Escassez de mão de obra no VSF: Setor da uva enfrenta crise sem soluções simples

Foto: Reprodução Globo Rural – Ilustrativa – Arquivo Blog

O Vale do São Francisco, reconhecido mundialmente pela produção de uvas de alta qualidade, enfrenta uma grave crise de mão de obra. Produtores locais relatam dificuldades para contratar trabalhadores nas fazendas da região, em parte devido à dependência de muitos potenciais trabalhadores de benefícios sociais como o Bolsa Família, dizem os produtores. No entanto, os motivos são complexos e vão além da mera falta de interesse pelo trabalho rural.

A crise

Fazendas locais têm relatado extrema dificuldade em contratar trabalhadores, uma situação que se agrava devido à obrigatoriedade de contratação formal, o que inviabiliza a inserção de muitos beneficiários de programas sociais, como o Bolsa Família. Esse grupo de potenciais trabalhadores opta por não aceitar o emprego formal para não perder os benefícios recebidos.

Em busca de alternativas, algumas fazendas têm adotado medidas atípicas para atrair trabalhadores, como distribuir comunicados em vilarejos acompanhados de quantias simbólicas em dinheiro, para estimular o cadastro de interessados.

Mesmo com essas tentativas, a adesão é baixa. No âmbito legislativo, propostas estão em discussão no Congresso para que beneficiários do Bolsa Família possam trabalhar com registro em carteira sem perder os repasses. Entre os defensores dessa medida está o ex-deputado federal Guilherme Coelho, presidente da Abrafrutas que atua junto ao setor buscando soluções para a crise.

Produtores rurais defendem terceirização e novas estruturas de trabalho

Rodrigo Zucal, produtor rural, acredita que alternativas como a terceirização poderiam ser eficazes para enfrentar a escassez de mão de obra. “Se fosse permitido que empresas de prestação de serviço contratassem trabalhadores para atividades específicas, como o raleio, o setor teria mais flexibilidade”, afirma. Segundo Zucal, trabalhadores terceirizados poderiam atuar com maior liberdade, sendo pagos por produção, o que reduziria custos fixos das fazendas e aumentaria a competitividade do setor.

Além disso, ele destaca que o desenvolvimento de novas variedades de uvas, mais resistentes a doenças e condições climáticas, pode ajudar a reduzir a dependência de mão de obra intensiva. “O melhoramento genético está trazendo variedades que demandam menos trabalho, são mais resistentes e se ajustam às exigências do mercado”, explica Zucal, citando o exemplo da variedade ‘Cotton Candy’, que, apesar de sua alta qualidade, enfrenta o risco de perdas devido à falta de pessoas para realizar a colheita.

Sindicato denuncia condições precárias e exige valorização da mão de obra

A escassez de mão de obra, no entanto, não seria apenas uma questão de falta de interesse ou incentivo ao trabalho, conforme defende Maria Joelma, diretora do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Petrolina. Para ela, as condições de trabalho e a remuneração insatisfatória são fatores decisivos na crise. “Não se trata apenas de receber o Bolsa Família e não querer trabalhar. É uma escolha entre ganhar pouco ou passar mal debaixo do sol, em condições precárias”, enfatiza.

Joelma destaca que o trabalho nos parreirais, sob lonas de proteção usadas para preservar as uvas, torna as condições insuportáveis para os trabalhadores, com sensações térmicas que ultrapassam os 45°C. Ela relata casos de desmaios entre os trabalhadores, especialmente mulheres, devido ao calor. “O trabalhador que ganha R$1.450, após os descontos, recebe em torno de R$1.100. Muitos preferem o Bolsa Família para evitar esse desgaste físico”, argumenta.

O sindicato também pede melhorias salariais e benefícios adicionais, como uma cesta básica de R$200, plano de assistência familiar e condições de trabalho mais dignas, como evitar que o trabalho seja realizado nas horas de maior exposição ao sol. “Essas medidas garantiriam mais qualidade de vida ao trabalhador e ajudariam a fixar a mão de obra local”, afirma Joelma.

