Pix de R$ 5 mil: Haddad desmente rumor sobre taxação após repercussão

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, desmentiu nesta quinta-feira (9) rumores sobre a taxação de transações via Pix.

A repercussão nas redes sociais ocorre após entrarem em vigor novas regras de fiscalização da Receita Federal, que ampliam o monitoramento sobre esse tipo de transação. As medidas não tratam da criação de um novo imposto, como alguns internautas têm apontado plataformas.

“Imposto sobre Pix. Mentira. Imposto sobre quem compra dólar. Mentira. Imposto sobre quem tem animal de estimação. Mentira”, afirmou o ministro, em vídeo publicado no perfil do Instagram do Ministério da Fazenda.

Receita Federal também já havia negado a criação de um imposto sobre Pix após a onda de fake news que se espalhou nas plataformas digitais.

As novas regras obrigam instituições financeiras como operadoras de cartão, instituições de pagamento – incluindo plataformas e aplicativos – bancos virtuais e, inclusive, varejistas de grande porte que ofereçam programas de crédito a informar o Fisco sobre:

  • Transações de R$ 5 mil ou mais realizadas por pessoas físicas;
  • Transações de R$ 15 mil ou mais feitas por pessoas jurídicas, as empresas.

Antes, apenas instituições tradicionais – como bancos e cooperativas de crédito – forneciam as informações.

Para o cidadão comum, nada muda. Quem irá reportar os dados são as instituições que intermediam as transações.

Via CNN

Em meio a corte de gastos, nova isenção proposta pelo governo traz impacto de R$ 20 bilhões aos Municípios

Contrariando a expectativa dos anúncios referentes ao corte de gastos necessários para o cumprimento da meta fiscal, a proposta de aumentar a faixa de isenção do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) até R$ 5 mil surpreendeu e trouxe muita preocupação aos Municípios. Infelizmente, a medida mostra falta de seriedade e representa novamente propaganda com chapéu alheio, tendo em vista que boa parte dos impactos dessa proposta será sentida pelos Entes locais. Destaca-se que o governo alega que a medida não trará impacto fiscal. Para os Municípios, no entanto, a história é diferente. Hoje, cabe lembrar, cerca de 40% dos Entes locais já estão com déficit.

Ressalta-se, inicialmente, que o impacto do IR acontece na prefeitura por duas vias: a arrecadação direta do imposto dos servidores e a fatia do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) distribuída aos Entes locais. A perda de arrecadação própria será irreversível, uma vez que não há servidores municipais com supersalários para compensar o volume da isenção. A CNM estima uma perda anual de R$ 9 bilhões com essa medida, uma vez que afetará não somente os isentos, mas também os servidores que ganham acima do valor mínimo com alíquotas menores. Pelo lado do FPM, o impacto ainda é incerto, uma vez que não é conhecido o volume de recursos de IR que serão arrecadados pelos estratos de renda mais elevados, que, por sinal, mais difíceis de serem executados no Brasil. Assim, somente a isenção de R$ 5 mil forneceria uma queda de FPM de R$ 11,6 bilhões, totalizando, no agregado, mais de R$ 20 bilhões de perda.

Outras medidas anunciadas também trarão impacto para as administrações municipais. No caso do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e do Bolsa Família, por exemplo, foi anunciado o endurecimento das regras de acesso e o aumento de obrigatoriedades, como a atualização obrigatória para cadastros desatualizados há mais de 24 meses, além da inscrição e atualização de unipessoais ter de ser realizada obrigatoriamente em domicílio. Importante destacar que são os servidores municipais que realizam essas atividades. Para os Municípios, isso significa mais uma imposição de obrigação sem nenhuma indicação de suplementação dos recursos. Os Municípios recebem apenas R$ 4 por cadastro do Bolsa Família e precisam bancar com os custos de pessoal para executar o mesmo.

