PATRANHA E HABITE-SE: Gaeco do MPPE deflagra duas operações simultâneas em Ipojuca

Em ação integrada com as Polícias Civil e Militar e Gaecos dos Estados de Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo, as Promotorias de Justiça Criminais de Ipojuca e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público de Pernambuco (Gaeco/MPPE) deflagraram na manhã desta quarta-feira (18), as operações Patranha e Habite-se.

O trabalho envolve 26 Promotores de Justiça, 18 servidores do MPPE, 80 policiais civis, 52 policiais militares, além dos agentes dos Gaecos dos outros estados que apoiaram a operação.

Na soma das duas operações, foram cumpridos 31 mandados de busca e apreensão e 2 de prisão, todos expedidos pelo Juízo da Vara Criminal da Comarca de Ipojuca. As diligências estão em curso e até o momento foram apreendidos dispositivos eletrônicos, documentos e dinheiro em espécie, dentre outros itens de interesse das investigações.

Uma coletiva de imprensa está marcada para esta quinta-feira (19) para detalhar os resultados das operações.

OPERAÇÃO PATRANHA – Constatou-se durante a investigação que o grupo criminoso, liderado por empresário pernambucano, operou uma fraude para produção de Atas de Registro de Preços da Associação dos Municípios da Bacia do Médio São Francisco (AMMESF). Os itens da ata foram majoritariamente vendidos em municípios de Pernambuco, com destaque para Ipojuca.

A administração municipal comprou quantidade de material gráfico incompatível com a necessidade de uma cidade com cerca de 100.000 habitantes. Um exemplo de contratação superestimada foi a de 6 milhões de adesivos para visitantes em 2023, o que equivale a mais de 60 vezes a população de Ipojuca.

Também há fortes evidências de sobrepreço. Os indícios apontam para a venda de notas fiscais, sem a entrega de todo o material formalmente contratado. Os contratos do Município de Ipojuca com a Gráfica envolvida na fraude dos pregões da associação de municípios mineiros somam mais de R$ 20 milhões entre 2021 e 2023.

Neste momento, os promotores realizam uma checagem nos estoques dos almoxarifados do Município à procura de provas dos crimes cometidos pelo grupo.

Crimes investigados: Fraude a licitação, corrupção ativa, corrupção passiva, falsidade ideológica, uso de documento falso, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Decisão judicial também determinou o bloqueio preventivo de ativos do grupo criminoso, tais como valores depositados em contas bancárias, imóveis e automóveis.

OPERAÇÃO HABITE-SE – A partir de denúncia apresentada por um empresário do ramo da construção civil, a investigação apurou indícios da existência de um esquema criminoso estruturado na Prefeitura de Ipojuca na área de licenciamento de empreendimentos imobiliários.

As informações indicam que um grupo de servidores exigia vantagens para a concessão de licenças. Crimes investigados: concussão, corrupção ativa, corrupção passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro. O Poder Judiciário expediu mandados de busca e apreensão.

Serviço: coletiva de imprensa GAECO/MPPE

Vereador joga sacola de dinheiro pela janela antes de ser preso pela PF

Sacola de dinheiro encontrada com vereador preso pela PF. — Foto: Divulgação/Polícia Federal

Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (10) a operação Overclean, em parceria com a Receita Federal, a Controladoria-Geral da União (CGU) e o Ministério Público Federal (MPF).

operação mira desvio de R$ 1,4 bilhão em contratos do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs).

A operação é feita também com o apoio da Agência Americana de Investigações de Segurança Interna (Homeland Security Investigations – HSI).

As investigações apontam que os envolvidos direcionavam dinheiro de emendas parlamentares e de outros contratos para empresas e pessoas do esquema. E assim desviavam recursos públicos do Dnocs.

Um dos alvos é o vereador Francisco Nascimento, de Campo Formoso (BA), primo do deputado federal Elmar Nascimento (União-BA). Francisco Nascimento é um dos 16 presos na operação.