Ela também aponta o problema da contratação de trabalhadores clandestinos como um entrave. “Muitos empregadores preferem pagar um valor mais alto, mas na informalidade, sem benefícios ou segurança. Isso desestimula quem quer um emprego formal e seguro”, critica Joelma.

Soluções em debate e um futuro incerto

A crise de mão de obra no Vale do São Francisco acendeu um debate sobre o papel das políticas públicas e das práticas do setor privado na região. O produtor Rodrigo Zucal sugere que mudanças na legislação, permitindo a terceirização de serviços e a formalização de beneficiários de programas sociais, poderiam ser decisivas para estabilizar o setor. Por outro lado, o sindicato dos trabalhadores defende que a solução passa pela valorização salarial e melhorias nas condições de trabalho.

Com a visita do Ministro do Trabalho marcada para o próximo dia 13, representantes dos trabalhadores preparam um documento reivindicando a realização de novos concursos para fiscais trabalhistas na região, como forma de reforçar a fiscalização e combater a contratação irregular de mão de obra.

A situação das uvas apodrecendo nos parreirais, incapazes de serem colhidas por falta de trabalhadores, é um exemplo simbólico de como a crise afeta não apenas a economia local, mas também o mercado exportador e a imagem do Vale do São Francisco no cenário internacional. A expectativa é que o diálogo entre produtores, trabalhadores e governo produza medidas que contemplem todos os lados e garantam um futuro mais estável para a região.

Blog do Carlos Britto

Nepotismo: MPPE recomenda exoneração da esposa do prefeito de Gravatá(PE)

Foto: Reprodução JC

O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) recomendou ao prefeito reeleito de Gravatá (Agreste), Joselito Gomes da Silva (Padre Joselito), que exonere sua esposa, Viviane Facundes da Silva, do cargo de secretária de Obras e Serviços Públicos.

A decisão, anunciada pela 1ª Promotoria de Justiça de Gravatá, considera que a nomeação caracteriza prática de nepotismo, além da falta de qualificação técnica específica para a função, mesmo sendo um cargo de natureza política.

A recomendação inclui a orientação para que Viviane Facundes não seja designada para nenhum outro cargo público sem a qualificação técnica exigida. A prefeitura de Gravatá tem até dez dias para informar ao MPPE se cumprirá a recomendação. Caso não seja acatada, o MPPE poderá adotar medidas judiciais.

A decisão do MPPE surge após a Polícia Civil iniciar um inquérito para apurar uma denúncia de lesão corporal envolvendo a sogra do prefeito. O blogueiro Marivan Melo afirmou ter sido agredido após denunciar possíveis casos de nepotismo na gestão municipal.

Nas redes sociais, Sebastião Oliveira, presidente estadual do partido Avante, manifestou apoio a Viviane Facundes e ao prefeito Joselito, afirmando que ambos são alvo de “perseguição política” e classificando a denúncia como injúria. As informações são do JC.

Mulheres são assassinadas em cidades do Agreste de PE

Crime foi registrado no Sítio Cipó em Caruaru. — Foto: CNF

Duas mulheres foram assassinadas na noite da última da última segunda-feira (4), nas cidades de Caruaru e Bom Conselho, Agreste de Pernambuco. O primeiro caso foi registrado no Sítio Cipó, zona rural de Caruaru.

Ao g1, a Polícia Civil disse que a vítima identificada por Jaqueline Cícera da Silva, de 23 anos, morava no local e que suspeitos chegaram, efetuaram vários disparos contra a mulher, que não resistiu aos ferimentos e morreu dentro da residência. Em seguida eles fugiram e até momento não foram localizados.