As mudanças referentes às emendas parlamentares também devem ter impacto aos Municípios. A proposta estabelece que o crescimento fica limitado ao arcabouço fiscal. O pacote restringe emendas nas despesas discricionárias do Poder Executivo; veda crescimento real das emendas não impositivas; destina 50% dos valores de emendas de Comissão para o Sistema Único de Saúde (SUS) e bloqueia emendas proporcionalmente aos bloqueios do Poder Executivo. Para os Municípios isso significa, na prática, menores recursos e maior burocratização para a liberação dos repasses. As alterações no abono salarial, com redução das pessoas elegíveis ao auxílio, também traz um maior contingente de trabalhadores descobertos de auxílio, o que pode demandar ações das prefeituras.

Importante destacar que muitos Municípios hoje estão no vermelho em decorrência do excesso de responsabilidades repassada da União aos mesmos. Infelizmente, apesar de compreender a urgente necessidade de cortar gastos para o balanceamento das contas públicas no país, é preciso também seriedade do Governo Federal e respeito ao pacto federativo.

Paulo Ziulkoski
Presidente da CNM

Corte de gastos do Governo: o que muda com o novo pacote econômico

O pacote de corte de gastos do governo federal, apresentado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem como meta central reduzir o déficit fiscal e fortalecer o compromisso com a responsabilidade econômica. O objetivo é economizar entre R$ 30 bilhões e R$ 40 bilhões por ano nos próximos dois anos, totalizando R$ 70 bilhões até 2026. A promessa de “déficit zero”, defendida desde o início do governo Lula, ganha reforço com essas medidas, mas a inclusão do aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda surpreendeu o mercado e levantou questionamentos sobre o equilíbrio entre arrecadação e despesas.

A seguir, entenda detalhadamente cada medida anunciada, os desafios do governo em implementá-las e os impactos esperados na economia e na vida dos brasileiros.

O que é o pacote de corte de gastos do governo?

O pacote anunciado em rede nacional pelo ministro da Fazenda inclui uma série de ajustes fiscais para reduzir o rombo nas contas públicas. A proposta veio em um momento de pressão crescente para alcançar a meta de déficit zero em 2024, enquanto o governo enfrenta desafios como aumento de gastos obrigatórios, arrecadação insuficiente e volatilidade econômica global.

O plano não apenas busca cortar despesas, mas também inclui medidas que reorganizam benefícios sociais e tributários, impondo limites ao crescimento de gastos com emendas parlamentares, salários no funcionalismo público e previdência.

Entretanto, o anúncio de uma nova isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil trouxe um contraste com o restante do pacote, criando preocupações sobre o impacto fiscal.

Principais medidas do pacote de corte de gastos

Limitação do crescimento do salário mínimo

Uma das propostas mais significativas do pacote é a criação de um teto para o aumento real do salário mínimo. Ele continuará a subir acima da inflação, mas o reajuste estará limitado a 2,5% ao ano além dos índices inflacionários, de acordo com o arcabouço fiscal.

Antes, o salário mínimo era corrigido com base na inflação do ano anterior e no crescimento do PIB de dois anos antes, sem limites adicionais. Agora, o governo busca controlar o ritmo desse aumento para evitar impactos maiores nos gastos públicos obrigatórios, como aposentadorias e benefícios sociais atrelados ao salário mínimo.

Impacto esperado: A medida pode gerar economia significativa para o governo, mas pode enfrentar resistência da população e de sindicatos, que enxergam perda de poder de compra para os trabalhadores e aposentados.

trabalhadores de baixa renda.

Limitação das emendas parlamentares

O crescimento das emendas parlamentares será limitado a 2,5% acima da inflação. Além disso, 50% das emendas destinadas por comissões terão que ser obrigatoriamente aplicadas em saúde pública.

Impacto esperado: Essa medida busca controlar a expansão das emendas, que consomem boa parte do orçamento público, além de direcionar recursos para áreas prioritárias como a saúde.

  • insuficiente para estabilizar a relação dívida/PIB no longo prazo.

Especialistas também alertam que as medidas dependem de aprovação no Congresso, o que pode atrasar ou modificar o impacto final do pacote.

O que esperar para os próximos meses?

A implementação do pacote fiscal será um teste de fogo para o governo. O sucesso dependerá de articulações políticas com o Congresso, especialmente em relação às medidas mais impopulares, como o ajuste no salário mínimo e a redução do abono salarial.