O vereador Francisco Nascimento, antes de ser preso, tentou se livrar de dinheiro em espécie que mantinha em casa. E jogou uma sacola de dinheiro pela janela, antes de ser preso (veja foto acima). De nada adiantou.

Ele foi preso preventivamente e o dinheiro, apreendido. Na sacola, segundo a PF, havia R$ 220.150. Agora, o vereador terá que explicar a origem dele e porque mantinha tanto dinheiro em casa e não optou por deixar no banco, de forma rastreável.

Dinheiro encontrado com outro alvo da operação: R$ 700 mil. — Foto: Divulgação/Polícia Federal

Além do montante encontrado com Nascimento, a PF localizou com outro alvo, Flavio Henrique Lacerda Pimenta, R$ 700 mil em espécie.

G1

Justiça cassa chapa do União Brasil em Brejo da Madre de Deus por fraude à cota de gênero

A Justiça Eleitoral de Brejo da Madre de Deus, no Agreste de Pernambuco, julgou procedente uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) por fraude à cota de gênero nas eleições municipais de 2024. A decisão, assinada pelo juiz Lucas do Monte Silva, decretou a nulidade de todos os votos recebidos pelo Partido União Brasil no município, determinando o recálculo dos quocientes eleitorais e partidários.

A ação foi movida pelos candidatos Silvano Pereira da Silva e José Adilson de Lima contra os eleitos Jonas Wellington Silva, Severino Batista de Aguiar Filho e a candidata Bianca Valdilene da Silva. Os autores alegaram que Bianca foi registrada apenas para cumprir a cota mínima de 30% de candidaturas femininas, caracterizando uma candidatura fictícia. Entre as evidências apresentadas estavam a votação inexpressiva de Bianca, que obteve apenas quatro votos, a ausência de movimentação financeira significativa, a falta de atos de campanha e o uso de um nome de urna diferente do conhecido.

Além de cassar os registros e diplomas de todos os candidatos vinculados ao Demonstrativo de Regularidade de Atos Partidários (DRAP), a decisão declarou a inelegibilidade de Bianca Valdilene da Silva. Caso a decisão não seja revertida em instância superior, os cálculos indicam que os vereadores Silvano Pereira e Adilson das Motos devem assumir as vagas de Dr. Jan e Aguiar da Agricultura. Os autos foram encaminhados ao Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco para possíveis recursos.

Com informações do Estação Notícias.

Justiça Eleitoral em Brasília torna réus Marcelo Odebrecht, João Vaccari Neto, Renato Duque e mais 36 investigados

A Justiça Eleitoral de Brasília decidiu tornar réus o empresário Marcelo Odebrecht, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, o ex-diretor da Petrobras Renato Duque e outros 36 investigados em um processo que trata de supostas irregularidades na construção da “Torre de Pituba”, sede da Petrobras em Salvador (BA).

O caso é um desdobramento da Lava Jato, surgido a partir da 56 fase da operação, chamada de “Sem Fundos”. Envolve a apuração do pagamento de propinas no valor de R$ 68,2 milhões, que teria sido feito pelas empreiteiras OAS e Odebrecht a integrantes do PT e ex-dirigentes da estatal. O esquema teria ocorrido entre os anos de 2009 e 2016.

O grupo agora vai responder, na Justiça, pelos crimes de:

  • lavagem de dinheiro
  • organização criminosa
  • gestão fraudulenta de instituição financeira
  • apropriação de recursos
  • corrupção passiva e ativa.

Os envolvidos terão de apresentar resposta à acusação em 10 dias. Na sequência, o processo deve seguir para a fase de coleta de provas e de depoimentos, além de alegações finais. Em seguida, o caso vai para a decisão da juíza, que poderá condenar ou absolver o grupo.

Histórico

O processo foi enviado à Justiça Eleitoral por determinação do Supremo Tribunal Federal, tomada em decisão individual do ministro Ricardo Lewandowski em 2022 e posteriormente confirmada pela Segunda Turma em 2023.

Naquele momento, a ação penal já estava aberta na Justiça Federal e os envolvidos já figuravam como réus.

