Partidos vão ao Conselho de Ética pela cassação de Zambelli após denúncias de Delgatti

A deputada federal Carla Zambelli. Foto: Lula Marques/EBC

O PSOL e o PSB protocolaram representações no Conselho de Ética da Câmara pedindo ao colegiado que avalie uma suposta quebra de decoro parlamentar pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). A sanção prevista é a perda do mandato.

As legendas se baseiam nas acusações apresentadas pelo hacker Walter Delgatti à Polícia Federal e à CPMI do 8 de Janeiro. Ele já afirmou a investigadores ter recebido cerca de 40 mil reais de Zambelli para invadir sistemas do Poder Judiciário.

O PSOL aponta, por isso, que a parlamentar pode estar envolvida em uso de recursos públicos para atividades ilegais. Segundo a legenda, Zambelli “usou de sua posição de deputada federal para atuar de forma ímproba, usando cotas parlamentares de forma irregular e ilegal”.

Em peça assinada por seu presidente, Carlos Siqueira, e apresentada antes do depoimento de Delgatti à CPMI, o PSB destaca que a deputada “possui comportamento recorrente que escapa o campo democrático” e sustenta ser “inadmissível que uma parlamentar atente contra os preceitos elementares que fundamentam a própria existência de um Poder da República no Estado Democrático de Direito”.

Carta Capital

STF atende a pedido da PF e autoriza busca e apreensão contra deputada federal Carla Zambelli

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes atendeu a pedido da Polícia Federal (PF) e autorizou a realização de busca e apreensão em endereços da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e a quebra de seu sigilo bancário entre junho de 2022 e junho de 2023.

A parlamentar é investigada por supostamente ter orquestrado a invasão de sistemas eletrônicos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para encontrar vulnerabilidades digitais dos sistemas do Poder Judiciário. O objetivo, segundo a PF, seria “expandir narrativa fraudulenta contra o processo eleitoral brasileiro, com objetivo de tumultuá-lo, dificultá-lo, frustrá-lo ou impedi-lo”, contribuindo, ainda, para a disseminação de notícias falsas sobre ministros do STF e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o sistema de votação no Brasil.

Hacker

O hacker Walter Delgatti Neto, identificado na Operação Spoofing como um dos responsáveis por invadir dispositivos telefônicos de integrantes da Operação Lava Jato, afirma ter sido contratado pela parlamentar para invadir o sistema do Banco Nacional de Mandados de Prisão do CNJ (BNMP/CNJ) para inserir um falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, em janeiro de 2023, e documentos fraudulentos.

Teriam participado da ação o programador Thiago Eliezer Martins Santos, preso na Operação Spoofing, além de Renan Cesar Silva Goulart e Jean Hernani Guimarães Vilela, apontados como responsáveis pelo pagamento a Delgatti . Segundo a PF, Renan e Jean são próximos da parlamentar desde 2019 e atualmente são servidores comissionados dela e de seu irmão, que é deputado estadual em São Paulo.

Prisão

Na decisão, o ministro também expediu, a pedido da PF, mandado de prisão preventiva de Delgatti Neto e determinou o cumprimento de mandados de busca e apreensão e quebra do sigilo bancário contra os demais investigados.

A decisão foi tomada após a Procuradoria-Geral da República (PGR) encampar integralmente as representações formuladas pela PF.

Mandados

Os mandados contra Zambelli e os demais investigados incluem a busca e apreensão de armas, munições, computadores, tablets, celulares e outros dispositivos eletrônicos, passaporte e materiais relacionados aos fatos em apuração. O ministro determinou que as buscas fossem realizadas em diferentes endereços e nos veículos dos investigados.

Prerrogativa de foro

A investigação chegou ao Supremo porque o juízo da 15ª Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal declinou de sua competência após Delgatti Neto afirmar ter sido contratado por Zambelli, que tem prerrogativa de foro no Supremo.

Além disso, os fatos em apuração têm relação com o Inquérito (INQ) 4718, que investiga notícias fraudulentas (fake news), falsas comunicações de crimes, denunciações caluniosas, e ameaças contra ministros da Suprema Corte.

Leia a íntegra da decisão.

Leia a íntegra do despacho que a torna pública.

Site do STF