Lagoa Grande agora é oficialmente a Capital Pernambucana da Uva e do Vinho

Cappellaro, ladeado pelos deputados Jarbas Filho e Henrique Queiroz Filho, exibe o título para a plateia – Paullo Allmeida/Folha de Pernambuco

A sessão solene de entrega do título honorífico de Capital Pernambucana da Uva e do Vinho a Lagoa Grande, no Sertão do São Francisco, recebido pelo prefeito do município, Vilmar Cappellaro (MDB), na noite desta terça-feira (16), reuniu lideranças políticas e empresários no Auditório Senador Sérgio Guerra da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). Na sessão, presidida pelo deputado Henrique Queiroz Filho (PP), Cappellaro disse que, com esse título, é imensurável o que vai acontecer daqui para frente com Lagoa Grande. “Virão investimentos no turismo, na agroindústria e na indústria como um todo”, destacou.

O prefeito também falou sobre as dificuldades que o município atravessou até se transformar no segundo maior produtor de uvas do Brasil. “Sofremos muito no processo político porque as dificuldades eram grandes, mas criamos infraestrutura com as pessoas, com deputados, com o Governo do Estado e Federal, que acreditavam no povo de Lagoa Grande, nos projetos, que investiram recursos, que viram que os recursos empregados estavam bem fundamentados, as ações aconteciam. Hoje, Lagoa Grande está preparada: era uma cidade de passagem e hoje é uma cidade de oportunidades”, disse o prefeito.

Em seu discurso, o deputado Jarbas Filho (MDB), autor da proposição, afirmou que a história de Lagoa Grande mostra como seu crescimento esteve atrelado à plantação das uvas e a produção de vinhos. “O município, que antes era distrito de Santa Maria da Boa Vista, ganhou protagonismo e hoje é considerado o maior produtor de vinhos do Nordeste. Deixou de ser um destino de passagem, transformando-se na terra de grandes oportunidades. Um trabalho realizado por muitas mãos e que precisa ser enaltecido”, disse o parlamentar.

O superintendente da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), Danilo Cabral, que também integrou a mesa da sessão, ressaltou a importância da homenagem. “Ninguém discute a essência e o mérito do título que Lagoa Grande está recebendo, por tudo que já foi apresentado aqui, de números, que representam o tamanho do município na produção de uva e vinho, não só para Pernambuco, mas para o Brasil”, frisou Cabral.

O deputado federal Fernando Monteiro (PP) reforçou o papel relevante do empresário e ex-prefeito de Lagoa Grande Jorge Garziera no desenvolvimento do município quando, ainda em 1975, apostou na cultura da uva na região, algo inimaginável naquela época. “Em um passado não tão distante, um professor que morava no Sul veio para o São Francisco em busca de um sonho de poder, com sua persistência, perseverança, unir um conhecimento do Sul com a nossa força de vontade”, disse o Monteiro.

Jorge Garziera, que também integrou a mesa representando as vinícolas da região, subiu à tribuna e, em seu discurso, além de relembrar a chegada dele à região, há 50 anos, ressaltou o diferencial de Lagoa Grande no que diz respeito à cultura da uva. “Somos o único lugar do mundo que produz uvas todos os dias do ano, onde uma planta chega a produzir até quatro vezes por ano”, enfatizou.

Na abertura da sessão solene, o deputado Henrique Queiroz Filho afirmou que título estava sendo entregue a uma cidade que ensina o poder que tem a resolutividade do trabalho e superação do povo pernambucano, especialmente o que faz parte do Sertão do São Francisco. “Lagoa Grande não se destaca apenas pela qualidade excepcional dos seus vinhos, mas pela sua pitoresca paisagem que atrai visitantes de todo o país. Ao longo dos anos, a região se firmou como um destino imperdível para os amantes de enogastronomia, notadamente durante a Festa da Uva e do Vinho”, salientou o deputado.

Folha de PE

Alepe realizará sessão solene hoje(16) para conferir a Lagoa Grande o Título Honorífico de Capital da Uva e do Vinho

Nesta terça(16), a Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco (Alepe) realizará sessão solene  para conferir ao município de Lagoa Grande o Título Honorífico de Capital da Uva e do Vinho.

A cidade Pernambucana vai receber essa honraria através de uma proposta do deputado estadual Jarbas Filho(MDB). A proposta que garantiu oficialmente o título ao município sertanejo, foi votada em plenário da Assembleia Legislativa de Pernambuco.

O ato solene vai acontecer as 18h no Auditório Senador Sérgio Guerra, no Edifício Governador Miguel Arraes de Alencar, no bairro Boa Vista, em Recife.