Na decisão que mandou o caso para a Justiça Eleitoral, o ministro Ricardo Lewandowski concluiu que havia “conotação eleitoral” nos supostos crimes, já que as investigações apontavam pedidos de recursos para o PT. Com isso, entendeu que a competência é da Justiça Eleitoral.

“Trata-se de quantias declaradas e contabilizadas, possuindo, assim, inequívoca conotação eleitoral atrelada à atuação político-partidária dos envolvidos, aptas a atrair, ainda que em conexão com outros delitos comuns, a competência da Justiça Eleitoral para conhecer e processar a ação penal em tela”, afirmou, à época.

O ministro determinou a anulação das decisões tomadas pela Lava Jato, mas permitiu que a Justiça Eleitoral analisasse atos instrutórios, ou seja, providências tomadas na investigação e no processo que não tratassem do mérito do caso.

Decisão da Justiça Eleitoral

Com o processo encaminhado à Justiça Eleitoral, o tema foi enviado para análise do Ministério Público Eleitoral, que deu o aval para que a ação penal prosseguisse.

Ao apresentar nova denúncia à Justiça Eleitoral, o MP Eleitoral chegou a apontar a possível prática de caixa 2, crime eleitoral. Mas, entendeu que houve prescrição neste ponto, ou seja, já havia esgotado o prazo de punição. Apesar disso, ressaltou que a prescrição nos delitos eleitorais não impede a manutenção do caso na Justiça Eleitoral.

O MP Eleitoral também pediu para retirar elementos de prova que foram invalidados pelo Supremo Tribunal Federal — dentre eles, o material obtido com o acordo de leniência da Odebrecht.

Os procuradores destacaram que estas informações não foram usadas na nova denúncia.

Também pediram a validação de atos processuais feitos a Justiça Eleitoral, seguindo as linhas da decisão do ministro Ricardo Lewandowski – medidas de busca e apreensão, colaboração premiada e quebras de sigilo.

A decisão pela abertura da ação penal foi da juíza Rejane Zenir Jungbluth Suxberger. Ela considerou que o crime de caixa dois estava prescrito, mas entendeu que a competência da Justiça Eleitoral permanece para os demais casos. Ela mandou retirar, do processo, o material relativo aos elementos de prova obtidos no acordo de leniência com a Odebrecht. E validou parte dos atos processuais realizados pela Justiça Federal.

O que dizem as defesas dos investigados

 

  • Marcelo Odebrecht

A defesa de Marcelo Odebrecht afirmou que “a inclusão de Marcelo Odebrecht na referida ação não passa de equívoco porque o Supremo Tribunal Federal anulou todas as investigações e processos instaurados contra ele no âmbito da Operação Lava Jato, de onde provém o material que gerou essa ação instaurada pela Justiça Eleitoral de Brasília.”

  • Renato Duque

A defesa de Renato Duque declarou que a ação penal “foi inaugurada em 2018, pela Força-Tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba, mas restou anulada pela Suprema Corte em decorrência de diversos vícios atribuíveis às autoridades responsáveis pela persecução penal.”

G1

Bolsonaro ‘liderando’, Lula e Moraes monitorados e tanques: entenda o relatório da PF em seis pontos

Polícia Federal – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

relatório da Polícia Federal (PF) do inquérito traz seis pontos principais sobre a apuração da trama golpista para evitar a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tendo como foco principal a liderança do ex-presidente Jair Bolsonaro em toda trama.

O conteúdo total da investigação ficou público na terça-feira após o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre Moraes enviar apuração com 884 páginas para a Procuradoria-Geral da República (PGR). Ao todo, 37 pessoas foram indiciadas.

Veja os principais pontos:

Bolsonaro ‘planejou e atuou’
A PF apontou que o ex-presidente “planejou, atuou e teve domínio de forma direta e efetiva” de um plano de golpe de Estado para mantê-lo no poder no fim de 2022. Segundo a PF, os “atos executórios” realizados por um grupo “liderado” por Bolsonaro tinham o objetivo de abolir o Estado democrático de direito — “fato que não se consumou em razão de circunstâncias alheias à vontade de Bolsonaro”, segundo relatório.