Além disso, será fundamental apresentar mecanismos claros para compensar a perda de arrecadação com o aumento da isenção do IR, mantendo o equilíbrio fiscal.

No curto prazo, o mercado continuará atento às ações do governo, e a volatilidade pode persistir. No longo prazo, o pacote representa um esforço importante para conter o aumento da dívida pública e garantir maior sustentabilidade econômica.

 

Pacote de corte de gastos prevê economia de R$ 327 bi em cinco anos

A economia estimada pelo pacote de corte de gastos obrigatórios está estimada em R$ 71,9 bilhões em 2025 e 2026 e em R$ 327 bilhões de 2025 a 2030, informou nesta quinta-feira (28) o Ministério da Fazenda. A pasta está detalhando as medidas anunciadas na noite de quarta (27) pelo ministro Fernando Haddad.

Segundo os cálculos, a economia ano a ano está estimada da seguinte forma: R$ 30,6 bilhões em 2025; R$ 41,3 bilhões em 2026; R$ 49,2 bilhões em 2027; R$ 57,5 bilhões em 2028; R$ 68,6 bilhões em 2029; e R$ 79,9 bilhões em 2030. O Ministério da Fazenda ressaltou que as projeções são preliminares.

O ministério também divulgou a estimativa de impacto fiscal positivo conforme o tipo de proposta a ser enviada ao Congresso. A proposta de emenda à Constituição (PEC), que poderá ser incluída em outra PEC que já tramita no Parlamento, permitirá economia de R$ 11,1 bilhões em 2025; R$ 13,4 bilhões em 2026; R$ 16,9 bilhões em 2027; R$ 20,7 bilhões em 2028; R$ 24,3 bilhões em 2029; e R$ 28,4 bilhões em 2030.

A PEC tratará dos seguintes pontos: abono salarial, Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), prorrogação da Desvinculação de Receitas da União (DRU), autorização para ajuste orçamentário em subsídios e subvenções e variação de recursos do Fundo Constitucional do Distrito Federal (FCDF) pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Serão tratados por meio de projetos de lei (complementar ou ordinário) os seguintes temas: teto para reajustes no salário mínimo, restrições na concessão do Bolsa Família e no Benefício de Prestação Continuada (BPC), repasses da Lei Aldir Blanc, biometria para a concessão de novos benefícios sociais e para atualizações cadastrais e correção de distorções na previdência dos militares.

As propostas a serem tratadas por projetos de lei resultarão em economia de R$ 11,7 bilhões em 2025; R$ 19,2 bilhões em 2026; R$ 24 bilhões em 2027; R$ 30,1 bilhões em 2028; R$ 37,3 bilhões em 2029; e R$ 44,5 bilhões em 2030.

Emendas e concursos

Medidas como o escalonamento de concursos e provimento de vagas em 2025, que podem ser feitas internamente pelo governo, terão impacto de R$ 1 bilhão por ano de 2025 a 2030.

As mudanças nas regras de emendas parlamentares garantirão economia de R$ 6,7 bilhões em 2025; R$ 7,7 bilhões em 2026; R$ 7,3 bilhões em 2027; R$ 5,6 bilhões em 2028; e de R$ 6 bilhões em 2029 e em 2030. Parte das mudanças nas regras para as emendas foi sancionada recentemente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Agência Brasil

Ministro Haddad fará pronunciamento na noite de hoje(27)

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vai fazer um pronunciamento em cadeia de rádio e televisão, na noite desta quarta-feira (27), para explicar o pacote de corte de gastos. O pronunciamento deve durar sete minutos e 18 segundos, segundo o documento que convocou a rede. Haddad também deve anunciar a elevação para R$ 5.000 a faixa de isenção da tabela do IRPF (Imposto de Renda da Pessoa Física). A possibilidade de aumento da faixa de isenção, confirmada pela Folha, é defendida por integrantes do governo como contraponto político a medidas do pacote que atingirão benefícios sociais.

Folha de S. Paulo