Audiência Pública em Lagoa Grande reúne autoridades e debate sobre a produção de uvas, vinhos e o enoturismo

O tema “Produção de Uvas, Vinhos e o Enoturismo” foi amplamente debatido, nesta terça-feira (05/12), em uma Audiência Pública promovida pela Comissão de Desenvolvimento Econômico e Turismo, da Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco.

Durante o evento foi apresentado propostas para ampliar a produção de uvas e vinhos e fomentar o turismo na cidade de Lagoa Grande e demais municípios do Vale do São Francisco. O polo da vitivinícola do Vale do São Francisco é responsável por quase 100% da uva de mesa cultivada no Brasil.

O presidente da comissão, deputado Mário Ricardo, destacou em sua fala que através do debate, o estado de Pernambuco vai crescer ainda mais. “A Assembleia Legislativa, Casa de todos os pernambucanos, vai estar à disposição todas as vezes que for provocado”, pontuou.

Para o prefeito Vilmar Cappellaro, anfitrião do encontro, discutir a produção de uvas, vinhos e o enoturismo é uma iniciativa que representará o divisor de águas para o setor. “Através de boas políticas públicas conseguiremos transformar uma região. Aqui está a grande oportunidade de tornarmos um Pernambuco mais igual para todos”, afirmou.

O superintendente da Sudene, Danilo Cabral, representando o governo federal, disse que o enoturismo é mais uma oportunidade para o desenvolvimento da região e que os setores produtivos, os atrativos naturais e a cultura são diferenciais competitivos para atrair turistas. “Precisamos de mais investimentos e alavancar novos negócios”, disse.

O empresário Jorge Garziera fez uma apresentação do setor produtivo e pediu atenção das autoridades. Garziera destacou que foram produzidas 500 milhões de uvas na região em 2023 e que Lagoa Grande produz mais de 20 milhões de litros de vinho.

A reunião que aconteceu na Enoteca Municipal Luigi Pérsico, no distrito de Vermelhos, foi presidida pelo deputado estadual Mário Ricardo, junto com o deputado Abimael Santos, vice-presidente da Comissão. Também participaram do evento: a vice-prefeita Catharina Garziera; os prefeitos Galego de Nanai (Cabrobó) e George Gueber (Orocó); os deputados Jarbas Filho (estadual) e Fernando Monteiro (federal); Antônio Coelho (Setur -Recife); Daniel Leite (Setur – PE); representantes da ADEPE, Sebrae, Senac, AD – Líder, Fiepe, vereadores, secretários, empresários e sociedade civil.

Fotos: Isael Cordeiro e Manoel Marcelo

ASCOM

Capital da Uva e do Vinho do Nordeste, Lagoa Grande (PE) investe no turismo rural

Do semiárido do Nordeste brotam parreiras que estão fincadas na base do desenvolvimento econômico municipal. Vem delas não somente a uva e o vinho, mas também geração de emprego e renda para o Município de Lagoa Grande, no sertão do Estado de Pernambuco. Banhado pelo Rio São Francisco, é das águas do “velho chico” que provém a irrigação para as plantações, a fertilidade do solo e também a alternativa do turismo rural.

A região produz vinhos e espumantes de alta qualidades premiadas em concursos nacionais e internacionais, além de sucos e vinhos orgânicos. “Foi aqui em Lagoa Grande que iniciamos o plantio da uva no nordeste e com o vinho temos o pioneirismo dentro do nordeste. Temos condições climáticas atípicas, que garantem a produção durante todo o ano. Quem vem visitar Lagoa Grande, tem a oportunidade de conhecer todas as fases fenológicas de uma videira, além de acompanhar o processo de elaboração dos melhores vinhos”, destaca o prefeito de Lagoa Grande, Vilmar Cappellaro.

Lagoa Grande é a capital da uva e do vinho do Nordeste. O Município conta com grande diversidade cultural, é protagonista de uma saga desafiadora e de uma história de sucesso. O que era antes conhecido como área de exploração no tráfico de drogas, foi transformado na segunda maior região produtora de vinhos do Brasil. A produção gira, em média, de 15 milhões de litros de vinho por ano. É o único lugar do mundo onde o turista pode ver todas as fases fenológicas da videira em uma só visita turística.

Para fortalecer o turismo, a gestão local busca parcerias, como com o sistema S, para assim fortalecer o empreendimento e também capacitar aqueles que já trabalham no ramo. O prefeito lembra também dos recursos empregados em infraestrutura. “Estamos trabalhando também na revitalização da rota do vinho para garantir mais segurança e comodidade para quem nos visita. As pessoas que visitam nossa região, que visitam Lagoa Grande, ficam encantadas. O que nós temos aqui é único no mundo, não existe em nenhum outro lugar o que temos no Vale do São Francisco. Sabemos que precisamos buscar as parceiras, fazer o dever de casa com leis de incentivo ao turismo e assim fortalecendo Lagoa Grande”, finalizou.

