Relator vota contra cassação de Sergio Moro em julgamento

crédito: Pedro França/Agência Senado

O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Paraná começou a julgar nesta segunda-feira (1º/4) a ação eleitoral que pede a cassação do senador Sergio Moro (União Brasil-PR) por suposto abuso de poder econômico. O voto do relator da ação, desembargador Luciano Carrasco Falavinha, isentou o ex-juiz do cometimento de crime eleitoral em 2022.

Para o relator não há provas no processo que possam dar razão as acusações contra Moro — nem de abuso de poder econômico nem de uso de caixa dois na campanha do senador. O entendimento de Falavinha também aponta que apesar de contabilizar um gasto em pré-campanha de cerca de R$ 400 mil, em favor do princípio do pró-sufrágio, não há razão para dar prosseguimento a cassação do ex-juiz.

O magistrado apontou que o julgamento é imparcial e que o que está sendo analisado não é a Operação Lava Jato e sim o cometimento de crime eleitoral pelo candidato Sergio Moro. “Não se vai aqui julgar a Operação Lava Jato, dos seus erros e acertos”, disse.

Logo na abertura do julgamento, que teve a sustentação oral dos advogados e do Ministério Público e o voto, que isentou o ex-juiz do cometimento de crime eleitoral por excesso de gastos no período da pré-campanha eleitoral de 2022.

“Não há previsão legal sobre gastos de pré-campanha. Por mais que o limite de campanha possa ser utilizado como uma referência”, disse.

O argumento central da acusação do PL e PT contra Moro, é quanto ao valor gasto na pré-campanha, mas o magistrado apontou que não é possível apontar uma individualização desses valores antes mesmo do registro das candidaturas.

O relator ainda apontou que nenhum dos valores apresentados pelos advogados nas sustentações orais estavam de acordo com os valores apresentados nos autos do processo e discorreu que não há uma definição sobre o que seriam os valores permitidos no período de da pré-campanha.

Falavinha também refutou o argumento da acusação que Moro usou a pré-campanha para presidência como forma de ampliar o capital político na disputa ao Senado pelo Paraná. Para ele é absolutamente normal da democracia fazer negociações sobre quais cargos os políticos vão disputar e usou como exemplo o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que se lançou pré-candidato à presidência da República, mas acabou recuando e concorrendo à reeleição do governo gaúcho.

“Candidatura não nasce da noite para o dia. São construídas no dia a dia, dentro dos partidos. Não se pode fazer a soma das despesas da pré-campanha para concluir que houve abuso.”

Defesa de Moro

O desembargador acabou por acolher a tese da defesa de Moro analisando apenas as despesas realizadas no Paraná. O relator apontou que nos valores juntados ao processo das passagens aéreas usadas por Moro, somente três se destinavam ao Paraná. Para ele, o ex-juiz só se dedicou, efetivamente, à campanha no Paraná depois de 10 de junho de 2022, quando teve a transferência do domicílio eleitoral para São Paulo anulada pela Justiça Eleitoral.

Quanto a possibilidade de utilização de caixa 2 na campanha, com a contratação do escritório do advogado Luis Felipe Cunha, primeiro suplente de Moro no Senado, Falavinha apontou que o valor da contratação do escritório é considerável, com valores compatíveis com renomados escritórios de ex-ministros do Supremo, mas reforçou que apenas o valor não prova o desvio e não observou outros elementos probatórios nos autos comprovando a prática do crime eleitoral.

Ao final do voto do relator, o juiz José Rodrigo Sade, escolhido em fevereiro pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a cota de advogados no TRE-PR, pediu vista ao processo. A corte é formada por sete juízes e, após o voto do relator, o julgamento continua com os votos dos outros seis julgadores na próxima quarta-feira (3/4). Independente do resultado na corte regional, tanto defesa quanto acusação devem recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que terá a última palavra sobre o futuro do ex-juiz.

Se condenado no TSE, Moro perde o mandato e se torna inelegível por oito anos, a partir da eleição de 2022, o que o impede de disputar cargos até 2030, e novas eleições extraordinárias no Paraná devem ser realizadas para preencher a cadeira do estado.

(Estado de Minas)

 

Alexandre de Moraes nega devolução de passaporte a Bolsonaro

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, rejeitou o pedido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para devolução do passaporte. A solicitação havia sido feita pela defesa do ex-presidente para uma viagem a Israel, programada entre 12 e 18 de maio a convite do primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu.

Bolsonaro teve o passaporte apreendido pela Polícia Federal (PF) por ordem de Moraes em fevereiro na operação “Tempus Veritatis“, que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado. Além da apreensão do documento, o ministro proibiu o ex-presidente de manter contato com o presidente do seu partido, Valdemar Costa Neto.

“A medida cautelar permanece necessária e adequada, uma vez que a investigação, inclusive quanto ao requerente, ainda se encontra em andamento, como bem observado pela Procuradoria-Geral da República, ao se manifestar pelo indeferimento do pedido. As diligências estão em curso, razão pela qual é absolutamente prematuro remover a restrição imposta ao investigado, conforme, anteriormente, por mim decidido em situações absolutamente análogas”, disse Moraes na decisão.

O ministro do STF seguiu a decisão do procurador-geral da República, Paulo Gonet, que também havia emitido parecer contrário à devolução do passaporte.

“Não se tem notícia de evento que torne superável a decisão que determinou a retenção do passaporte do requerente. A medida em questão se prende justamente a prevenir que o sujeito à providência saia do país, ante o perigo para o desenvolvimento das investigações criminais e eventual aplicação da lei penal”, afirmou Gonet em sua decisão.

A negativa da devolução do documento ocorre logo após Moraes pedir explicações a Bolsonaro por ter se hospedado dois dias na Embaixada da Hungria em fevereiro.