“Os elementos de prova obtidos ao longo da investigação demonstram de forma inequívoca que o então presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, planejou, atuou e teve o domínio de forma direta e efetiva dos atos executórios realizados pela organização criminosa que objetivava a concretização de um Golpe de Estado e da Abolição do Estado Democrático de Direito”, diz o relatório, cujo sigilo foi retirado hoje.

‘Kids pretos’ desistem de plano
Plano para matar Moraes foi abortado após não adesão de Exército ao golpe:O plano para matar o ministro no dia 15 de dezembro de 2022 foi cancelado após a cúpula do Exército se negar a aderir à tentativa de golpe.

Kids pretos – Foto: Exército Brasileiro/divulgação

“Apesar de todas as pressões realizadas, o general Freire Gomes e a maioria do alto comando do Exército mantiveram a posição institucional, não aderindo ao golpe de Estado. Tal fato não gerou confiança suficiente para o grupo criminoso avançar na consumação do ato final e, por isso, o então presidente da República Jair Bolsonaro, apesar de estar com o decreto pronto, não o assinou. Com isso, a ação clandestina para prender/executar ministro Alexandre de Moraes foi abortada”, diz o relatório.

Lula monitorado
Os “kids pretos”, encarregados do plano que previa os assassinatos de Moraes, do presidente Lula e do vice Geraldo Alckmin monitoraram Lula, então presidente eleito, por dois meses após as eleições de outubro de 2022.

De acordo com a PF, o monitoramento foi iniciado em meados de novembro de 2022, com equipes formadas por militares das Forças Especiais (FE) do Exército que acompanhavam o itinerário de Lula e do ministro Alexandre de Moraes, inclusive com o emprego de recursos do Batalhão de Ações e Comando-BAC da Força.

Tanques da Marinha
Uma mensagem encaminhada para o tenente-coronel Mauro Cid afirma que ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos era “patriota” e tinha “tanques no arsenal prontos”. Para a Polícia Federal (PF), o diálogo reforça a adesão de Garnier ao planejamento de um golpe de Estado.

A conversa foi encaminhada a Cid pelo tenente-coronel da reserva Sergio Cavaliere. O relato sobre Garnier foi feito a Cavaliere por um contato cadastrado como “Riva”, que não foi identificado pela PF. “O Alte Garnier é PATRIOTA. Tinham tanques no Arsenal prontos”, escreveu ele.

Plano de fuga
O ex-presidente saiu do Brasil rumo aos Estados Unidos em dezembro de 2022 para evitar uma eventual prisão, segundo a Polícia Federal. A investigação encontrou no computador do tenente-coronel um plano de fuga criado em 2021 e que, segundo a corporação, foi colocado em prática no fim de 2022.

“Apesar de não empregado no ano de 2021, o plano de fuga foi adaptado e utilizado no final do ano de 2022, quando a organização criminosa não obteve êxito na consumação do golpe de Estado. Conforme será descrito nos próximos tópicos, Jair Bolsonaro, após não conseguir o apoio das Forças Armadas para consumar a ruptura institucional, saiu do país para evitar uma possível prisão e aguardar o desfecho dos atos golpistas do dia 08 de janeiro de 2023 ( “festa da Selma”)”, escreveu a PF.

Urnas levadas para perícia
Um diálogo entre Carlos Rocha, do Instituto Voto Legal (IVL), que foi um dos 37 indiciados pela PF, e Éder Balbino, que prestava serviços para o instituto, mostra a intenção de apreender as urnas após as eleições.

No dia 19 de novembro de 2022, Carlos Rocha diz: “Há um plano para apreensão de urnas para perícia forense. A regra de construção é selecionar urnas de todos os modelos com erros relevantes (System run error, Alsa Player, outros), em todas as UFs. Vamos montar uma lista com até 100 urnas.

Folha de Pernambuco