O Vale do São Francisco, produz hoje cerca de 7,5 milhões de litros de vinhos de uvas viníferas e cerca de 10 milhões de litros de vinhos de não viníferas. Além de muito suco e uvas para consumo in natura no mercado interno e para exportação. A região já está com sua IP – indicação de Procedência, em processo final de aprovação junto ao INPI, e já conta com uma associação de produtores, a VINHOVASF o Instituto do Vinho do Vale do São Francisco. As vinícolas integrantes são:

Lagoa Grande-PE:

Rio Sol;
Garziera;
Bianchetti Tedesco
Vinícola Mandacaru (São Braz)
Terroir do São Francisco.

Curaçá-BA:
Vinum Sant Benedictus.

Casa Nova-BA:
Terra Nova (Miolo).

Vinhos da Região do Vale do São Francisco

Situado entre Pernambuco e Bahia, numa latitude até então impensável para o mundo do vinho (8º) o Vale do São Francisco caminha para ser um dos importantes produtores vitivinícolas do país e desperta a curiosidade mundial

Responsável por 99% da uva de mesa exportada pelo Brasil e pela produção de 5 milhões de litros de vinho por ano, o vale vem se destacando como modelo de desenvolvimento para o Nordeste.

A vinicultura pernambucana/baiana já detém 15% do mercado nacional e emprega diretamente 30 mil pessoas na única região do mundo que produz duas safras e meia por ano.

Principais Variedades de Uvas Tintas
Syrah, Cabernet Sauvignon

Principais Variedades de Uvas Brancas
Moscatel, Muskadel, Chardonnay, Sauvignon Blanc, Silvaner, Moscato Canelli

História

Apesar do pouco tempo de emancipação política, o município de Lagoa Grande já ostenta uma história promissora. A localidade, que em 1997 deixou de ser distrito de Santa Maria da Boa Vista para ser elevada à categoria de cidade, hoje é um dos destaques do Pólo Vitivinícola de Pernambuco. O município possui uma produção anual de 20,5 milhões de kg de uvas e de sete milhões de litros de vinho, exportando parte deste volume para outros países e diversos estados brasileiros.

Em Lagoa Grande, conhecida em todo o Brasil como a capital da uva e do vinho do Nordeste, existem cerca de dez vinícolas, responsáveis pela geração de 10,5 mil empregos. A Festa da Uva e do Vinho oferece aos visitantes e moradores de Lagoa Grande diversas atrações. Além de degustar as uvas e vinhos da cidade, os participantes do evento podem conhecer algumas fazendas da região para passear entre as videiras e verificar todas as etapas de produção vinícola, desde o plantio da uva até o acondicionamento do vinho.

Estudo comprova que suco de uva brasileiro faz bem à saúde

Cientistas analisaram o suco de uva integral, elaborado a partir de variedades híbridas criadas pela Embrapa. MVicente/Embrapa

Ossucos de uvas produzidos no Brasil são extremamente ricos de compostos fenólicos bioacessíveis, que estão associados a diferentes benefícios à saúde como fortalecimento do sistema imunológico, prevenção de obesidade, diabetes e doenças cardíacas e neurodegenerativas.

Esta foi a conclusão de um estudo realizado pelo Instituto Federal do Sertão Pernambucano (IFSertãoPE), a Universidade Federal da Bahia (UFBA) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Os cientistas analisaram o suco de uva integral, elaborado a partir de variedades híbridas criadas pela Embrapa.

Os pesquisadores explicam que os compostos do suco de uva, que têm a capacidade de serem absorvidas pelo organismo após a digestão, são conhecidos também como fitoquímicos ou nutracêuticos. A pesquisa identificou e quantificou 24 desses compostos, dos quais 11 se revelaram bioacessíveis.

Essa descoberta foi feita seguindo o protocolo InfoGest, que simula a passagem desses compostos pela barreira intestinal, proporcionando uma visão mais precisa de como esses nutrientes interagem com o nosso organismo, dizem os pesquisadores.

A variedade BRS Carmem se destacou por apresentar o maior teor de fenólicos bioacessíveis — Foto: Embrapa/Divulgação

O estudo constatou que o suco da uva da variedade BRS Carmem se destacou por apresentar o maior teor de fenólicos bioacessíveis, indicando que fatores, como a variedade da fruta, devem ser mais explorados em estudos sobre alimentos funcionais. “Os resultados apontaram que cada variedade de uva avaliada é uma matriz complexa e única.”

