não fez coisas boas nesse país”, disse Lula, em discurso realizado no evento organizado pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB), em Fortaleza.

A cerimônia marca os aniversários dos programas de fomento ao crédito do BNB: Crediamigo (que completa 25 anos) e Agroamigo (que faz 18 anos).

Juros

A crítica feita ao presidente do BC tem relação com a política de juros adotada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do banco. Atualmente, a taxa básica de juros está cravada em 13,25%.

“Não é possível. Como o empresário vai investir com essa alta na Selic? Esse cidadão [Campos Neto] precisa saber que é preciso baixar o juros”, defendeu Lula.

Independência do Banco Central

Lula também criticou a lei que prevê a independência do Banco Central. Por causa desta preferência, o presidente diz ser impedido de conversar com Campos Neto.

No Brasil, o BC se tornou independente para tomar decisões em 2021. Para que Campos Neto assumisse a presidência da instituição, o Senado teve de aprovar seu nome. O mandato dele à frente do banco valerá até 2024.

CB