União Brasil expulsa deputado acusado de mandar matar Marielle

União Brasil decidiu expulsar o deputado federal Chiquinho Brazão (RJ), preso neste domingo sob suspeita de ter mandado matar a vereadora Marielle Franco, em 2018. A decisão foi tomada por unanimidade durante reunião extraordinária da Executiva Nacional.

Devido à urgência do tema, o encontro – previsto inicialmente para terça-feira – foi adiantado para a noite de domingo. A reunião aconteceu por videoconferência.

O deputado já havia solicitado ao Tribunal Superior Eleitoral no ano passado para se desfiliar da legenda comandada por Antonio de Rueda. Até o momento, contudo, a Corte não havia se manifestado sobre o pedido.

Chiquinho e seu irmão, o conselheiro do Tribunal de Contas do Rio Domingos Brazão, foram detidos durante as diligências da Operação Munder Inc., autorizada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes. O delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Divisão de Homicídios da Polícia Civil, também foi preso.

As investigações da Polícia Federal apontam que o trio encomendou ao ex-PM Ronnie Lessa a morte da vereadora do PSOL após ela se contrapor à expansão da milícia em áreas da Zona Oeste, reduto político-eleitoral do clã Brazão.

A operação deflagrada neste domingo representa o final das investigações sobre o assassinato de Marielle, executada a tiros em 14 de março de 2018. Ela acontece após Lessa fechar um acordo de colaboração premiada e apontar Chiquinho, Domingos e Rivaldo como autores intelectuais do crime.

Durante a semana, o plenário da Câmara deve decidir se valida ou não a prisão de Chiquinho Brazão. Isso porque, segundo a Constituição, deputados e senadores são invioláveis, civil e penalmente, e, em caso de prisão, precisam ter o processo analisado pelos seus colegas.

O deputado estava no segundo mandato, era do baixo clero e do Centrão. Com atuação parlamentar bastante discreta, relatou somente oito projetos. Todas as propostas que caíram nas mãos dele estão paradas e distantes de serem votadas.

Mais cedo, a bancada do PSOL apresentou pedido de cassação do mandato de Brazão pelo envolvimento no crime. De acordo com o documento, a permanência do mandato representa uma mácula à imagem do Parlamento Brasileiro.

“Não é possível alguém acusado de crime tão brutal continuar exercendo mandato”, disse a CartaCapital a deputada Talíria Petrone, amiga de Marielle.

 

Carta Capital

STF forma maioria para manter prisões de suspeitos de mandar matar Marielle

Foto: Wilton Júnior/Estadão

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria em sessão extraordinária virtual que começou na madrugada desta segunda-feira, 25, em acordo a decisão do Ministro Alexandre de Moraes de prender o deputado Chiquinho Brazão, seu irmão Domingos, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, e o ex-chefe de Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa, por suposto envolvimento como mandantes no assassinato da vereadora carioca Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes em 2018. Os três negam a participação.

Os três votos a favor, de Moraes e dos ministros Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, confirmam a prisão realizada pela Polícia Federal neste domingo, 24, e as demais medidas cautelares determinadas na operação contra os investigados, como o bloqueio de bens, afastamento de funções públicas, uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar noturno, entrega de passaporte e suspensão de porte de armas.

Os votos dos dois ministros restantes, Luiz Fux e Flávio Dino, devem ser feitos até às 23h59 desta segunda. Outros doze mandados de busca e apreensão foram cumpridos em endereços do Rio no domingo.

Medidas cautelares

As medidas cautelares avaliadas na plenária também tem como alvos a esposa de Rivaldo, Erica de Andrade Almeida Araújo; o delegado da polícia Civil e ex-chefe do departamento de homicídio do Rio, Giniton Lages, o comissário de Polícia Civil do Rio, Marco Antônio Barros e Robson Calixto Fonseca, assessor do Tribunal de Contas do Estado. Todos serão submetidos à monitoramento eletrônico e tem de entregar seus passaportes à Justiça.

A operação foi deflagrada dias após a homologação da delação premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa, apontado como o executor dos assassinatos em 13 março de 2018. (Fonte: Estadão)

Defesa de Daniel Alves paga fiança e ex-jogador aguardará sentença final em liberdade

Nesta segunda-feira (25), a defesa de Daniel Alves, ex-jogador de futebol, natural de Juazeiro (BA), depositou uma fiança de 1 milhão de euros (aproximadamente R$ 5,4 milhões) para que ele possa aguardar em liberdade a decisão final do Tribunal Superior de Justiça da Catalunha. Os juízes da Audiência Provincial de Barcelona, responsáveis pelo caso, estão aguardando os passaportes do ex-jogador para liberá-lo da prisão. Alves poderia ter saído da prisão na quinta (21) e na sexta (22), mas o pagamento da fiança não foi realizado até o fechamento do expediente bancário daqueles dias.

Em fevereiro, o atleta foi condenado a quatro anos e meio de prisão. A defesa recorreu da sentença e pediu que o réu aguardasse a deliberação final em liberdade.

A sentença que concedeu a liberdade provisória também determinou que ele deve manter uma distância de pelo menos 1 km da residência da vítima, não pode tentar se comunicar com a denunciante por nenhum meio, não pode deixar a Espanha e deve comparecer semanalmente ao Tribunal de Barcelona ou quantas vezes for solicitado.

Alves está preso no presídio de Brians 2, um complexo presidencial a 40 Km de Barcelona, onde tem uma casa. A esposa de Alves, a modelo Joana Sanz, vive atualmente na residência.

A mãe do ex-jogador, Maria Lucia Alves, celebrou a sentença nas redes sociais. Ela também é alvo de um processo que corre na Justiça espanhola por ter divulgado supostas imagens da vítima. (Fonte: g1