Os compostos fenólicos mais bioacessíveis foram a catequina, a procianidina B2 e o ácido gálico, todos com bioacessibilidade superior a 100%. A pesquisa também sugere que a bioacessibilidade desses fitoquímicos está relacionada à variedade da uva e aos teores de açúcares e ácidos orgânicos da matriz, evidenciando que fatores como a escolha da variedade e grau de maturação da uva devem ser considerados pela indústria processadora de sucos.

Maria da Conceição Dutra, aluna de doutorado do Programa de Pós-graduação em Ciência dos Alimentos da UFBA, afirma que os sucos de uva integrais produzidos a partir das variedades avaliadas (BRS Carmem, BRS Magna, BRS Violeta e BRS Cora) podem ser caracterizados como bebidas funcionais com apreciável teor de fitoquímicos bioacessíveis, principalmente da classe dos flavanóis.

Os pesquisadores lembram que recentemente foram relatados efeitos benéficos dos polifenóis no sistema imunológico contra infecções por SARS-CoV-2, além de prevenir o risco de doenças cardíacas, diabetes mellitus tipo 2, diferentes tipos de câncer, obesidade, modulação da microbiota intestinal, Alzheimer, Parkinson e outras doenças neurodegenerativas.

A pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente, Aline Biasoto, esclarece que os compostos fenólicos devem ser bioacessíveis para que possam exercer sua atividade bioativa e benéfica ao organismo humano. A bioacessibilidade foi avaliada pelos cientistas por modelos de digestão gastrointestinal in vitro.

“Após simular a passagem do suco integral pelas etapas da boca, estômago e intestino, a aplicação de membranas de diálise pode simular a mobilidade desses compostos pela barreira intestinal. A composição química da matriz do suco de uva difere da dos vinhos devido aos altos teores de açúcares, perfil de ácidos orgânicos e ausência de etanol, e esses fatores podem influenciar a bioacessibilidade dos compostos fenólicos”, explica Aline Biasoto.

Marcos dos Santos Lima, professor do IFSertãoPE, destaca que o Vale do Submédio São Francisco é hoje uma importante região produtora de sucos que tem investido na elaboração de sucos de uva de alta qualidade produzidos com variedades híbridas adaptadas ao clima tropical semiárido, como as quatro testadas. Atualmente, estima-se que sejam envasados 35 milhões de litros de sucos, entre integrais e concentrados.

No suco da variedade BRS Violeta, destacaram-se os flavanóis (-)-epigalocatequina galato e (+)-catequina — Foto: Divulgação/Embrapa

As uvas foram colhidas em abril de 2021 e cedidas por empresas localizadas em Petrolina (PE) e Casa Nova (BA). As variedades BRS Magna e BRS Carmem vieram da empresa Queiroz Galvão Alimentos, Fazenda Timbaúba, as variedades BRS Violeta e BRS Cora da Asa Indústria e Comércio e a variedade Isabel Precoce da empresa Grand Valle Industrial. Foram analisados parâmetros clássicos de qualidade de sucos de uva, seguindo as metodologias descritas pela Organização Internacional da Uva e do Vinho (OIV).

Nos sucos BRS Cora, BRS Magna e BRS Carmem, o principal flavanol quantificado foi a procianidina B2. No suco da variedade BRS Violeta, destacaram-se os flavanóis (-)-epigalocatequina galato e (+)-catequina. Em todos os sucos, quercetina-3-β-D-glicosídeo, rutina e ácido siringico também foram bioacessíveis após a digestão, em porcentagens razoáveis.

O trans-resveratrol, composto com muitos efeitos benéficos relatados na literatura, esteve presente como bioacessível em todas as etapas do processo digestivo para os sucos das uvas BRS Cora e BRS Carmem, com bioacessibilidades de 85,99% e 35,30%, respectivamente. No entanto, a bioacessibilidade deste fitoquímico parece ser influenciada pela variedade, pois nos sucos das uvas BRS Violeta e BRS Magna, este composto não foi detectado como bioacessível.

A variedade BRS Carmem também apresentou a maior fração bioacessível da maioria dos compostos fenólicos identificados como bioacessíveis, incluindo rutina, ácido gálico, ácido siringico, (-)-epicatequina galato, miricetina e ácido caftárico. A maior quantidade de compostos bioacessíveis, associada à variedade BRS Carmem, apresentou correlação positiva no suco com maiores teores de frutose, glicose e sólidos solúveis totais, menor acidez titulável e teores dos ácidos orgânicos quantificados.

Globo Rural