O segundo caso foi registrado na localidade conhecida como Pipoqueira, em Bom Conselho. A Polícia disse que Maria Cícera Ferreira, de 41 anos, estava em frente a casa onde morava com o companheiro, quando os suspeitos chegaram de carro e efetuaram vários disparos.

O homem conseguiu correr e não foi atingido pelos disparos, já Maria Cícera foi atingida, não resistiu e morreu antes de receber os primeiros socorros. Até o momento ninguém foi preso.

G1/Caruaru

Três homens da mesma família são encontrados mortos em Sento Sé(BA)

Nesta terça-feira (05) três homens de uma mesma família foram encontrados mortos na região das Ilhas, próximo à localidade de Cajuí, em Sento Sé, norte da Bahia.

As autoridades ainda não identificaram oficialmente as vítimas e não há informações sobre o grau de parentesco entre elas.

A Delegacia Territorial (DT) de Sento Sé está investigando o caso e adotando providências iniciais. Equipes da delegacia e do Departamento de Polícia Técnica (DPT) foram acionadas para realizar perícia no local.

Ainda não há informações sobre o que ocorreu. A investigação está em andamento para esclarecer os detalhes do caso.

”Rachadinha” em Ipojuca: presidente da Câmara de Vereadores é afastado após operação em 2 Estado

Foto: Rafael Vieira

Presidente do Legislativo Municipal de Ipojuca, no Grande Recife, o vereador Deoclécio Lira (REP) foi afastado da Câmara por suspeita de liderar um esquema de “rachadinhas”.

Ele é um dos alvos da Operação Fetta, deflagrada, nesta terça-feira (5), em Pernambuco e na Bahia.
Além dele, outros 13 comissionados do gabinete do parlamentar foram retirados de seus cargos.
Cumpridos pela Polícia Civil pernambucana, foram realizados, ao todo, 23 mandados de busca e apreensão, expedidos pela Comarca de Ipojuca.
A operação cumpriu  mandados em endereços ligados a Deoclécio, em Ipojuca, no Cabo de Santo Agostinho, no Recife, em Jaboatão dos Guararapes, além de Juazeiro, na Bahia.
Operação
A operação foi realizada pela Diretoria Integrada Especializada (Diresp), sob a presidência do Delegado Breno Maia, Titular da 1ª Delegacia de Combate à Corrupção (1ª Deccor), unidade integrante do Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco).
Iniciada em janeiro de 2023, a investigação teve como alvos os crimes de peculato e lavagem de dinheiro.
Segundo o delegado Paulo Furtado, da Dracco, a investigação começou após receberem a informação de que um vereador estaria envolvido em um esquema de rachadinha. A partir de então, ficou “devidamente demonstrado que ele contratava assessores e solicitava que eles passassem parte dos valores recebidos”.
O delegado explica que esses valores eram desviados para pessoas jurídicas, “visando a lavagem de dinheiro”. Na operação foram encontrados munições, dinheiro (de total não informado pela Polícia) e documentos, dispositivos informáticos e celulares. Tudo foi levado para a sede do Dracco, na capital Pernambucana.
Participaram 150 pessoas, incluindo  delegados, agentes e escrivães.
As investigações foram assessoradas pela Diretoria de Inteligência da Polícia Civil de Pernambuco, contando, ainda, com o apoio operacional do Comando de Operações e Recursos Especiais (Core).
O Crime
Segundo o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), o crime de peculato é caracterizado pela apropriação efetuada por um funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo. Ou, desviá-lo, em proveito próprio ou alheio.
Para este crime, a pena prevista é de reclusão, de 2 a 12 anos, e multa, segundo os artigos 312 e 313 do Código Penal.
Já para o crime de lavagem de dinheiro, conforme a Lei nº 9.613 de 1998, é o ato de ocultar ou dissimular a origem ilícita de bens ou valores que sejam frutos de crimes. A pena é de reclusão de três a 10 anos, e multa.
Diario tenta contato com o vereador e com a Câmara de Ipojuca.